Sou Sharon: a vida é um pesadelo (Sou Luna 5)

Capítulo LXVIII - Os caminhos que cada um trilha (parte I)

CONTINUAÇÃO DO FLASHBACK – HISTÓRIAS DE MUITOS ANOS ATRÁS

Com o tempo, Sharon, Tomoe e Audrey conheceram uma jovem garota de origem aristocrática chamada Emilie Graham de Vanily. Filha de uma linhagem de nobres franceses que se refugiaram primeiro no Sacro Império Romano Germânico (atual Alemanha) durante a Revolução de 1789 e depois na Inglaterra durante as guerras de unificação da Alemanha e que a despeito da abolição da monarquia francesa em 1870 manteve parte de seu prestígio e boa parte das posses de outrora, Emilie estudava artes cênicas em Nanterre junto de André Bourgeois, então aspirante a diretor de cinema.

Depois que Sharon, Tomoe e Audrey conheceram e se enturmaram com Emilie, elas começaram a participar de filmes amadores em parceria com a loira de origem aristocrática. Alguns desses filmes na verdade eram trabalhos da faculdade de Emilie. Juntas, Tomoe, Sharon, Audrey e Emilie participaram do filme "Solidão", que foi dirigido por André Bourgeois (antes de este virar prefeito da Cidade Luz). "Solidão" fez um considerável sucesso nas salas de cinemas europeias e recebeu dublagens em diversos idiomas. Entretanto, nunca recebeu um lançamento em DVD, visto que Gabriel Agreste mexeu os pauzinhos para isso com a ajuda de amigos influentes tanto na política quanto no mundo artístico parisiense.

Os anos se passaram, e tanto Sharon quanto Tomoe, Audrey e Emilie se formaram na Nanterre em seus respectivos cursos. E, como não poderia deixar de ser, cada uma seguiu caminhos diferentes após a formatura na faculdade.

Após se formar na Nanterre, Tomoe voltou ao Japão, mais precisamente para sua cidade natal, Kyoto. Ela se casou com um homem chamado Hanzo e com ele teve uma filha chamada Kyoko. Entretanto, quando Kyoko ainda tinha seis anos Hanzo veio a falecer vítima de um câncer no esôfago. O que obviamente foi um baque muito forte para a senhora Tsurugi à época.

Sharon, por seu turno, voltou à Argentina e após o incêndio na mansão lá se apoderou da fortuna da família Benson e se tornou uma das mulheres mais distintas da nação platina. Audrey se casou com André Bourgeois, teve uma filha com ele, tornou-se uma crítica de moda muito renomada e mudou-se para Nova York. E Emilie casou-se com Gabriel Agreste, teve um filho com ele, tornou-se a heroína Mayura e depois de tanto utilizar o miraculous do pavão danificado entrou em uma espécie de coma. Resumindo a ópera, os caminhos que cada um segue.

Mas, a despeito dos caminhos diversos que cada uma tomou após a formatura, elas ainda assim mantiveram algum grau de contato no decorrer dos anos.

Após o incêndio e posterior restauração da mansão, uma das primeiras visitas que Sharon recebeu foi de Tomoe Tsurugi. Ela estava junto de seu marido Hanzo e de sua jovem filha de três anos, Kyoko. À ocasião, houve um torneio de esgrima em Buenos Aires e Tomoe foi convidada para participar dele. E o local onde ela e seus familiares ficaram enquanto permaneceram em Buenos Aires foi justamente a mansão Benson.

Dentro da mansão Benson, a família Tsurugi ficou em um quarto de hóspedes especialmente destinado a eles. Com o beneplácito de Sharon, Tomoe aproveitou a estadia na mansão Benson para treinar com sua šinai (espada de madeira). No tempo livre, ela, Sharon e Hanzo colocavam a conversa em dia. Conversas sobre temas como negócios, torneios de esgrima, o que cada um estava fazendo e tantos outros. Sharon também levou seus amigos da Nação do Sol Nascente para comer em um dos restaurantes favoritos dela, uma churrascaria situada próxima ao estádio La Bombonera (estádio do Boca Juniors, uma das equipes de futebol mais tradicionais de Buenos Aires e de toda a Argentina, seis vezes campeão da Taça Libertadores e três vezes campeão da Taça Intercontinental – nota: Taça Intercontinental e Mundial de clubes da FIFA NÃO SÃO A MESMA COISA).

À época, Sharon já tinha em suas mãos a guarda de Âmbar, então uma jovem garota de três anos de idade. E enquanto os Tsurugi estiveram na mansão Benson ela e Kyoko aproveitaram o tempo de diversas formas. As duas passaram parte do tempo assistindo filmes de criança juntos, assim como brincando de brincadeiras infantis no espaço externo da mansão Benson. Foram dias inesquecíveis para as duas jovens garotas.

Depois disso, outras visitas da senhora Tsurugi a Buenos Aires se sucederam, sempre participando de torneios de esgrima na capital argentina nos quais geralmente sagrava-se campeã. Sharon, por seu turno, também visitou o Japão em viagens de negócios, e aproveitou sua estadia na Nação do Sol Nascente para visitar sua velha amiga Tomoe, agora já uma viúva cega.

Em uma das vezes em que Tomoe visitou Buenos Aires, Sharon ganhou da campeã de esgrima uma šinai (espada de madeira) de presente. É uma espada de madeira de lâmina reta, relíquia que Sharon deixou guardada dentro do porão da mansão Benson, junto com muitas outras relíquias e presentes similares que ela ganhou ao longo dos anos. Em retribuição ao presente que ganhou da amiga da Terra do Sol Nascente, Sharon presenteou Tomoe com algumas joalherias, incluindo um colar de lápis-lazúli e uma pulseira de prata, quando foi visitar Kyoto tempos depois. Joias essas que Tomoe guarda em sua casa às sete chaves.

FIM DO FLASHBACK

Como vemos, em vida Sharon tinha muita coisa em comum com Tomoe. Incluindo o fato de que ambas educaram de forma bem rígida suas respectivas infantas e pensam que na vida ou você é um perdedor, ou você é um vencedor. E que você deve ser o melhor em tudo o que você faz na vida. Uma filosofia de perfeccionismo tal que ambas tentaram transmitir às jovens Kyoko e Âmbar. Portanto, não foi à toa que ambas se tornaram grandes amigas, a ponto de Tomoe ter visitado a mansão Benson em mais ocasiões que o senhor Bilder antes deste se fixar nela. E também não foi a toa que ao saber da morte de Sharon Tomoe ficou muito chateada e entristecida, a despeito dela ser uma pessoa não muito afeita a amizades com outras pessoas.

No escritório de Ana, Felix continua a desafiar e provocar a mãe de Nina. Provocou tanto que Ana não teve outra saída a não ser elevar o tom de sua voz e ordenar Felix a se retirar de seu escritório agora mesmo, do contrário irá chamar a polícia. O loiro não se intimidou com as palavras da advogada. Pelo contrário, isso o deixou ainda mais atrevido.

Ana: "Garoto, ou você vai embora daqui agora mesmo, ou eu chamarei a polícia!".

Felix: "Pode chamar, mulher arrogante. Você não me bota medo".

E bem na hora em que Ana ia discar o telefone para chamar a polícia, eis que a mãe do garoto, Amelie, aparece. Uma conversa nada amigável entre mães se sucede, na qual Amelie mais uma vez defende o filho sob a alegação de que ele já não tem mais o pai dele para coloca-lo na linha.

Amelie: "Não acredito que você esteja falando com o meu filho dessa forma!".

Ana: "Então você é a mãe do garoto que estava bisbilhotando os arquivos do escritório, agindo como se estivesse na própria casa dele".

Amelie: "Sim, sou eu mesma. Algum problema?".

Ana (enraivecida): "Pelo que estou vendo você como mãe é um zero a esquerda que é incapaz de colocar limites nele. Onde já se viu, é por causa de pessoas como você que os jovens estão cada vez mais descontrolados e atrevidos".

Amelie: "Bom, você tem que entender que o pai dele faleceu já faz algum tempo e ele já não está mais aqui para coloca-lo na linha".

Ana: "Claro, agora você me vem com essa, querendo passar a mão na cabeça dele. Francamente, não sei por que eu perco tempo contigo e com o teu filho".

Depois de muito discutir, Ana ameaça de chamar a polícia caso Amelie e Felix não saiam imediatamente do local. E assim eles saem do local, com o rabo entre as pernas. Mas, sem que Ana percebesse, o jovem loiro conseguiu roubar de seu escritório alguns papeis. O que será que o loiro quer com tais papéis?