51. Família

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Capítulo 51 – Família


Meg


Eu não tinha demorado a chegar à enfermaria após me despedir de Robinson. Robert e Emily já estavam lá como de costume, mesmo que fosse bastante cedo, prontos para mais um dia de trabalho. Ele sairia para visitar um soldado que se sentia indisposto, enquanto a irmã dele permaneceria no local para me reavaliar.

Depois que a médica me cumprimentou com um leve aceno, eu larguei minha mochila a um canto de um dos amplos cômodos, ao mesmo tempo em que ela acendia uma lanterna. Em seguida a mexeu devagar em frente ao meu rosto pedindo que eu acompanhasse a luz com os olhos, o que fiz sem nenhuma dificuldade. Por fim, ela se aproximou para examinar a cor do hematoma, já que meu cabelo precisou ser raspado quase que por completo por conta de uma melhor visualização da extensão da lesão.

— Ainda tá roxo... Muito escuro mesmo... O aspecto parece realmente assustador. Mas eu considero isso algo normal, porque você recebeu uma pancada muito forte de um objeto rígido, talvez um ferro ou algo semelhante.

— Nem me fale... Aquela garota sabe bater e muito bem... Merda.

— Então... Realmente foi uma garota que atingiu você?

— Sim. Pelo que Abby me contou, o nome dessa jovem é Mia ou algo parecido. Além do mais... Homens não têm seios volumosos... — Eu resmunguei.

— Espere só um pouco... Essa foi a forma que você encontrou de verificar se a pessoa que acertou você era uma mulher ou um homem? — A doutora Foster ergueu uma sobrancelha.

— O que eu poderia ter feito? Não me julgue, por favor. Eu tava caindo por conta da porrada que levei... Então em um ato reflexo, tive a ideia de levantar a mão e de tocar a primeira coisa que eu conseguisse alcançar durante a queda, até mesmo pra identificar minha agressora.

— E o que você alcançou foram os seios dela, naturalmente. — Emily teve de rir com a conclusão.

— Exatamente isso. Você não me diga nada, por favor, porque Abby já fez algumas piadas a respeito disso.

— Certo... Tudo bem, eu não vou falar coisa alguma. — Ela ergueu as mãos em um sinal de rendição. — Mas que é engraçado... Ah isso é. — E tornou a rir antes de voltar ao assunto que conversávamos. — Agora me diga... Você ainda sente muita dor na cabeça?

— Sim. Mas pelo menos não tive enjoo e nem tontura no decorrer da noite.

— Isso é ótimo. Eu vou liberar você pro trabalho... Mas vai ser parcialmente. Não poderá ir a missões de campo pelo menos por hoje, certo? Nada de combates nem de emoções fortes.

— Tudo bem... Entendi. — Eu resmunguei, um tanto exasperada por não poder realizar minhas tarefas na íntegra, porque tudo que eu gostaria era de ir até onde Abigail e os soldados que a acompanharam estavam para que eu pudesse auxiliá-los. — Pelo menos posso conversar com meu tio, não é?

— Se isso não for estressar você demais... É claro que pode.

Eu assenti enquanto ficava de pé. — Tudo vai depender das respostas que ele vai me dar, então me deseje sorte. — Comentei em tom misterioso, antes de seguir para a sala ao lado.

— Fique tranquila, a sorte nunca abandonou você, sargento. — Emily comentou descontraidamente, o que me fez sorrir.

Eu dei um riso leve em resposta e adentrei o cômodo adjacente em que sabia que ele estava, confortavelmente deitado em uma maca a ler um livro qualquer. Permaneci quieta a observar as paredes brancas do lugar, enquanto aguardava que ele notasse minha presença.

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