Dezessete

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Ela colocou o último prato na pia e olhou para as próprias mãos. Seus pulsos ainda tinham a marca avermelhada do aperto das mãos de Taehyung. Não doía, pelo menos não fisicamente.

Ela respirou fundo apoiando as mãos na pia da cozinha e olhando pela janela. E para ajudar tudo o tempo estava começando a ficar nublado. Ia ser um dia daqueles.

-Vai mesmo me ignorar?- a voz de Woo Hak não estava não delicada ou carinhosa como de costume, sinal que Minji tinha um problema grande mãos.

-Quer conversar sobre isso agora, Woo? - disse a morena virando para encarar seu irmão. Woo Hak estava sentado em um dos banquinhos, os braços estavam apoiados na bancada da cozinha.

-Você vai arrumar as suas coisas e vai voltar comigo para Seoul - Woo Hak disse. O tom de voz baixo e o olhar frio diziam a Minji que não era uma brincadeira.

A mulher cruzou os braços e negou minimamente em silêncio. Woo Hak a observou por longos segundos antes de voltar a falar.

-Não vou deixar você ficar aqui depois de tudo - declarou ele.

-Não preciso da sua permissão, sou adulta e decido se vou embora ou não - declarou Minji.

-Uma mulher adulta que só faz merda - Woo Hak foi duro. Minji engoliu seco encarando o olhar cortante de seu irmão mais novo - Você quase morreu duas vezes nas últimas semanas, Minji. Porque você não pegou suas coisas e foi embora no instante que ele apontou aquela droga de adaga pra você? E me surpreende o Jungkook não ter digo a mesma coisa que eu e não ter te levado imediatamente até Seuol.

-Primeiro: Ele não apontou a adaga pra mim, apontou pro próprio peito - Minji disse calmamente - Eu o impedi ele se tirar a própria vida, o que há de errado nisso?. E segundo: Jungkook sabe que sou adulta e que a decisão de ficar aqui ou não é somente minha e de mais ninguém e ele sabe a história desde o começo.

Woo Hak riu. Não foi uma risada agradável e calorosa, soou como escárnio e mágoa impregnado ao som.

-O que há de errado? - Woo Hak bateu na bancada com força, Minji não estremeceu apesar do susto - Estou aqui há trinta minutos e já vi mais do que o suficiente, esse lugar vai te deixar louca. Isso se não te matar antes.

-Eu já falei que estou bem, você está exagerando como um maldito pirralho mimado - Minji disse entre dentes. Ela sabia que Woo Hak odiava aquele adjetivo, odiava ser tratado como criança. Mas no fim das contas era a única coisa que podia usar contra ele naquele momento.

-Você não consegue olhar nos meus olhos e conversar comigo como dois adultos? - Woo Hak cuspiu as palavras com raiva - Você ainda me trata como se eu fosse um garotinho. Você esconde tudo de mim há anos, Minji! A morte da nossa mãe  agora isso. Quando vai começar a falar comigo e me tratar de acordo com a minha idade? Já tenho 22 anos e já sou adulto também.

-Eu sabia que você ia reagir assim, por isso nem me dei ao trabalho - Minji declarou.

-Você percebe o que é isso? Você está exausta, ferida, está fazendo um trabalho que odeia, isolada aqui no meio do nada e ainda suportando as crises de um dos seus chefes - Woo Hak disparou sem se importar de tanta raiva - Primeiro uma adaga, agora uma cobra. Qual vai ser o próximo? Quantas vezes mais você vai ter que se machucar para perceber que precisa ir embora daqui?

Woo Hak a olhou nos olhos. Minji se sentiu intimidada, mas não recuou. Ela era a mais velha, seu irmão precisava entender que ela tomava as decisões sobre a própria vida e não ia permitir que ele interferisse.

Woo Hak se levantou e a examinou milimetricamente. Os olhos avermelhados, assim como as bochechas coradas. Woo Hak a conhecia melhor que ninguém e sabia que seu irmã não era do tipo que fugia de um desafio, mas Minji sempre soube quando parar. Estranhamente dessa vez ela parecia ter perdido o freio.

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