Ideia #37: Dark Romance

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Nesta história, nós seríamos introduzidos a um romance paranormal em pleno século XX, entre uma humana jovem e condenada a um casamento terrível e um demônio — aparentemente da luxúria. Em meio a uma noite maldita e tempestuosa, nossa protagonista teria sido quase abusada por um vizinho e, em um ato de desespero, teria assassinado-o no galpão nos fundos de sua casa, usando uma pá. Seus pais, então, encontrariam-na logo depois, e, diferente do que ela esperava de sua família rígida e emocionalmente distante, seria surpreendida ao ver sua mãe socorrendo-a e seu pai tirando a pá de suas mãos, pondo-se a cavar uma cova ali mesmo no galpão. Os três se livrariam do corpo e seus pais a fariam jurar que, caso algo fosse descoberto, ela deveria dizer que seu pai havia assassinado o homem, pois era a única forma que teriam de protegê-la.

No entanto, antes mesmo que ela pudesse se recuperar do trauma, outro vizinho, tão jovem quanto ela, e que sempre fora obcecado pela moça, passaria a ameaçá-la, dizendo que espalharia seu segredo caso ela não aceitasse se casar com ele. Desesperada com a possibilidade de ver seu pai sendo condenado por algo que ela mesma havia feito, ela aceitaria a proposta do sujeito, conformando-se em casar-se com ele dentro de três meses. E seria então que nosso protagonista demoníaco surgiria, com a desculpa de ter sido atraído pelo relacionamento falido e sem desejo no qual ela havia terminado.

Pouco a pouco, em investidas repetidas e sensuais, o demônio a faria despertar do torpor em que havia caído, voltando à sua personalidade anterior, tão firme e determinada. Ao mesmo tempo, o demônio, cada vez mais vidrado na protagonista e em seu processo de recuperação, mataria um humano que a assediou e os demais humanos da cidade que desaprovavam o comportamento dela, por pura misoginia, considerando-a uma mulher "não feminina" somente por causa de seu caráter sério e inabalável. Então, este mesmo demônio ficaria em choque ao descobrir, com horror, que havia feito isso porque tinha se apaixonado por ela.

Com isso, a área em seu peito onde deveria existir um coração começaria a doer, cada vez reunindo mais aspectos que se assemelhariam aos de um ser dotado de sentimentos e alma — mas ele não poderia ter nenhum dos dois, poderia?

O problema seria que, ao mesmo tempo em que a faria voltar a si e recuperar o ânimo, incentivando-a a buscar sua vingança, ele acabaria fazendo o ódio no coração de nossa protagonista se acender com força total. Perto do final da história, descobriríamos então que nosso demônio não personificaria a luxúria, como gostava de fingir, mas, sim, a ira. E que a ira da protagonista ao ser tão injustiçada era o que o havia invocado, por ser semelhante à ira que ele próprio sentira antes de morrer e se tornar um demônio. Porque, sim, ele teria sido humano antes de se transformar naquela criatura abandonada pela luz.

Qual injustiça ele teria sofrido para se tornar tal monstro? A protagonista realmente se deixaria consumir pela ira adormecida em sua alma, explosiva o suficiente para incendiar a cidade inteira? E como eles ficariam juntos, sendo ela humana e ele um demônio imortal, cuja mera presença inconsciente drenaria as forças dela apenas para poder se nutrir de sua raiva? Isso, para variar, é com vocês. Este pode se tornar um excelente dark romance, caso as doses corretas de obsessão, raiva e desespero – assim como um amor tão ardente quanto as chamas do inferno – sejam utilizadas.

Apenas um conselho: ao escrever um dark romance, por favor não caiam na ideia de romantizar a violência contra a mulher, algo que se vê frequentemente em histórias difundidas em redes sociais como o TikTok. Apesar de configurar um gênero adulto, ele deve refletir a angústia existencial, as mazelas do viver, as personalidades complexas e os amores intensos, e não a violência impune contra protagonistas vulneráveis, que permanecem presas a relacionamentos tóxicos, unilaterais e violentamente dolorosos por pura vontade do roteiro. Um dark romance não deve se resumir a sexo e crueldade, caso contrário, não seria possível chama-lo de romance, mas apenas de thriller. Escrevamos com responsabilidade, sempre!

Algumas sugestões de títulos:

A Invocação;

Ira;

Ira & Luxúria;

Por Asmodeus.

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