Capítulo 3

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HELENA WEINBERG

Saímos do banheiro uns minutos depois, enrolei Alana o quanto consegui mas a menina não era fácil. Chegando lá, percebi que Clara parecia ainda mais nervosa. Terminamos de comer rapidamente e voltamos para a empresa. Alana foi para casa junto com o Mauro, Clara havia mandado a menina ir e ponto, não houve discussão.

Na empresa, não conversamos muito, mas em compensação, trabalhamos demasiadamente.
Clara parecia ter passado a tarde inteira se controlando para não chorar. As vezes seus olhos enchiam de lágrimas, ela olhava para cima para não derramá-las e eu fingia não ver, afinal não parecia a vontade para falar de seus sentimentos comigo.

-nossa, tá tarde _falou vendo o horário no celular -você já podia ter ido embora a horas atrás...

-preferi terminar tudo hoje _me alonguei com o olhar dela em mim, mas desviou quando seu celular tocou.

-oi, Rafa... já vou sair daqui. É, eu esqueci o horário. Tudo bem, já sei! Passa pra ela _a loira suspirou -oi, meu amor. Sim, ja estou indo. Você e seu irmão já jantaram? Então, vão comer. Não precisa me esperar, acho que vou demorar um pouco. Sim, a Helena está comigo _ela me olhou brevemente -tá bom, vou desligar, beijo _ alguns segundos depois, ela desligou e colocou o celular na bolsa.

-está de carro?

-hoje não, pode ir, vou pedir um uber.

-não, eu te levo!

-não precisa...

-vamos logo, a madame mais conhecida como dona Alana, falou que não era pra eu demorar.

-certo!

Fomos até o carro dela e lá ela me pediu para colocar o endereço no GPS, assim eu fiz. Seguimos em silêncio até chegar na entrada do condomínio do meu apartamento.

-boa noite, seu Pedro _falei educadamente.

-boa noite, dona Helena _sorriu liberando nossa entrada.

-nossa, você mora aqui? _perguntou dirigindo pelo condomínio enquanto eu indicava o caminho, logo arregalou os olhos e ficou envergonhada -desculpa, fui sem noção. 

-imagina... achou que por eu ser secretária não teria condições pra pagar isso aqui?

-na verdade, talvez tenha achado _deu risada e eu acompanhei.

-achou certo _voltamos a rir -é do meu pai, tô morando aqui temporariamente, até ter o meu. É nesse _olhei para ela sem saber como me despedir -então... obrigada!

-por nada, e Helena? Me desculpa por hoje...

-o que teve hoje?

-o show que aconteceu quando o Théo apareceu, você sabe... _suspirou apertando o volante.

-ah, não foi culpa sua. Ele que é um idiota sem noção _dei de ombros e vi ela sorrir de canto.

-muito idiota sem noção!

-eu vou indo, manda um beijo pra Alana.

-mando sim _saí do carro e caminhei até o prédio alto, olhei para trás e vi que ela ainda me olhava, acenei e a mulher de cabelo loiro escuro espelhou meu gesto, entrei a deixando para trás.

No dia seguinte, encontrei a Clara no elevador de novo, mas dessa vez sem a filha. Ela estava linda, vestia um terninho verde que me fez ofegar.  Como ela consegue ser linda e arrogante na mesma proporção?

-bom dia _sorri para ela que sorriu sem mostrar os dentes.

-bom dia _respondeu com o tom de voz neutro.

Dependente - ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora