Capítulo 26

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HELENA WEINBERG

Acordei com o despertador do celular da Clara. Ainda sem abrir os olhos, tateei o outro lado da cama, a procura da mulher e envolvi seu corpo em um abraço. Eu enterrei meu rosto no pescoço da modelo, sentindo seu cheiro delicioso. Eu adoraria acordar todos os dias com ela do meu lado.

-bom dia _ela sussurrou desligando o despertador e me abraçando de volta.

-bom dia, namorada _falei no mesmo tom que ela e a mesma riu boba -é melhor eu me levantar para me arrumar no outro quarto, não seria nada bom se a Alana visse essa cena.

-é, não seria _sorriu sem mostrar os dentes -mas tá tão bom aqui _me abraçou mais forte e eu soltei uma risada.

-não, Clara _me afastei dela, deixei um selinho em seus lábios e me levantei da cama. Estava nua, a loira me olhou de cima a baixo com um sorriso travesso no rosto e ficou me observando enquanto eu me vestia -não vai se levantar? _perguntei. De repente seu semblante se tornou sério -o que foi? _ela se sentou, cobrindo seu corpo com a coberta.

-eu estava pensando na nossa conversa...

-e? _me sentei ao lado ela.

-e se você concordar, eu gostaria de falar sobre nosso namoro pra Alana o quanto antes _disse meio insegura. Segurei suas mãos, esperando que a mulher terminasse de falar -é porque eu queria contar antes dos meus pais voltarem, porquê...

-porque ela pode não reagir bem, e seus pais acabariam sabendo por ela _tentei ajuda-la.

-isso. Eu queria contar com calma.

-certo, por mim quanto antes melhor _sorri nervosa, pensando em como seria. Deixei um selinho nos lábios da minha namorada -não gosto de mentir pra ela, sei que você também não gosta, vai ser bom contar logo.

-ela vai entender, não vai?

-sim, talvez fique chateada, mas vai entender. Vou... _apontei para a porta.

-tá, vou me arrumar também _roubei outro selinho dela e saí do quarto com um sorriso divertido no rosto.

Fui até o quarto de hóspedes tomando cuidado para não fazer barulho, quando cheguei pude respirar aliviada por não ter sido pega no flagra. Me arrumei para acompanhar a Clara e coloquei uma roupa casual que, por sorte, havia na minha bolsa.

Estava feliz. Quando acordei no dia de ontem, não imaginei que estaria aqui, na frente do espelho da casa da Clara, conferindo se não falta nada, depois de passar uma noite maravilhosa ao lado da minha namorada. Uma vez eu falei que estar ao lado da Clara era como estar em uma montanha-russa, agora estávamos no alto, não sabia quanto tempo duraria pela reação da Alana e do pai dela, que cá entre nós, me detesta. Não sei se a Clara aguentaria firme ao meu lado ou se iria embora na primeira dificuldade, mas tento acreditar que ela ficaria comigo independente de qualquer coisa, que resolveríamos juntas.

Eu peguei minha bolsa e fui em direção ao quarto da Clara ver se ela estava pronta e para aproveitar pra roubar uns beijos dela. Bati na porta e ela falou para eu entrar. Entrei me deparando com a Alana deitada na cama com um semblante nada bom.

-bom dia, tudo bem por aqui?

-tudo, só a dona Alana que está tendo dificuldade pra entender que não é uma boa ideia o Caetano e a Catarina virem pra cá sem nenhum adulto pra ficar cuidando deles.

-mas tem as moças que trabalham aqui!

-sim, minha filha _ela falava impaciente -mas acontece que elas tem que fazer o trabalho delas. Uma coisa é darem uma olhadinha em você que fica sentada ou deitada por causa do pé, outra muito diferente é ficarem atrás da Cata que não para _parou de olhar para a filha e voltou sua atenção para o espelho, passando um pincel em sua bochecha.

Dependente - ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora