Capítulo 15

126 20 15
                                    

HELENA WEINBERG

Quando acordei Clara não estava ao meu lado, mas pelo barulho do chuveiro, deduzi que estava no banho.
Sentia uma felicidade que não cabia no peito, estragado por um sentimento de que essa alegria toda tem prazo.
Me espreguicei, percebendo que ainda estava nua. Sorri de lado. Afundei meu rosto no travesseiro que a Clara havia dormido e ainda tinha um cheiro dela. Mas aquela falsa sensação de paz durou pouco, arregalei os olhos quando alguém bateu na porta.

-Helena? _escutei a voz da Mari -abre aqui _pediu dando batidas na porta. Me levantei atrapalhadamente, coloquei minha roupa em uma rapidez que até eu fiquei surpresa. Abri a porta e dei de cara com a minha amiga que tinha um sorriso de lado -Trancou por que? Tava fazendo o que, dona Helena? _perguntou entrando. Antes que eu respondesse algo, Clara saiu do banheiro com uma toalha enrolada no corpo. Mari arregalou os olhos -meu Deus, vocês enfim se pegaram _a mulher comemorou como uma criança que havia acabado de ganhar um presente que queria muito.

-você vai matar nós duas de vergonha _briguei com ela.

-que safadeza, Nena... quando eu te conheci, você não era assim _brincou fingindo surpresa.

-sai daqui _falei empurrando ela para fora.

-pera aí, quero tomar ba..._parou de falar quando ouvimos duas batidas na porta.

-Helena, Mari? É a Elis _a mulher falou do lado de fora. Nós três arregalamos os olhos.

-vamos fazer o que? _minha amiga perguntou.

-vão as duas para o banheiro, liguem o chuveiro e façam silêncio! _mandei e elas não demoraram de ir. Me ajeitei rapidamente, como pude, e abri a porta, colocando o melhor sorriso no rosto -bom dia, Elis. Tudo bem? _perguntei abrindo espaço para ela entrar, e assim a mulher o fez.

-bom dia. Tudo sim, querida! Só vim aqui chamar vocês para o café da manhã, a pedido da Alana.

-ah, a Mari está no banho. Mas assim que nos arrumarmos, a gente desce.

-está bem _sorriu docemente -querida, não viu a Clara, viu?

-a Clara? não _me fiz de desentendida.

-ela não está em canto nenhum e ninguém viu ela _fez uma careta -não tenho ideia de onde se meteu.

-Lumiar não viu ela?

-não. Clara não estava lá quando ela acordou.

-bom, uma hora ela aparece _sorri forçado.

-esperamos que sim. Vou deixar você em paz...

-imagina _a mulher acenou e se retirou do quarto. Eu tranquei a porta e vi as duas saírem do banheiro.

-e agora, Helena?

-eu não sei, inventa uma desculpa _dei de ombros. Me sentei na cama e coloquei a mão na testa.

-mentiu pra sogrona, lamentável _Mari me provocou.

-você não ia tomar banho, Mariana?

-e vou.

-então, vai logo! E não demora pra ela não achar estranho a demora _a mulher foi para o banheiro desfilando, só para me irrita.

-vocês tem quantos anos? Seis?

-eu tenho oito, mas como não comi muito feijão, não cresci e pareço ter seis_minha amiga respondeu fazendo cara de inocente e entrou no banheiro.

-criança, uma hora ela cresce _brinquei.

-vou escondida colocar uma roupa de academia e falar que fui correr _falou gesticulando com a mão.

Dependente - ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora