14. Movimento Inesperado (3308k)

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14 – Movimento Inesperado


Meg


Permaneci sentada no piso do convés da embarcação, o mais perto possível para que vislumbrasse a água e, na medida em que o iate avançava, divertia-me com o balanço sutil já que as ondas não estavam intensas ao extremo, fato um tanto incomum para nossa cidade, de águas sempre agitadas.

Tentava buscar a calma necessária depois de ter ido à base e de ter me irritado por conta da discussão com a cabo Álvarez, porque não precisava deixar que o que tinha sido falado por ela me afetasse. Entretanto, como meus familiares foram citados, uma leve sensação de culpa se insinuou, junto ao questionamento que não pretendia me fazer tão cedo: eu conseguiria perdoar Abby ou não?

Tratava-se de um assunto bastante complexo para que eu pudesse chegar a uma conclusão em tão pouco tempo de reflexão, porque embora reconhecesse que ela se esforçava para se tornar confiável, tínhamos um longo caminho a percorrer até que Robinson fosse merecedora do perdão, caso realmente ela buscasse isso.

— Não quer vir até a cabine de comando comigo?

Escutei o sussurro rouco que aos poucos se tornava familiar e, quando olhei para ela, percebi que tinha se sentado ao meu lado para que conversássemos. De imediato a noite anterior veio à minha mente uma vez mais, o que me deixou um tanto envergonhada. Entretanto, mesmo assim, levantei-me e a acompanhei ao local ainda em silêncio.

— Você parece irritada. — Ela comentou cautelosa, o que me fez rir antes que eu olhasse para o céu, enquanto nós adentrávamos a cabine.

— Como sabe disso?

— Passe dois anos sendo inimiga de alguém, que existe uma coisa em especial que você vai identificar de imediato: quando essa pessoa tá irritada.

Soltei um riso contido. — Bem, pelo que sei nós não somos mais inimigas, ao menos não declaradamente.

— Tudo por uma questão de contingência. Imagino que você deva me querer morta ainda, especialmente pelo que fiz ao seu irmão e a sua mãe.

— Assim como você deve pensar o mesmo a meu respeito, por causa do ocorrido com Ronald e com seus pais. — Retruquei.

— Não.

— Não? — Encarei a mulher mais alta com visível assombro. — Como assim, "não"?

— Respondendo racionalmente... Você não assassinou meu irmão e, quando ordenou que meus pais fossem mortos eles já estavam infectados, não tinha nada a ser feito que pudesse salvá-los, então minha resposta é não, por mais que eu sinta falta deles.

— Você confia tanto assim em mim, que sequer suspeita que eu tenha participado do ocorrido com Ronald?

Ela assentiu sem hesitar. — Você não investigaria a morte de alguém caso tivesse alguma responsabilidade. Além do mais, tem um motivo muito forte que me faz crer que você não encostou um só dedo nele.

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