58. Resistir e Sobreviver

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Capítulo 58 – Resistir e Sobreviver


Meg


Na medida em que eu corria, após sair da lancha tão logo a ancorei, mais sentia meus batimentos dispararem. No entanto, não era por cansaço, mas sim era por excesso de adrenalina. Afinal de contas, a mulher que eu tanto amava estava na base militar a auxiliar os soldados no combate contra os infectados, o que me fez concluir que alguém tinha esperado o momento certo para avisar Mia Campbell que eu não me encontrava no prédio para trazer os contaminados, a fim de nos atacar e de diminuir nossas tropas.

Apesar dessas várias reflexões estarem a passar por minha mente de modo veloz, tudo que eu precisava era de serenidade porque caso contrário me precipitaria ao tentar desvendar quem teve a coragem de nos entregar para a mulher de pele escura. Eu tinha absoluta certeza de que não fora Garcia, tampouco os irmãos Brown. Eles eram pessoas de minha inteira confiança e não havia nada em seus comportamentos que os tornassem suspeitos. Por algum momento cheguei a cogitar que pudesse ser meu tio, entretanto, como ele tinha permanecido com Adrian na usina hidrelétrica, eu prontamente o descartei como provável traidor. Não. Tratava-se de alguém que havia aberto a porta da base para que os malditos infectados pudessem adentrá-la.

Ao mesmo tempo em que me aproximava, podia escutar com clareza os insanos gritos dos errantes a perambularem, espalhados pela rua e pelo prédio à minha frente. Eu não sabia dizer ao certo quantos eram, mas ao dar uma rápida olhada estimei que havia mais de 50, talvez uma centena deles. Sem demora alvejei o primeiro inimigo que estava às portas da base, prestes a morder Scott ao derrubá-lo ferozmente ao chão.

— Ei, tio, tá tudo bem com o senhor? — Estendi-lhe a mão em auxílio.

— Sim. Muito obrigado, Meg. Eu tava na usina com o sargento Garcia quando recebemos o chamado...

— Eu sei disso, mas agora o senhor precisa se afastar, porque tá desarmado e eu não quero que se machuque. Eu tenho que entrar pra ajudar a expulsar essas merdas daqui... — Falei, ao olhar ao redor e prosseguir com um questionamento: — Por que ninguém ligou as luzes? Facilitaria bastante nossa missão.

— Porque os geradores foram desligados. — Ele respondeu, ao ficar de pé. — Abigail foi à sala de controle pra religá-los e informou via radiocomunicador que alguém colocou quase todo o combustível em um galão.

Bufei de irritação e assenti, ao passo que Scott, junto a diversos soldados incluindo os irmãos Brown, Ally, Matt, Patrick e Katherine, atinham-se a fazer um cordão de isolamento em frente à base militar, no intuito de impedir que mais contaminados a adentrassem, já que havia diversos inimigos com sede de sangue do lado de fora.

Então, aniquilei alguns deles que se interpuseram em meu caminho antes de entrar. De modo apressado segui rumo à sala de controle, que se situava no lado oposto do edifício. Pelos corredores o caos estava instaurado porque, por mais bem preparados que os soldados fossem, eles não esperavam que seríamos atacados dessa maneira. Diversos dos meus subordinados tinham sido feridos com mordidas horrendas, pedaços de seus corpos foram arrancados e muitos dessas pessoas já haviam cometido suicídio para que não se transformassem, o que trouxe lágrimas aos meus olhos.

Felizmente, antes de chegar ao corredor onde ficava a sala em que eu precisava ir, encontrei Garcia. Ele estava bem fisicamente, embora profundamente abatido por ter perdido pessoas que havia treinado com tanta dedicação por diversos meses. Assim que me viu ele se levantou do chão, já que estava sentado e parecia aguardar por informações que seriam repassadas via rádio por alguém.

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