Capítulo 29

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"Mione? Você está bem?" Ron sussurrou.

Ela virou para encará-lo na cama, puxando o cobertor sobre os ombros. Estava escuro, e ela estava grata por isso; ele não poderia ver as lágrimas silenciosas que caíam pelo seu rosto.

"Bem," ela disse.

"Eu não te machuquei, né?"

"Não, não, eu estou bem."

"Foi... bom? Quero dizer..."

Hermione fechou os olhos e assentiu. "Sim, foi bom. Agradável."

A casa abaixo deles se acomodou, o vento assobiava pela janela aberta em seu quarto apertado. Era um dia particularmente frio para junho, e os grilos pareciam mais vivos do que nunca. Era a primeira vez que ela sentia falta do barulho característico da Toca, mas no meio da noite, não havia motivo para isso.

"Você..."

Ela abriu os olhos, encontrando o contorno fraco de seu nariz à sua frente. A resposta era óbvia, ela não tinha terminado, nem chegou perto, mas ela não podia dizer isso. Não com o ar tenso e o pesado edredom, não quando tudo parecia sufocantemente avassalador. Era assim que tudo com Ron se sentia, sufocante.

"Sim."

"Ok, bom."

"Vou pegar água, você quer um copo?" ela sussurrou.

"Não, obrigado."

Com um aceno rápido, ela saiu da cama, encontrando suas calças de pijama. Ele nem sequer tirou sua blusa. Ele mal a beijou. Era estranho e ele estava desconfortável, e ela odiava cada segundo disso. Pelo menos ela não era mais virgem, pelo menos alguém a quis.

Descendo as escadas, ela tentou lembrar quais rangiam, tentando evitá-las na escuridão total, iluminada apenas pelo brilho natural da noite. Algo na Toca a deixava desconfortável. Nem sempre foi assim. Ela costumava amar a Toca, a sensação de família em cada canto, mas era demais. Interferia em seu desejo constante de estar sozinha. Se ela tivesse outro lugar para ir, iria. No primeiro avião para a Alemanha, ou qualquer lugar, ela iria, mas ela prometeu a Molly que ficaria. Ninguém quebra uma promessa para Molly.

Ao se encontrar na cozinha, ela pegou uma caneca na pia e a encheu de água. Bebeu rápido, precisando enchê-la novamente.

"Não quero te assustar, mas eu estou aqui."

Ela se virou, semicerrando os olhos na escuridão. "George?"

"O mesmo," ele respondeu. "Venha, sente-se, não mordo."

Ele acendeu algumas velas pequenas quase apagadas na longa mesa de jantar, oferecendo um brilho quente à sala. Hermione se aconchegou na cadeira, puxando os joelhos até o peito. George estava sentado mais para trás, uma garrafa de cerveja trouxa em sua mão. Seu cabelo ruivo estava desarrumado, e olheiras estavam evidentes mesmo na luz fraca.

"É tarde, você está bem?" ele perguntou.

"Sempre estão perguntando se estou bem," ela respondeu, dando um gole na caneca. "E você?"

"Estou bebendo minha terceira cerveja, sozinho, no escuro, numa quarta-feira," disse George. "Diria que estou indo muito bem."

Ela sorriu ligeiramente, apreciando sua habilidade para o humor ainda presente, mesmo sem Fred. Eles ficaram juntos, dando pequenos goles em suas bebidas, apreciando o silêncio que vinha tão tarde. Hermione coçou a nuca, sentindo o cabelo saindo do elástico. Ela pensou que estaria suada depois do sexo, ou pelo menos sem fôlego.

Various Storms and Saints | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora