Decair: "Apenas entre nós II." - VIII.

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Segunda, de novo.

Hoje de manhã Ametista falou que me levaria pra o colégio. Embora eu tenha recusado as 40 mensagens e figurinhas dela pedindo para me levar, acabou que ela me obrigou. Entrei no carro com a cara fechada e sonolenta, tirando o capacete da bicicleta e, logo, arrumando meus cabelos que ficariam bagunçados.

Não é sempre que essa minha humilde amiga me leva pro colégio, até porque eu moro umas 4 ruas de distância, o que não é muito pra quem pedala bem rápido pra não chegar atrasada.

No caminho ela falava sobre algum jogo que ela esteve jogando ao invés de fazer os deveres de casa, surtando por alguma personagem minimamente bonita. Eu não dava bola, afinal, não tem porquê eu discutir. Era estranho, mas era a Ametista. O que esperar da Ametista em uma segunda além dos seus surtos por personagem de jogo e quadrinho, né?

— Ela morreu por puro protagonismo! Sério, ela mataria o protagonista na primeira luta do jogo!

Ela reclamava bastante, quase gritando. Essa vez, no caso, ela bateu no volante, decepcionada.

— Você tá gritando, tá estranho. Para com isso, louca. — sorri. — Aliás, eu parei de prestar atenção quando você falou "Jedi".

Ela riu.

— Tudo bem, não precisa prestar atenção. É só que achei injusto a morte dela. Não foi maneira.

— Você deveria fazer um tweet disso.

— Não, ninguém veria.

— Mas você desabafaria, só que com palavras, claro, sobre essa vilã. — dei de ombros. — Espera, você está defendendo a vilã? Que tipo de pessoa é você?!

— Ela ia ter uma redenção incrível! Não me julgue! — me olhou pelo retrovisor interno.

— Eu julgo! Ninguém em sã vida defende um vilão, é idiotice!

— Você não entende, Peri, ela era incrível.

Franzi as sobrancelhas.

— Nenhum vilão é incrível, eles são feitos exatamente para a gente odiar eles.

— Ela era incrível.

Ametista então parou o carro e nós duas tiramos o cinto. Eu ainda pensava sobre isso, dessa vilã que não é bem vilã, enquanto abria a porta do carro velho pra sair. Quando sai, olhei pra ela, ficando ao seu lado por momento, observando o pátio de grama do colégio.

— Ela não era incrível. — afirmei.

— Ela era sim.

— Não, não era.

Dei um sorriso brincalhão, caminhando pelas pedras lisas que formavam um caminho para a entrada do colégio.

Nesse meio caminho, quando adentrei o colégio, lá estava aquele grupo. Desde de sexta passada, eu até tentei me enturmar, mais do que eu deveria, dando opiniões que, se fiz os cálculos certos, me fariam me tornar "popular". Ou pelo menos perto disso.
Junto do grupo, tinha, obviamente, Lápis. Entre essa minha interação com o grupo entediante que só fala de garotos, normalmente era Lápis que começava algum assunto para eu entrar.

Ametista continuou ao lado, após me dar um cascudo. Ardeu meu couro cabeludo, e não perdi a chance de me vingar. Isso tudo enquanto a gente se aproximava do grupo, e, já a menina de cabelos azuis, se aproximava da gente, sem eu ao menos perceber.

— Ela era incrível! — brincou, colocando o peso de seu corpo, ou pelo menos metade, no meu ombro.

— Não era, não! — rebati, a empurrando pra longe.

Decay - Lapidot (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora