Capítulo 18

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"Papai!"

"Senhorita Mione!" O Sr. Granger disse com o mesmo tom agudo.

"Papai, Daniel disse que a cor favorita dele é verde, mas não pode ser."

"Por que não?"

"Minha cor favorita é verde, não é justo!" ela reclamou, o menininho vindo atrás dela.

Daniel segurou a mão dela, seus dedinhos se entrelaçando. Ela o olhou com olhos zangados. "Posso escolher uma cor diferente," ele disse.

"Não, não, Daniel, você também pode gostar de verde," disse o Sr. Granger, agachando-se até a altura deles. "Senhorita Mione, por que você é amiga do Daniel?"

Ela deu de ombros. "Ele é nosso vizinho."

"Sim, e a Sra. Kittering também, mas você não é amiga dela."

Hermione franzia o nariz. "Porque a Sra. Kittering é maluca."

A Sra. Granger e a mãe de Daniel riram atrás dele. O próprio Sr. Granger tentou conter o riso.

"Você não é amiga da Sra. Kittering porque não têm nada em comum, minha pombinha. Você e Daniel gostam de verde, isso os aproxima."

Daniel puxou a mão dela. "Nós gostamos de pipas!"

Ela riu. "E de brincar de pegador!"

"Pique-pega!" ele disse, empurrando o ombro dela.

A pequena cabeleira cacheada deu um gritinho. "Tenho que pegá-lo, papai!"

"Vai!" ele exclamou.

Hermione correu, suas perninhas a levando tão rápido quanto podiam pelos campos de grama. Ela correu atrás de Daniel em círculos, seus pequenos risos soando como sinos de Natal. Ela correu e correu, preocupando-se apenas em alcançá-lo de volta. Nos campos com seus pais e seu amigo, Hermione sorriu e riu, pois era tudo o que precisava fazer. Simplesmente estar cheia de alegria era suficiente.

Às vezes, ela preferia os pesadelos, pelo menos então ela sabia o que fazer. Quando acordava de um sonho, de sua vida de outrora, sentia o peito se contrair. Depois de um pesadelo, ela fumava, relembrava tudo o que havia feito de errado. Depois de um sonho, tudo o que podia fazer era deitar-se imóvel na cama e olhar para o teto vazio. Ela pensava em tudo o que poderia ter sido, como sua vida teria sido se nunca soubesse que era uma bruxa.

Ela teria frequentado a escola secundária, sido a nerd sabichona. Talvez ela tivesse namorado Daniel, apenas porque o conhecia. Ele era seu amigo há mais tempo, ela o veria durante os verões em casa. Ele era simples, de fácil convívio. Não havia nada complicado em Daniel ou em sua casa em Notting Hill. Não havia nada complicado em passeios pelo bairro ou em alimentar os pássaros. Simples era o que ela sempre pensou que sua vida seria. Tão simples que talvez ela se casasse com Daniel. Eles se mudariam para um apartamento perto da universidade, onde ela estudaria para se tornar funcionária pública. Ele a receberia em casa com beijos fáceis e eles falariam sobre as notícias.

Seus pais ficariam felizes por ela. Eles amavam Daniel. Seus pais eram amigos. Ela encontraria um vestido de casamento com sua mãe, seu pai a levaria ao altar. Eles se casariam em uma igreja diante de suas famílias. Então, alguns anos depois, ela teria filhos, um ou dois. Isso era para ser sua vida. Universidade, casamento, filhos.

A vida agora era pisar na linha entre moralmente errado e aceitavelmente certo. Era lutar contra seus demônios internos e sofrer com sonhos lindos. Era ouvir Ginny rir e sentir os pulmões doerem porque ela não podia. Era ter dias em que levantar da cama era o melhor que podia fazer. Era todo mundo olhando para ela com cara de estranheza quando ela não falava na aula ou perguntavam como ela estava se comia apenas um pedaço de torrada. A vida agora era convencer a si mesma de que tudo se resolveria. Que Draco era temporário, que ela seria capaz de consertar o braço, que ela poderia perdoar Ron.

Various Storms and Saints | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora