Capítulo 33

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HELENA WEINBERG

No dia seguinte do almoço na casa dos Albuquerque, atendi três alunos na parte da manhã e fui encontrar meu pai e meu irmão na praia faltando pouco para o horário do almoço.

-chegou quem faltava _o homem falou sorrindo -pensamos que no ia vir mais _meu pai brincou.

-tive que atender mais um aluno que pediu de última hora pra eu atender ele mais cedo _falei tirando o vestido, ficando apenas de biquíni, que eu havia colocado no banheiro da academia.

-Helena, eu tomei um caixote que você não tá entendendo! Acho que foi o karma por eu ter contado sobre o seu pra Clara. A porra da onda me puxou com tanta força que eu quase fiquei pelado _contou e eu gargalhei imaginando -voltei pra cá com areia até nos lugares indevidos, perguntei pro pai se ele tinha visto ele só falou "no, tava no telefone com uma amiga".

-hum... essa amiga seria a Sarah?

-que Sarah? _Nic perguntou confuso.

-a amiga dele que chama ele de Mat.

-igual chá Mate, gente? _Dominic fez uma careta e eu ri dando um tapa nele.

-vocês me perturbam con esto _papai revirou os olhos.

-conta pra gente, era ela?

-era.

-e vocês estão namorando?

-conta pra gente, papito _falei dando um beijo na bochecha dele, senti a pele salgada pela água do mar.

-no tô namorando!

-tão de rolo? _Dominic insistiu e ele revirou os olhos novamente, sua pele estava extremamente vermelha e não era por causa do sol.

-tá namorando, Dominic? _o mais velho perguntou e eu ri.

-eu não tô não, Helena deveria fazer igual eu, quis assumir, agora tá aí passando sufoco com sogro _brincou e eu revirei os olhos.

-tá passando sufoco con o Mauro? _meu pai perguntou confuso.

-é... só... ele não aceitou bem o namoro com a Clara.

-i daí? No fue ele quien foi pedido en namoro pra aceitar alguna cosa! A hija dele magoou a mía e no trato mal ela _percebi que ele estava nervoso quando tentava continuar falando em português mas se confundia um pouco -o que ele fez? Eu vou ter una conversa com esse hijo de puta _ele falou irritado, olhei para Dominic em desespero.

-papito, assim vai piorar tudo. A Elis já conversou com ele e até agora tá tudo bem, se acontecer algo, eu ligo pra você na hora, mas agora não faz nada, tá? _pedi abraçando ele que me abraçou de volta.

-conta a novidade pra ela, pai _Nic falou tentando mudar de assunto.

-eu tô pensando en morar aqui no Rio _ele contou me pegando de surpresa.

-seria maravilhoso, pai!!

-eu sei, no tem razão de eu ficar lá se minha família tá aqui _deu de ombros -vou continuar con o restaurante lá mas vou abrir um aqui también, vez ou outra posso viajar pra São Paulo pra ver como tá as cosas, e é isso. Mas vai levar um tiempo, visitei um possível local e gostei bastante do espaço, vai precisar de umas reformas, acho que vai ficar...

-do caralho _Dominic completou animado -vou comer fora e de graça todo dia _fez uma dancinha de comemoração e eu ri.

-tá achando que é bagunça, Nico?

-pai, eu não poderia estar mais feliz _falei abraçando ele, em um movimento rápido, ele me pegou no colo e correu para a água como fazia quando eu era criança. Eu gargalhava pedindo para ele me por no chão e o Dominic gritava, sua voz cada vez mais distante, incentivando nosso pai. Ele me jogou no mar quando a água já batia em sua cintura, quando voltei para a superfície, joguei água em seu rosto, tendo a mesma reação de anos. Meu pai iria morar perto de mim novamente, e essa felicidade não cabia no meu peito e transbordava como gargalhada.

Dependente - ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora