Decay - Lapidot (AU)

Decair: "Apenas entre nós I." - VII.

Aquele pensamento sobre Lápis, na aula de ontem, acabou por não sair da minha cabeça. Não sei do porquê, e será que quero mesmo descobrir? A garota não é alguém que eu estou implorando para ter de volta, embora por alguns momentos eu até tenha pensado que estava, só é alguém com quem eu até posso ter uma conversa civilizada, talvez.

Talvez. Tem "talvez" pra várias coisas na minha vida, e sempre que eu uso essa palavra é pra esconder algo que eu realmente quero. Como uma vez que minha mãe perguntou se eu queria continuar na escola, eu respondi com talvez. Talvez tenha sido sorte eu continuar nessa escola. Ou talvez não.

Talvez, talvez e talvez.

Talvez eu queira conversar com Lápis melhor. E se realmente quisesse, teria problema?

- E ela respondeu sua mensagem? - Ametista perguntou.

Eu tinha contado pra ela de ontem, quando eu resolvi mandar uma mensagem para Lápis. Bom, ela ainda não tinha respondido, mas eu esperava atentamente, pegando o celular toda vez que ele vibrava no bolso. Pra minha sorte, ou não, era só cobrança e mensagens de Steven, que pedia a matéria de ontem.

- Não. - afirmei - Mas ela vai, em alguma hora.

Não tinha muita certeza de que ela responderia, mas tentei manter a calma no tom.

- Mas foi uma mensagem arriscada ou tipo um "oi"?

- Um "oi" já seria arriscado na minha situação, Amy. - sorri, brincando com a minha futura desgraça.

- Deixa eu ver. - pegou o celular da minha mão. - Você está ansiosa pela resposta, então deve ter sido uma mensagem extraordinária.

- Me devolve! - tentei pegar o celular de volta.

Falho.

- Aí meu Deus, você mandou isso mesmo? - sorriu, indignada, lendo o que estava na tela do celular.

- Foi muito ruim...?

- Péssimo, Peri! Péssimo! Imagino que nem tenha feito um plano para o que falar. - falou, me devolvendo o celular.

O peguei de volta, o guardando no bolso. Ainda estava analisando o erro que eu fiz. Na minha cabeça a mensagem não tinha saído tão ruim.

- Você tem razão, não fiz. - a olhei - Eu tô ferrada, eu deveria apagar essa mensagem.

- Não, não, agora já foi!

- Como assim "já foi"? Ametista, - coloquei a mão em seus ombros - se ela aceitar, eu juro, pela minha vida, que eu vou fingir desmaio ou me esconder no laboratório.

Ela riu.

- O que tem graça? Não é pra rir, isso é horrível!

- É de nervoso, eu não faço idéia do que fazer pra ajudar. Eu nunca passei por isso. - coçou a nuca.

É verdade, Ametista era boa demais com palavras para acabar mandando uma mensagem tola como a minha. Eu deveria ter pensado melhor antes de mandar mensagem para Lápis, ou ter pedido ajuda pra Ametista.

"Quer me encontrar naquele beco perto da quadra? Apenas se estiver livre."

- Apenas se estiver livre. - repetiu a segunda frase - Que tipo de afirmação é essa? Vocês estudam na mesma sala, com os mesmos horários.

Ela falava enquanto eu andava ao seu lado, mexendo nas cordinhas da minha mochila em um movimento de tentar não pensar demais. Já estava feito. A vergonha eu já era passado, agora era esperar o que o futuro me aguardava.