Capítulo 42 - Draco

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Dias. Semanas. Ele havia perdido a noção do tempo. Todos os dias eram passados trancado na sala de poções, folheando os intermináveis cadernos e anotações de Severus dos anos setenta. Hermione continuava a dormir e raramente comia. Ela continuava a parecer fraca e desgastada, sua pele de oliva ficando mais pálida e acinzentada. Seus olhos estavam completamente sem brilho, nenhum vestígio de mel dourado em qualquer lugar. Enquanto ela dormia, ele lia. Queimava cadernos inúteis, rasgava outros. A fúria crescendo em seu peito a cada dia que passava era quase sufocante. Apenas alguns sentimentos passavam por sua mente enquanto trabalhava:

Por Granger.

Maldito Severus.

No chão da sala de aula, ele se sentava, coberto de poeira e rabiscos do trabalho inútil de um homem morto. Um diário do sexto ano de Severus levitava na frente dele enquanto ele massageava dores no pescoço. Algumas coisas que ele havia lido, que esse homem divulgara no papel e tinta, eram repugnantes. Tanto que o lembrava de si mesmo. Embora Draco visse a diferença.

Severus queria sua marca. Draco nunca quis.

A porta da sala de poções se abriu sem os passos pesados que normalmente acompanhavam um sonolento Slughorn. Os passos que vinham agora eram dignos, na melhor das hipóteses.

"E aí, amigo", disse Theo. "Estive aqui por um tempo."

"Isso é uma pergunta?"

"Não." Ele pegou um livro da pilha mais alta, folheando-o sem muita atenção.

"Você precisava de alguma coisa?" Draco perguntou, deixando o diário cair. Ele enfiou um post-it usado para salvar seu lugar.

"Não, não", disse ele despreocupadamente. "Mas a Hermione quer você."

Ele se esforçou para se levantar, a falta de sono o atingindo como um balaço. Theo segurou seu ombro, tentando equilibrá-lo enquanto sua visão se misturava com pequenos pontos pretos.

"Ela está bem? Ela deveria usar o anel se não estiver. Merda", disse ele, balançando a varinha roubada dela e encolhendo todos os tomos em sua bolsa novamente. "Por que você não começou com isso? Quanto tempo..."

"Draco", Theo disse rapidamente, ganhando seu olhar. "Ela está bem, só quer você, é isso."

O ar escapou subitamente e a tensão que chegou aos seus ombros aliviou um pouco. Ele jogou a bolsa sobre o ombro e guardou a varinha dela enquanto dava tapinhas nas costas do amigo. A mente de Draco estava constantemente girando, e ele temia as perguntas que ela nunca fez. Como ela nunca perguntava nada era um mistério para ele. Sua pequena estudiosa perdendo a curiosidade era mais condenável do que qualquer outra coisa.

Ele caminhou com a cabeça baixa, focando nas pedras, focando na respiração. Enquanto passava pelos muitos diários e tomos que havia lido em sua cabeça, alguém o esbarrou em seu caminho. Quando se virou, encontrou um ruivo extremamente satisfeito o olhando com um sorriso sarcástico.

"Maduro", comentou Draco antes de continuar. Respire. Queime seu livro.

"Indo atrás da sua prostituta?" Ron provocou.

Ele parou de repente, cerrou o punho. Queime seu livro.

"Cuide da sua boca, Weasley", disse ele abruptamente.

"Ou o quê?" ele riu. "Te pegaram pela varinha, não foi? Você não pode me tocar."

Ele poderia dizer, fazê-lo morder a língua e esquecer suas palavras. Ele poderia contar. Ela está morrendo, ele poderia dizer. Mas ele não faria, não importava o quanto ele coçasse para jogar isso em sua cara.

Various Storms and Saints | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora