Sou Sharon: a vida é um pesadelo (Sou Luna 5)

Capítulo sem título LIII - O tesouro da família Kubdel (parte I)

FLASHBACK – Seis anos antes

Sharon faz mais uma de suas visitas a Paris. Como em outras ocasiões desde que ela se formou na Nanterre, trata-se de uma visita de negócios. E um dos locais que ela visita é o Louvre, junto com Âmbar e Rey. Situado no local onde ficava o palácio de mesmo nome (construído no século XIII e que foi transformado em museu após a Revolução de 1789), o Louvre é o maior de todos os museus de arte da face da Terra, com peças e antiguidades das mais diversas civilizações e dos mais diversos períodos, desde os tempos pré-históricos até a atualidade.

Âmbar fica maravilhada de ver todas as obras de arte do Louvre, desde a Monalisa até antiguidades de civilizações como o Antigo Egito, a Antiga Mesopotâmia e a Antiga Pérsia. No meio da visita, Sharon se encontra com um velho conhecido dela dos tempos da faculdade, o senhor Alim Kubdel.

O senhor Kubdel cuida da parte dedicada ao antigo Egito, junto com o filho dele, Džalil, que é um historiador especialista em história do Antigo Egito.

Sharon e Alim se encontram próximo a um sarcófago egípcio e conversam entre si durante vários minutos. Entre as coisas que os dois conversam estão inclusos negócios, política, museus, entre outros. Também conversam a respeito dos velhos amigos e conhecidos da faculdade e por onde eles andam. Incluindo Gabriel e Emilie Agreste e André e Audrey Bourgeois.

No meio da conversa, o senhor Kubdel mostra à Sharon um artefato que segundo ele está na família dele há muitas gerações. Mais precisamente, desde o século XVI. Segundo as palavras do pai de Alix, diz a lenda que teria sido graças a tal artefato que Abd al-Rahman I, o fundador do Emirado omíada de Córdoba (756 – 929), logrou sobreviver aos massacres de sua família, a família omíada, a primeira dinastia imperial islâmica, a qual a partir de Damasco governou o Califado Islâmico entre 661 a 750.

Em 750 os omíadas são depostos do poder por conta da Revolução Abássida. Uma vez deposta do poder a família omíada, os membros da antiga dinastia foram implacavelmente caçados pelos novos senhores do Califado, os abássidas, descendentes de Abbas, um dos tios do profeta Maomé. Muitos omíadas morreram, mas um deles logrou sobreviver aos massacres: Abd al-Rahman. Segundo as palavras do senhor Kubdel, teria sido graças ao artefato que Alim tem em mãos que Abd al-Rahman I logrou escapar das chacinas perpetradas pelos Abássidas e chegar à Espanha. E, uma vez na Espanha, Abd al-Rahman I estabeleceu em 756 o Emirado de Córdoba, governada pela família omíada.

Sob Abd al-Rahman III, descendente direto de Abd al-Rahman I, o emirado de Córdoba se transformou em Califado em 929 ante as pretensões expansionistas do Califado Fatímida (909 – 1171) baseado no Cairo. Até que em 1031, depois de uma longa guerra civil iniciada em 1009, o Califado Ibérico se estilhaçou nos reinos de taifa. A partir daquele momento, a balança de poder dentro da Península Ibérica pouco a pouco foi pendendo do sul para o norte, na direção dos reinos cristãos que mais tarde deram origem aos estados português e espanhol. Em 1492 o último reduto islâmico na Península Ibérica, Granada, foi tomado pela Espanha, então governada pelos reis católicos, Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela.

Pois bem, quando em 1031 o Califado de Córdoba se estilhaçou nos reinos de taifas, o último califa omíada de Córdoba, Hišam III, foi preso após uma conspiração liderada por patrícios de Córdoba, deposto e forçado ao exílio. Cinco anos depois faleceu, em Balaguer. Desde então a joia desapareceu e ninguém mais soube do paradeiro dela.

Após a rendição de Granada e o consequente fim de 781 anos de poder islâmico na Península Ibérica, o Islã foi colocado debaixo de prescrição legal em solo espanhol no ano de 1502. Perseguições aos fiéis da religião do profeta Maomé se sucederam. Muitos morreram, enquanto que outros fugiram para outras partes do mundo islâmico como o norte da África e a Turquia e outros se converteram ao cristianismo para poderem sobreviver.

E um dos que conseguiram fugir das perseguições foi um dos ancestrais da família Kubel, Hišam de Granada. Ele encontrou a joia em um bosque próximo a Granada, e com a ajuda da joia ele conseguiu escapar dos perseguidores e chegou a Argel, onde ele, junto com outros muçulmanos escorraçados da Espanha, foi acolhido pelas autoridades locais.

A partir de então ele não apenas estabeleceu família no norte da África e de lá conduziu atos de pirataria contra as áreas costeiras da Espanha e da França, como também levou a joia até lá, sem que ninguém soubesse ou desconfiasse de nada. Tal joia passou a ser um tesouro da família Kubdel.

Ao olhar para a joia que o senhor Kubdel tem em mãos, Sharon e Âmbar ficaram intrigadas com o brilho que ela emite por vários segundos. "Como é lindo o brilho dessa joia!", exclamam tanto Âmbar quanto Sharon. Elas pareciam hipnotizadas ao olharem para a joia, de tal modo que o senhor Kubdel teve que jogar um pouco de água para tirá-las do transe.

No meio da conversa, Alim apresenta à Sharon sua filha Alix, enquanto que Sharon apresenta sua afilhada Âmbar à Alim. As duas infantes parecem ter gostado uma da outra e trocaram algumas palavras entre si. Logo elas se inteiram sobre o fato de que ambas adoram patinação. Mas Alix não gostou nem um pouco de Sharon por conta da energia que ela emana. Segundo Alix, Sharon emana uma energia bem ruim.

Diante da energia negativa de Sharon, Alix retrai-se e se esconde diante do pai dela. Âmbar, por seu turno, ante a energia de mistério que Alim emana, também faz o mesmo.

Sharon: "O que foi jovem garota? Algum problema?".

Alix: "Não fui nem um pouco com a tua cara. Você, você é uma cobra!".

Sharon: "Garota atrevida, como ousa me chamar assim! Você vai ver!".

Alim: "Alix, não seja indelicada com a senhora Sharon, minha velha amiga. Mais respeito com ela, por favor!".

Alix: "Mas papai...".

Alim: "Mas nada! Peça desculpas a ela agora mesmo!".

Sharon por pouco não perde as estribeiras diante das palavras de Alix.

Sharon: "E você Âmbar, qual o problema?".

Âmbar: "A cara dele, não me agrada nem um pouco".

Alim: "Não precisa ter medo de mim, jovem Âmbar".

Âmbar se esconde ao lado de Rey. E este pede para que Âmbar peça desculpas ao senhor Kubdel agora mesmo.

Ao término da conversa entre adultos que terminou em um pequeno entrevero, Alix pergunta ao pai sobre a senhora Benson. Ela pergunta sobre a energia que a madrinha da Âmbar emite. Alim responde que isso é um problema dela que não diz respeito a ele. Âmbar, por sua vez, no hotel perguntou à madrinha sobre Alim. Achou-o misterioso demais para seu gosto e que ele deve esconder algo. Sharon também respondeu que se trata de um problema dele que não diz respeito a ela.

FIM DO FLASHBACK

Embora tenha falado pouco com Sharon, Alix conta jamais se esqueceu dela e a emanação de energia negativa dela. "Luna, como posso esquecer daquilo?! Jamais me esquecerei daquele encontro com a tua tia!", exclama a patinadora ao se lembrar de quando viu Sharon. "Isso porque você ainda não viu o quarto dela, Alix. Mesmo com ela morta até hoje ainda emite um pouco dessa energia. E acho que não vai sumir tão cedo", responde a garota de cabelos encaracolados.

Alix em seguida mostra à Luna a joia de que estava falando. A joia da qual ganhou do pai no aniversário de 15 anos. Luna fica impressionada com a beleza da joia, e nem acredita que está vendo uma joia tida como lendária. Em retribuição, Luna mostra à Alix o pingente dela do sol e da lua, que está com ela desde que nasceu. E de quebra conta à nova amiga (que achou lindo o pingente) que existe mais uma dessas joias. Alix não entende de início. Luna então explica a ela sobre a história da irmã gêmea dela que é artista circense e da qual ela só soube da existência faz um ano.

Alix (surpresa): "Mas que doideira, hein Luna. E ainda por cima você descobriu que tinha uma irmã gêmea perdida. Quem diria, hein...".

Alix então pergunta se por um acaso o passado longínquo ainda guarda mais surpresas a serem descobertas com o tempo. "Quem sabe, Alix. Acho que só o tempo dirá", responde Luna.