52. Trauma

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Capítulo 52 – Trauma


Abby


Havia decorrido três dias desde que Bethany chegou ao nosso grupo e, como Meg e eu prometemos a ela que a deixaríamos em um lugar seguro a fim de que não fosse encontrada pelos Campbell, nós duas a levamos até Gainesville em nosso iate. Também designamos um grupo de oito soldados para que se mantivessem de guarda a proteger nossos civis.

Butler e eu elaboramos um cronograma que deveria ser rigorosamente cumprido para que zelassem pela segurança dos idosos e das crianças que estavam no local, porque a última coisa de que precisávamos era que nosso povo fosse vitimado por conta da guerra que, aos poucos, tomava Crandon Park Beach.

No entanto, a sargento e eu imaginávamos que os integrantes da facção adversária tentariam nos expulsar da localidade em que nossos soldados e nós duas estávamos em represália a nossa posição, o que, de fato, não aconteceu. Os inimigos se limitavam a ataques furtivos, quase sempre nos surpreendendo ao lançar artefatos para fazer tombar nossos homens e mulheres, pegando-os desprevenidos ou, então, atiravam com armas de grosso calibre a uma boa distância durante a noite, para atrair hordas de contaminados a nos emboscar de modo incessante ao longo das últimas madrugadas, o que dificultou que tivéssemos noites tranquilas e reparadoras de sono.

Mas se a tática deles era essa – atacar sem se mostrar –, a minha seria mais letal. Porque nós tínhamos 50 soldados feridos na enfermaria superlotada, o que os doutores Foster e eu considerávamos um número alarmante. Por esse motivo, Meg e eu concordamos que seria um ótimo momento para um recuo estratégico a fim de confundi-los.

Ela se propôs, então, a ir até Cocoa Beach juntamente com Garcia e com o senhor Arthur Gallagher, que seriam acompanhados por um contingente de 12 soldados, a fim de procurar pelos doutores Campbell para que dialogassem uma suposta trégua, ao mesmo tempo em que eu dispunha de toda liberdade para agir, já que havia me recuperado, pelo menos parcialmente, dos ferimentos da última luta que tive contra Mia.

Foi então que ordenei a um destacamento de 20 homens e mulheres que procurasse pelas redondezas por qualquer sinal de um acampamento inimigo desde o amanhecer, porque não seria lógico que eles viessem nos atacar e que depois voltassem para Orlando ou até mesmo para Cocoa Beach. E, a partir da resposta que eu obtivesse, traçaria um plano eficaz para matá-los.

Afinal de contas, antes de eu precisar atirar em Molly Morgan, ela me entregou as chaves de um lugar em que havia diversas armas e artefatos organizados por ela. Eu ainda não tinha feito uso de todo o arsenal de que dispúnhamos, apenas carregava comigo as chaves do local, dentro de minha bota. Naquela manhã, contudo, eu tinha em uma das mochilas uma carga suficientemente grande de explosivos, que eu entregaria a um dos nossos soldados que, infelizmente, foi mordido na noite anterior. Bastava que eu soubesse onde, exatamente, os inimigos dormiam e acampavam.

O rapaz de nome Peter e eu estávamos em frente à área costeira a aguardar o contato do destacamento que vasculhava as casas próximas. Eu sabia que a mordida no pulso dele o tinha afetado bastante, mas ainda não era o suficiente para comprometer seus sentidos e seu raciocínio. De qualquer maneira, se eu realmente pretendesse pegar os adversários desprevenidos tínhamos de encontrá-los rápido, sob pena de toda minha estratégia dar errado.

— Temos a localização exata, senhora. Câmbio.

Escutei a voz de Aaron em meu radiocomunicador e me apressei para soltar o objeto da alça da mochila em que as bombas estavam. — Basta dizer. Câmbio.

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