O que foi desta vez? Foi proteger sua porta do quarto por três dias, para manter todos afastados? Foi jogar seu celular no fundo do baú, encantando-o com feitiços de silêncio? Foi evitar as pessoas com quem acabara de fazer as pazes? Foi a incessante necessidade de Ginny de ser prestativa? Foi o julgamento de Ron? Foi a voz abafada de Harry ao telefone? Foi a risada contagiante de Theo que nunca parecia se encaixar em sua vida? Foi vê-lo no corredor? Foi encontrar o olhar dele em momentos fugazes de fraqueza? Foi a pressão de ser ela mesma? Foi não se conhecer?
O que foi desta vez que levou Hermione ao limite?
Talvez tenha sido o próprio limite. Vacilando entre a vida e o vazio. O vazio que parecia tentá-la toda vez que um cigarro tocava seus lábios ou o gosto de álcool em sua respiração. O vazio que a enviou para as cozinhas na noite anterior e roubou uma garrafa de firewhisky; o pequeno vazio negro tinha tanto sobre ela. Ele sabia o que ela queria e estava feliz em fornecer. À beira do precipício, ela havia mergulhado os dedos. O vazio era sereno, águas tranquilas da temperatura perfeita. Ele não esperava nada dela. Deixava-a se perder no desequilíbrio do universo. Ah sim, o pequeno vazio negro. O que havia lá dentro? Ela ansiava saber.
O não saber de nada depois de acreditar que sabia de tudo por 19 anos a levou ao limite. À beira de tudo. O que Hermione sabia com certeza?
Ela não sabia nada. Nada além da dor.
Isso estava a devorando viva. Seja lá o que fosse em sua pele, enterrando-se em suas veias, queimando-a por dentro, estava a consumindo. Ele roía e despedaçava e tudo o que ela podia fazer era permitir. Todo o dittany do mundo não conseguia mascarar a dor. Doía tão terrivelmente que ela considerou cortar o braço completamente. Então a dor desapareceria para sempre e ela não estaria deitada no chão frio do banheiro, o suor acariciando seu corpo.
Suas respirações eram pesadas como se ela tivesse corrido uma milha, sua cabeça estava tonta. O álcool ajudaria e ela sabia disso, mas não conseguia se levantar. Ela não tinha ficado sóbria ou sem o toque dele por tempo suficiente para sentir esse tipo de dor. Era avassalador. Sua cabeça tombou para o lado, encontrando a ferida aberta. Sangue se acumulava nas bordas da palavra. Borbulhava como se fosse uma poção em um caldeirão, esperando para explodir. As bordas eram piores. Sua pele estava puxada para trás, expondo os músculos por baixo. Os hematomas tinham um tom roxo. Era como ser marcada constantemente. Se ela coçasse, o dique quebraria e ela sangraria. Se ela sangrasse, teria uma bagunça para limpar e ela não estava com vontade de limpar.
Um raio de relâmpago passou pelo seu braço, atingindo seus músculos. Seu braço tremia constantemente. Era puro fogo sob sua pele e ela ansiava para acalmá-lo. O azulejo do chão do banheiro estava esfriando, mas não o suficiente. As pálpebras de Hermione pareciam pesadas enquanto ela deitava ali, incapaz de se ajudar.
Que horas eram?
A iluminação fluorescente acima piscava e o suave zumbido das lâmpadas acariciava seus ouvidos. Uma lavagem de luz azul-branca cobria o pequeno cômodo, fazendo sua pele parecer mais doentia. A dor estava drenando sua magia. Ela se sentia imensamente fraca. Se ela conseguisse apenas chegar ao seu quarto, encontrar o murtlap restante, qualquer coisa. Uma bebida também não faria mal.
"Granger! Apaga essa maldita luz!" Theo gritou do seu quarto.
"Desculpa," ela sussurrou, tossindo com a garganta seca.
"Merlin!" Ela ouviu movimentos e depois uma porta se abrindo. "É de madrugada, o que- oh meu deus."
Theo se agachou ao lado dela, sem saber onde tocar.
"O que diabos aconteceu? Você está bem?"
Um pequeno sorriso cruzou os lábios dela. "Maravilhosa."
"Parece que você está morrendo, está morrendo?" Ele estava em pânico. "Seu braço, por que está assim?"
VOCÊ ESTÁ LENDO
Various Storms and Saints | Dramione
FanfictionSangue-Ruim. Hermione olhou para as letras que manchavam sua pele. Elas não tinham cicatrizado desde o dia em que ela foi mutilada. Queridos leitores, Gostaria de ressaltar que essa fanfic foi traduzida com todo o carinho e dedicação, visando propor...