31° CAPÍTULO

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JAMES

A sala é imensa perto das que eu imaginei um dia ter em minha vida, uma sala só minha, atendendo todos os pacientes, salvando vidas e conseguindo ganhar um dinheiro bom com isso. Estou realizando meu sonho, um sonho que nunca imaginei que conseguiria com dezenove anos, estudante do segundo ano de medicina, isso é surreal.

Olho para a janela, minha mesa irá ficar aqui, na frente dessa janela, de frente para a porta de entrada e ao lado da porta da minha secretária. Vou colocar também um sofá, assim como o Doutor Rodrigo fez na sala dele, fica muito mais confortável de conversar com outras pessoas.

Duvidei de mim mesmo que chegaria aonde estou, fico olhando a avenida embaixo de minha janela, carros passando por todos os lados, eu fico olhando prestando atenção em nada, mas fico olhando, perco a noção do tempo e de onde estou. Alguém bate na porta me chamando atenção. - James? - é Alex, meu grande amigo.

- Oi, já falou com a Eliza?-

- Já sim, estava lá até alguns minutos atrás, ela foi fazer o ultrassom...

- Ultrassom? Agora? - pergunto apressado.

- Sim, o doutor Rodrigo acabou de leva-la para a sala... - sem deixar que ele termine, corro para o elevador.

A sala de ultrassom fica no oitavo andar, estou no quinto. Droga de elevador, porque demora tanto quando eu mais preciso de você?

Eu quero ver o ultrassom, é uma sensação tão engraçada ao ouvir o coração, eu só vi o ultrassom da minha irmã, ela era tão pequenina na tela daquele vídeo, parece que se mexia em câmera lenta, os braços tão miúdos, eu simplesmente me apaixonei pela coisa minuscula.

Subo correndo pela escadas, o elevador não está o meu favor, tenho que chegar logo. Corro pelas escadas de dois em dois degraus, são três enormes lances de escadas, mas consigo chegar. Entro na sala mesmo sem bater na porta.

-Desculpa doutro, eu... - fico hipnotizado com a imagem dessa criatura pequena na tela do ultrassom, tão pequeno.Ver a imagem de um ponto miúdo na tela me fez sentir algo estranho, duvido que seja amor, é impossível amar uma coisinha que você viu pela tela do computador, não é? Não é amor, disso eu sei, mas que esse pontinho na tela me fez sentir algo que não sentia a muito tempo me fez, uma alegria, aquela sensação de ter alguém para cuidar quando estiver aqui. Foi isso que senti quando vi minha irmã em uma tela muito parecida a essa.

Sei que esse bebê não é meu, mas que ele já me ganhou, ganhou. Tão estranho para mim, gostar de um pontinho que nem é meu e nem sequer eu vi ainda. Essa criança vai vir para nos trazer amor, disso eu tenho certeza.

O doutor diz que ele já está grande para a idade da gestação, isso é bom, um bebê saudável.

- Esse é o som do coração. - diz o doutor. Esse é o som que eu vim para ouvir, o som que me faz arrepiar por inteiro, esses barulho tão familiar e tão gostoso de ouvir.

Eliza se emociona muito, ela ri junto a mim, um riso de emoção, me sinto completo, talvez seja estranho me sentir assim, mas sinto.

Saímos da sala de ultrassom e doutor leva Eliza de volta para a sala, eu dou-lhe um beijo em sua bochecha e vou ajudar Geovanna com uns pacientes que o doutor ficou de atender em seguida.

Geovanna não falou comigo, mas eu preciso conversar com ela, não podemos trabalhar no mesmo lugar desse jeito. Bem que minha mãe sempre me disse que relacionamento entre colegas de trabalho não costuma dar muito certo, e eu achando que era frescura da minha mãe.

- Geovanna, podemos conversar? - pergunto chegando de vagar perto dela que está parada na frente da mesa do doutor de cabeça baixa mexendo em alguns papeis.

Alem do LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora