15. Arrependimento (2600k)

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15 – Arrependimento


Abby


Uma das coisas de que mais gostava depois que tínhamos nossos momentos de sexo intenso era o modo relaxado com que Meg se portava. Isso se devia, em grande parte, ao cansaço que ela sentia por conta dos dias tensos que compartilhávamos, aliado ao momentâneo esvaziamento da sensação quase permanente de ressentimento que a dominava quando convivíamos por muitas horas, exatamente porque transar a deixava menos irritadiça.

Por esse motivo, não me importei em deixá-la deitada na minha cama já que ela havia adormecido, vesti-me um tanto apressada e retornei ao convés para que pudesse voltar a guiar a embarcação. O sol começava a se pôr e, caso não quisesse navegar durante a noite, precisaria ser ágil o bastante em minha tarefa.

Por mais que gostasse de estar com a sargento Butler – e definitivamente eu gostava e muito –, também me sentia culpada, especialmente depois que nós terminávamos o que fazíamos. Mas a sensação de aperto em meu peito não era por conta do fato de que o sexo era casual e intenso; nós éramos adultas o suficiente para decidir a respeito, e não a estava forçando a absolutamente nada quando quem avançava de modo faminto e dominador era ela.

Tamanha culpa se devia a cada vida que tirei sem nenhuma justificativa até aqui. Seria isso que as pessoas chamavam de arrependimento? Será que elas se sentiam assim, como se carregassem um peso enorme nos ombros, ao se lembrar das inúmeras vidas que tinham tirado sem que fosse preciso? Eu não sabia explicar, porque jamais havia experimentado aquela tristeza aliada com um desejo intenso de pedir perdão à Meg pelo que eu tinha feito, mesmo que houvesse justificativa para alguns de meus atos.

Apertei o timão da embarcação com alguma força com apenas uma mão e respirei fundo ao retirar de minha mochila o meu radiocomunicador. Afinal de contas, tinha de contatar meus assessores para obter informações de como estava a situação em Galveston.

— Estão na escuta, Tigers?

— Abby! É Soph... Que bom ouvir sua voz, mulher! — Ela parecia apreensiva, mas ligeiramente esperançosa por me escutar.

— Aconteceu alguma coisa? — Indaguei, de forma ansiosa para saber se os homens e mulheres sob meu comando estavam seguros.

— Não, por aqui tudo certo. Já cremamos os cadáveres dos nossos companheiros mortos em batalha. Estamos recuperando os feridos e até agora não fomos atacados novamente. Eu mandei um sexteto de soldados averiguar o entorno, mas eles reportaram que não avistaram nenhum inimigo humano até a entrada da cidade. — Atualizou-me. — Aaron fez contato conosco e disse que vocês deixaram Crystal Beach há três horas... Por isso fiquei preocupada, porque não tinha notícias suas nem da sargento.

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