Capítulo LV - De volta a Argentina: o sonho de Luna

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As horas se passam, e Luna, Matteo, Simón e Âmbar se dirigem ao aeroporto Charles de Gaulle. Passado todo o trâmite envolvendo as bagagens e os passaportes, os quatro esperam ansiosamente pela chegada do avião que os levará de volta a casa. Enquanto isso, eles aproveitam o tempo para conversarem e para darem uma última olhada na Cidade Luz antes de irem embora. Em um flash, um filme da viagem passa na cabeça deles. O quarteto se lembra dos amigos que eles conheceram na Cidade Luz, de tudo o que passaram nesses dias, das descobertas que fizeram a respeito do passado da finada Sharon, e o mais importante de tudo: Âmbar matriculada na Nanterre.

O avião chega, e segue-se uma viagem de cerca de três horas e meia se segue até Casablanca, no Marrocos. Na breve passagem deles pela nação árabe, o quarteto terá de esperar cerca de duas horas pelo próximo voo, que os levará de volta a Buenos Aires. Nesse ínterim, eles aproveitam o tempo para comerem em um dos restaurantes do aeroporto, que serve algumas iguarias da cozinha árabe, mais especificamente a cozinha árabe do noroeste da África. Entre eles o Beghrir, uma espécie de crepe típico da cozinha marroquina.

Já é noite no Marrocos. Cerca de 20 minutos antes de o avião chegar ao aeroporto Luna e Matteo aproveitam o momento para observar as estrelas no céu. E nesse dia três estrelas em especial estão brilhando: Altair, a estrela alfa da constelação de Águia, Vega, a estrela alfa da constelação de Lira, e Deneb, a estrela alfa da constelação de Cisne. Juntas, as três estrelas formam um asterismo conhecido como o "Triângulo do Verão". Parece que, tal como da vez em Acapulco um ano antes[1], as estrelas estão falando diretamente com os dois pombinhos.

Luna: "Olha Matteo, as estrelas no céu brilhando. Como estão lindas".

Matteo: "Vejamos, aquela lá é Deneb, a outra é Altair e a outra é Vega. O Triângulo do verão. Sabia que lá na Ásia existe uma lenda famosa da história de amor entre a garota tecelã e o pastor, a qual deu origem a tradições como o festival Qixi na China e o Tanabata no Japão, que ocorre geralmente no sétimo dia do sétimo mês do calendário lunar?".

Luna: "Nossa que linda história. Mas como é lindo o brilho dessas estrelas, Matteo. Como eu gostaria de poder ficar aqui contigo para sempre olhando para essas estrelas...".

Matteo: "Mas nada é mais brilhante que o brilho dos teus olhos, garota delivery. Os teus olhos são os mais brilhantes do mundo, não há nada igual".

Depois dessa pequena declaração Matteo e Luna olham-se entre si, e por pouco o italiano não tasca um beijo na namorada. Na hora H Simón e Âmbar chamam a atenção dos dois, lembrando aos dois que estão em um aeroporto e que, dessa forma, as pessoas poderão não gostar do que estão vendo. Matteo diz que é melhor deixar isso para outra hora e mostra a Simón e Âmbar o brilho das estrelas do Triângulo do Verão. E igualmente ficam fascinados com o brilho do trio de estrelas do norte. Luna, por seu turno, fica pensativa. O que será que o brilho das três estrelas significa? Ou será que é apenas coisa da cabeça dela? Talvez, só o tempo saberá responder a tal indagação.

O avião chega. Todos sentam em seus respectivos lugares e neles se acomodam. O tempo passa e após comer a refeição trazida pela equipe de bordo Luna cai no sono. A jovem patinadora tem um sonho, digamos inusitado. Ela está andando em uma campina, situada próxima a um bosque. À medida em que ela adentra no denso bosque e se distancia da clareira surge uma densa neblina branca que cobre todo o cenário. A neblina é tão espessa que Luna não consegue enxergar um único palmo a sua frente. "O que é isso?! O que está acontecendo?!", Luna se pergunta.

Segundos depois a neblina se dissipa e aparece uma figura feminina na frente de Luna. Ela veste uma túnica toda branca que a cobre dos ombros aos tornozelos e tem longos cabelos loiros e olhos castanhos que logo começam a emitir um brilho avermelhado. E ela começa a falar com Luna.

???: "Oi, Luna".

Luna (apreensiva): "Diga-me, quem é você?! Como sabe o meu nome?!".

???: "Digamos que eu sei de tudo".

Luna: "Diga-me criatura, o quer de mim?!".

???: "Luna, só lhe digo uma coisa: o teu reinado não irá durar para sempre! Prepare-se!".

E em seguida a tal figura feminina não apenas começa a rir de forma sarcástica de Luna, como também ateia fogo sobre o bosque em que Luna se encontra por meio de um relâmpago invocado do céu que atingiu uma das árvores em cheio. O incêndio se alastrou e agora cobre todo o bosque. Em seguida, Luna se vê diante de um bosque ardendo em chamas e com raios caindo sobre ele, ao mesmo em que por trás das árvores ardentes a face da mesma figura feminina agigantada com um sorriso diabólico estampado no rosto e seus braços cruzados entre si em um movimento que lembra a letra v e os olhos emitindo um brilho avermelhado.

Luna acorda, e sente-se aliviada por tal pesadelo ter acabado. Ela vai ao banheiro brevemente, limpa o rosto com água e pensa um pouco. É mais um sonho que envolve incêndios, como aqueles que ela teve logo após chegar à Argentina. Com a diferença que dessa vez o cenário foi outro. O que será que esse sonho quis lhe passar, se é que quis dizer alguma coisa? O que será que a figura em questão quis lhe dizer com essa história de que o reinado dela não irá durar para sempre? Há algo pairando no ar com tal mensagem, ou será que não passa de um simples sonho bizarro?

As horas se passaram e o avião enfim chegou a Buenos Aires, com o avião aterrissando no aeroporto internacional ministro Pistarini. Dentro do aeroporto, Luna, Matteo, Simón e Âmbar recebem calorosa acolhida da parte não apenas do senhor e da senhora Valente, como também de Cato, Tino, Amanda e até mesmo Rey e Maggie.

Nota Final

[1] Ver Capítulo 96 de "A irmã perdida", disponível nessa plataforma.

Sou Sharon: a vida é um pesadelo (Sou Luna 5)Onde histórias criam vida. Descubra agora