11. Compasso de Espera (2943k)

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11 – Compasso de Espera


Meg


A contenda havia sido bastante sangrenta. Nada me fazia crer que seria diferente, porque principalmente eu não demonstrava nenhum interesse em ter outro grupo na cidade, muito menos um que acabasse por nos escravizar. Porém, jamais imaginava que ela aprisionaria pessoas contaminadas para atacar nossos inimigos.

Certa ocasião a mesma estratégia tinha sido usada contra nós e por pouco meus parceiros de grupo e eu não havíamos perdido a base para os Tigers. No entanto, os tempos eram outros agora. Ao menos havíamos feito uma aliança temporária, tínhamos uma trégua oficial e, depois que nos livrássemos da ameaça que se apresentava, muito provavelmente veríamos o que faríamos, o que restaria da confiança mútua que começava a se desenvolver.

Porque por mais que tivesse sentimentos conflitantes ao vê-la matar inimigos com tamanha frieza, sabia que aquela postura era necessária caso quiséssemos vencer. E se havia alguém que possuía coragem necessária para fazer o suficiente, essa pessoa era Mary Abigail Robinson.

Entretanto, quando por vezes em meio à batalha me voltava para encará-la, não conseguia deixar de vislumbrar a mulher fria e calculista que assassinou meus pais e meu irmão. E quando pensava nisso, o ódio que sentia por ela voltava com toda força. Tinha de me concentrar e de manter o equilíbrio necessário para prosseguir, para não matá-la ali mesmo, até porque me vingar não traria meus familiares de volta e, além do mais, se fizesse algo contra ela, jamais a garota saberia quem realmente havia tirado a vida de Ronald Robinson.

A batalha tinha durado cerca de meia hora, talvez um pouco mais, não saberia precisar exatamente. Eu estava bem, exceto por uma coronhada que quase me fez desmaiar e, não somente por conta disso, necessitava de um tempo para respirar, para colocar meus pensamentos em ordem.

Sentia-me grata à Abby, porque aquele homem me mataria ou me daria muito trabalho ao obter vantagem quando me acertou. Ela o matou com semelhante frieza, olhos abertos, atentos, calculistas e meticolosamente focados no corpo do inimigo que tombava aos meus pés.

Eu conseguia observar os músculos dela, perfeitamente delineados por baixo do tecido da jaqueta que trajava, ao fazer o movimento para esfaquear o integrante dos Fighters na nuca com toda força em um único golpe e, assim que assassinou o inimigo que tinha me atingido, ela puxou o objeto cortante do cadáver ainda fresco e partiu para cima de outro oponente sem sequer recobrar o fôlego – até porque não parecia desgastada –, matando-o com facadas igualmente precisas.

Eu tentava acompanhar os movimentos dela em meio à contenda, porque pretendia analisar se ao menos alguma característica da mulher gentil que conheci havia permanecido depois do surto, porém não consegui concluir absolutamente nada, não em meio ao combate. Até porque, ao imaginá-la assassinar meus pais e meu irmão da maneira que foi, o ódio sempre retornava, mesmo que fizesse meu máximo para contê-lo.

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