Capítulo 18: A ordem

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Horas antes no Engenho do Poço Comprido.

- O senhor se sente melhor? - perguntou Marina.

- Não devo morrer hoje. Apesar de sentir a dor no peito, não tive um ataque. Aquela ingrata quase me mata e você é uma incompetente Marina. Não está fazendo um bom trabalho com minhas filhas.

- Não imaginei que ela tivesse coragem de fazer isso patrão.

- Senhor com sua licença... - entrou um empregado no quarto.

- E aí? Cadê o infeliz do Chico?

- Não achamos ninguém. Demos busca a mais de légua daqui e o Chico sumiu. E sua fia e o vaqueiro também não deixaram rastro.

- Quero que vão até as terras do Chico. É lá que eles devem tá.

- E o quê a gente faz quando chegar lá?

- Tragam minha filha de volta. E dêem um fim no vaqueiro.

- E no resto do povo? Faço o quê com os mísera?

- Matem o vaqueiro na frente deles. Assim vão entender o seu lugar.

- Pode deixar patrão. - e saiu do quarto.

- Me chame o idiota do João Marina. Preciso falar com esse imbecil.

Instantes depois João Pedro veio ver o Egídio.

- Senhor Egídio eu já estava indo embora, como te disse mais cedo que iria.

- Não vai a lugar nenhum no mundo. Pode ficar onde está e esperar sua noiva voltar.

- Noiva? Que noiva? Ela não quis saber de mim e ainda fugiu com outro. Agora é mulher de outro homem e eu não tenho nada a ver com isso mais.

- Ela vai voltar e se casará com você. Isso é o certo.

- Eu não quero. Me recuso totalmente a me casar com uma mulher que ama outro. Eu respeitei muito Juliete. Tive paciência e acreditei que o tempo mudaria as coisas entre nós, mas a verdade é que não gosto dela ao ponto de ser seu marido e ela também não gosta de mim, então isso para mim teve fim hoje com essa fulga dela.

- Não é como você pensa. Seu pai me deve dinheiro e lhe deu como pagamento.

- Eu não sou mercadoria. Que coisa mais feia.

- Não abro mão de que seja meu genro e isso está resolvido.

- Então se faz tanta questão, me caso com Júlia daqui uns tempos. Ela ao menos me ouve e rir das minhas histórias. Temos uma convivência amigável e ela é muito agradável.

- Júlia é uma criança. Está doido? A menina vai fazer 13 anos ainda. Não aceito.

- Pois não aceito Juliete. E Júlia não é criança. Tem o mesmo tipo físico da irmã, o senhor não se faça de tonto.

- Me respeite. Esses jovens de hoje não respeitam ninguém.

- E o senhor que é velho faz igual. Não respeita ninguém também. Se quer respeito comece por sua família. Pense no melhor para sua filhas. Quando falo em casar com Júlia não seria no mês que vem. Pode ser após os 15 anos dela. Eu posso esperar, mas não quero uma moça que não esteja a minha altura nas virtudes. Sou um homem que quer praticar o quê diz a igreja católica e desejo uma esposa tal como eu.

- E por que Juliete não está a sua altura?

- Ela ama outro e não é mais moça pura. Então não serve para mim.

- Nunca diga o quê não sabe. Eu ponho a mão no fogo por Juliete. Ela continua pura.

- O senhor é mesmo um louco. Ou seria doente? Com instinto de controle? É... Só Deus sabe, mas tudo parte de um princípio único, a sua maldade com suas filhas. Até mais seu Egídio, estou indo embora.

E assim João Pedro se foi, deixando Egídio tossindo sobre o seu leito.

...

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