Various Storms and Saints | Dramione

Capítulo 9

Tudo estava acontecendo tão rápido. Ela corria pela sua vida através da chuva de destroços. Feitiços eram lançados em todas as direções. Mal conseguia ter o pensamento rápido o suficiente para se proteger enquanto corria. Tentou avisar os outros. Havia apenas tanto a ser feito.

Era difícil ver, difícil respirar. Poeira do castelo desmoronando levantava uma fúria. Um zumbido agudo ecoava em seus ouvidos devido aos constantes estrondos e colapsos. Tudo estava acontecendo tão rápido que mal conseguia compreender qualquer coisa.

Então, no final do corredor, ela os viu. Lavender Brown, convulsionando no chão. Fenrir Greyback com os dentes enterrados em seu pescoço.

"Não!" ela gritou.

Um feitiço voou de sua varinha. Não, não era um feitiço. Uma maldição.

Greyback foi arremessado para trás, caindo centenas de metros da janela aberta. Lá estava Lavender Brown com seu cabelo loiro espalhado por todo lado e seus olhos azuis se apagando. A última pessoa que ela viu foi Hermione, e ela sorriu.

Ela acordou de repente, coração batendo forte, corpo tremendo e coberto de suor. Hermione jogou as cobertas para o lado e se sentou, enterrando o rosto nas mãos. Tentou controlar sua respiração ao ver Lavender em sua mente. Lavender, a quem ela odiava uma vez por uma coisa trivial como um garoto. Lavender, a quem ela nunca deu o benefício da dúvida. Lavender, que era apenas uma adolescente com uma paixão enorme e que nunca quis fazer mal a ninguém. A garota a quem Hermione nunca teve a chance de pedir desculpas, nunca teve a chance de salvar.

Levantando-se rapidamente, ela pegou um maço de cigarros de sua cabeceira e calçou um par de chinelos antes de sair dos dormitórios. Ainda estava escuro, sem sinal de que o sol brilharia em breve enquanto ela seguia pelo campo. A grama estava molhada sob seus chinelos, criando um som horrível de espreitar conforme ela caminhava. Encontrando-se atrás da estufa, ela se sentou sobre os tijolos e pegou um cigarro, acendendo-o com um estalo.

Pesadelos não eram incomuns para Hermione. Desde o quarto ano, quando viu o corpo de Cedric Diggory e ouviu o grito de Harry, ela vinha tendo pesadelos. Ela se culpava por ter pesadelos. Ela só tinha visto uma pequena parte dos medos vivos que Harry tinha experimentado e ainda assim eles a assombravam. Algo sobre ser empática, sobre absorver os sentimentos das pessoas ao seu redor até se afogarem nas lágrimas que ela derramava, sozinha em sua cama. Hermione mantinha tudo e todos tão perto que cada perda era um choque. Ela vomitava de tanto chorar com mais frequência do que gostaria de admitir. Ela queria desistir, os pesadelos eram demais. Tentar salvar o mundo era demais. Mas se Harry pudesse fazer isso, sobreviver a mais do que ela jamais soube, então ela também poderia.

Até que tudo acabasse, Hermione tinha feito exatamente isso. Ela se sustentava, sustentava Ron e Harry por anos. Agora... agora ela estava deixada com um buraco no estômago do tamanho de um balaço. Ela não sabia onde suas emoções começavam e os pesadelos terminavam. Talvez ela tivesse perdido suas emoções há tanto tempo que agora ela era um vazio, preenchido com os resquícios de todos os outros. Ela segurava o luto por mais tempo do que os outros. Mesmo Harry estava lidando melhor do que ela antes de retornar, mas ele tinha Ginny. Hermione não tinha ninguém.

Claro, Ron estava lá. E Molly e George, todos os Weasley, mas ela não os tinha. Eles não entendiam e ela não podia fazê-los entender. Ela não suportava preocupá-los quando Fred se foi. A mera ideia de incomodar Harry a levava a um espiral. Não, não depois de tudo que ele havia passado.

Então ela se sentou atrás da estufa, bem cedo demais pela manhã, com um cigarro queimando entre os dedos. Ela não salvou Lavender. Ou Fred, ou Colin, ou Remus, ou Tonks. Ela não salvou nenhum deles e se sentia culpada por estar viva.