História de um vaqueiro

Capítulo 37: Pás de terra

Hermínia caminhou e se aproximou do Luiz.

- Espero que você não tenha rancor do seu pai.

- Meu pai foi o homem que me criou. Que me tratou como igual mesmo sabendo que eu não havia sido gerado dele, então sempre vou amar o meu pai. O seu marido só foi um sem caráter que se envolveu com uma mulher adúltera e sem vergonha.

Hermínia ficou desconfiada, mas não defendeu mais o falecido.

- Egídio me contou muita coisa sobre esse relacionamento e o quanto a sua era obsecado por ele.

- Muito obsecada. Eu diria que ela era doente por ele. As descrições me deram náuseas. - ele disse muito sério. - Como a senhora, tão distinta, jovem e rica quis um homem assim e ainda sofreu o quê sofreu, mas o defende diante de todos nós?

- Eu não sabia dessa parte da vida dele e Egídio era um lorde comigo no início do nosso casamento. Ninguém que está aqui sabe o quê vivemos, o quanto havia verdade entre nós, mas ele mudou e simplesmente não era o meu marido amoroso de antes. - ela fez uma pausa. - Mas ele sabia que o filho da amante poderia ser dele, porém ele disse que não era certo destruir uma família e que não iria buscar por essa criança.

- Sério que ele pensava isso mesmo? - Luiz debochou. - Uma coisa que esse homem em vida, foi ser especialista em destruir famílias. Ou ele achava que ia c0mer minha mãe e não ia dá em nada? - ele estava irritado. - Eu me desculpo pela palavra, mas ele não gostava dela, minha mãe amou só e Egídio se aproveitou até o dia que arrumou outra conquista.

- Acho que já está bem por hoje... - Juliete disse indo até a mãe. - Luiz, você tem três irmãs por parte de pai. Não sei se soube, mas minha mãe deu a luz a pequena Maria Vitória ontem.

- Toda vizinhança a léguas só fala disso. Estou sabendo. Juliete estive aqui na festa de vaquejada a alguns meses atrás, mas não tive coragem de me aproximar.

- Acho que ele tinha gostado de saber de você. Que idade tem Luiz?

- Tenho 19 anos e já sou casado. Minha esposa assim como você também espera um bebê.

- Que bom. Fico feliz. Me alegra o coração saber que os filhos de meu pai não herdaram suas falhas de caráter.

- Apesar de tudo, me alegra saber que tenho boas irmãs.

- Obrigada.

O clima de velório perdurou por algumas horas e depois o padre celebrou uma missa. O enterro se iniciou e Luiz, João Pedro e eu fomos responsáveis por jogar toda a terra na cova.

- Eis aqui um homem que tudo teve, oportunidades e amores não lhes faltou, mas não soube aproveitar a sorte da vida. - Disse João Pedro.

- Ele nunca foi feliz. Seu olhar não tinha paz. Onde andou deixou marcas de destruição. - eu completei.

- Que o Deus o tenha. Por que do pó vinhemos e ao pó retornaremos. - finalizou Luiz.

Saímos juntos dali. Hermínia não foi ao enterro e foi feita a vontade de Deus.

...