No apartamento de Izana:
O quarto, modesto em tamanho, exalava simplicidade com praticidade. As paredes eram adornadas com cores suaves e cortinas leves cinzas enfeitavam uma pequena janela que havia atrás da cama.
No centro do pequeno quarto, um colchonete no chão servia como ponto focal. Kakucho estava tranquilo sentado em posição borboleta, concentrado, enquanto seus dedos habilidosos deslizavam calmamente pelas cordas do violão de Izana. O som suave e melódico preenchiam aquele lugar, enchendo o ambiente com uma serenidade, S/n realmente o achava gatinho e não parava de romantizar as cenas em sua cabeça.
As almofadas dispostas de forma aleatória ao redor do colchonete mostrava descontração, a Matsuno estava presente no meio delas. O quarto, apesar de seu tamanho pequeno, ainda era um refúgio acolhedor, onde a música e a proximidade entre Kakucho e o falso Izana criavam um ambiente íntimo e envolvente.
Entretanto, de repente, o Hitto parou de tocar o violão, seu olhar fixou no seu rei.
- É estranho você deixar eu tocar em seu valioso violão, já deu, né? - Ele parecia bem cuidadoso em relação ao objeto, tentando entregar para "o Izana" que negou com a cabeça pedindo para que tocasse mais uma canção, antes que o heterocromático continuasse a tocar, ele novamente encarou os olhos violetas. - Sabe... realmente vai deixar os outros garotos perseguirem a garota esquizofrênica?
S/n no corpo masculino, franziu a testa.
- Que garota esquizofrênica? - Ela questionou sentindo ser sugada para a vida real.
Kakucho encarou seu amigo com uma interrogação na cabeça, era sério aquela pergunta?
- Ela é baixinha, e tem cores de uma serpente, o cabelo, além de agir como uma, acho que é uma cobra, mesmo assim, é só uma garota. - O Hitto especificou coçando o queixo.
- Mas tipo... por acaso, acha ela feia? De aparência? - S/n estava tão curiosa para saber o que ele pensava sobre a mesma.
- Sei lá, não pensei nisso. - Kakucho respondeu não entendendo as perguntas de seu amigo. - Ela tem uma personalidade estranha, não passei muito tempo com ela, sabe? Pra deduzir uma opinião...
- Kaku, eu só perguntei se acha ela bonita, é tão difícil dizer sim ou não? - S/n parecia deprimida.
- Ela é... baixinha, tem cabelos longos verdes e é fofa quando fica brava... eu não sei... acho que é... mas tipo, ela não tem nada a ver comigo. - O Hitto respondia sem entender quais eram as segundas intenções de Izana.
- Você beijaria ela? - A Matsuno perguntou dando um sorriso fraco.
- Izana, na verdade, você gosta dela, não é? - Seu amigo o questionou tentando encaixar as peças em sua cabeça.
Um silêncio se fez.
Repentinamente ela se encontrou em um estado de surpresa, sua expressão tomando uma forma difícil de ler. Os seus olhos exibiam uma mistura de perplexidade e intriga, enquanto as sobrancelhas ligeiramente franzidas denunciavam um tipo de surpresa.
Os lábios entreabertos davam a entender uma tentativa silenciosa de processar o que estava rolando. A atmosfera ao redor continuava como uma película fina, mas a garota que estava presa no corpo de um garoto parecia temporariamente distante, envolta em pensamentos que desencadearam essa expressão de não saber como prosseguir. Não sabia o que responder ou proceder a conversa.
- Na verdade, eu tô afim de outra pessoa. - S/n disse tendo uma ideia meia louquinha enquanto apagava a luz.
Os olhos de Hitto, antes focados na conversa, dilataram-se momentaneamente. Uma apreensão inesperada cruzou seu rosto, refletida pelo leve franzir de suas sobrancelhas. O toque amigável da conversa foi substituído por uma tensão sutil, quando Kakucho, aparentemente em alerta, observou "seu amigo" apagar a luz.
O quarto foi mergulhado na penumbra, e Hitto, agora inquieto, procurou decifrar as formas das sombras. Seu olhar, antes calmo, tornou-se assustado, como se a escuridão trouxesse consigo algo inesperado. O silêncio que se seguiu foi preenchido pelo pulsar da imaginação, enquanto o heterocromático tentava discernir a razão daquele clima esquisito.
- Qual foi, vei? - O Hitto congelou sentindo o seu amigo se aproximar mais que o normal, com dificuldade ele se arrastou até a porta. Enquanto S/n ria por dentro maligna. - iiiii, ohoho - Ele pronunciou ficando em pé, tentando abrir a porta, percebendo que estava trancado. - Tá viajando? Abre essa porta! - Pediu ele mexendo na maçaneta. - Abre essa porta aqui, cara. - Sentindo que uma silhueta estava atrás de você, ele bateu mais ainda na porta. - Abre essa desgraça aqui!
O clima foi apaziguado quando S/n ligou a luz começando a gargalhar, Kakucho começou a rir junto, parece que ele deixou sua imaginação o levar pra bem longe.
A Matsuno querendo mudar ainda mais o clima abriu sua boca dizendo:
- E se eu realmente gostar dela? - S/n comentou entrando no personagem que criou na cabeça.
- Aí você precisa mudar algumas atitudes... - Kaku falou em tom baixo.
Depois disso, o heterocromático fingiu demência, então a noite se desenvolveu, escovaram os dentes, Kakucho tomou um banho antes de ir dormir. Mas a Matsuno, parecia receosa e triste também, hoje pareciam que não iriam voltar aos seus corpos.
Alguns minutos depois o Hitto saiu do banheiro jogando uma toalha para S/n.
- Agora é a sua vez, cara. - Kakucho disse com outra toalha no pescoço, deixando amostra seu lindo corpinho, apenas com um short folgado para dormir.
A Matsuno admirou por alguns segundos aquela figura.
Logo ela atravessou a porta do banheiro, sentindo a tranquilidade do espaço privado. Diante do espelho, seu reflexo revelava um momento pensativo. Os seus olhos encontraram os próprios olhos dele, e, por um instante, houve uma pausa significativa.
Respirando fundo, sussurrou consigo mesma, em um tom suave e decidido: "Agora esse corpo me pertence, é meu, e eu preciso fazer as higienes básicas. Anda, S/n, você não é mais uma criancinha."
A determinação ecoou naquele local, enquanto o falso Izana assumia a responsabilidade por si mesmo. O espelho tornou-se mais do que um reflexo, era literalmente um portal para uma nova fase, marcada pela autonomia e autenticidade. No silêncio do banheiro, iniciou um diálogo interno de autoafirmação, consolidando a transição para uma nova perspectiva sobre o próprio corpo e identidade.
Retirou a camisa com vergonha olhando seu novo reflexo, ele era muito lindo, estonteante, ela se aproximou do rosto que tinha no espelho, vendo sua pele bonita e macia. Até pensou que se ele não fosse lelé da cuca, poderia ter uma quedinha por ele.
Ele era lindo, ela achava. Mas não admitiu pra si mesma, ela retirou suas calças. Parou de olhar para o espelho e pediu desculpas mentalmente pra o Izana.
E lá se foi o primeiro banho... não era muito diferente de um banho comum, era só incomum...
NOTAS FINAIS - Não esqueçam de votar, é muito importante. Aceito opiniões e comentários! Obrigada por cada visualização! Beijos! Até a próxima!
VOCÊ ESTÁ LENDO
A saga dos corpos trocados - Imagine Izana Kurokawa
FanfictionIzana Kurokawa é um delinquente que se vê encurralado ao descobrir que agora habita o corpo de uma menina que se chama S/n Matsuno, Izana terá que aprender a lidar com os problemas peculiares em casa que a mesma enfrenta, por outro lado, S/n entra e...