Capítulo 12 - Pov. Pran - Parte 1

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Encarei meu reflexo distorcido no espelho, lutando para conter o turbilhão de emoções que me inundava. A água escorria pelo meu rosto, levando consigo algumas lágrimas. Minha respiração era irregular, sufocada, uma tentativa desesperada de dominar os tremores que percorriam meu corpo.

Minha barriga doía porque, quando a porta do banheiro se fechou após sua saída, as lágrimas e os soluços que segurei durante toda a nossa conversa transbordaram em mim com toda a sua fúria. 

Eu o havia deixado partir... E perceber a realidade que eu havia criado com minha mentira doía demais. Mas era isso que eu queria, mantê-lo longe de mim. Então, por que doía tanto?

Apertei minhas mãos na bancada da pia. Ainda conseguia sentir o calor do seu corpo nelas. Quase fraquejei momentos atrás, quando o hálito quente de seus lábios foi de encontro ao meu rosto. Quase sucumbi aos meus desejos de beijá-lo, de tê-lo para mim mais uma vez, de sentir o seu gosto.

Por que ele pediu permissão? Por que ele fez aquela pergunta? Tudo teria sido mais fácil se ele apenas tivesse me tomado. Porque, por mais que minha razão gritasse em minha mente que eu não queria, por mais que minha razão tivesse mentido para ele, em meu coração eu sentia... Eu queria muito beijá-lo.

Mas agora, eu havia o deixado partir cheio de dúvidas e com uma quase confirmação mentirosa do que eu não havia feito. O olhar de repulsa que ele me lançou quando, em meio à confusão, entendeu que eu já tinha dormido com o Sailom, me fez sentir nojo do meu próprio corpo.

Ele, agora achava que não, mas havia sido o único que havia me tocado, e aquele desejo que sentia por ele, jamais senti com mais ninguém. Ainda era nele que eu pensava quando me masturbava. Era o seu corpo invadindo o meu que vinha a mente antes de gozar.

Eu estava trancado naquele banheiro há tanto tempo que já havia perdido a noção do tempo. A porta estava aberta, mas eu me sentia aprisionado, envolto em uma teia de mentiras que eu mesmo construí. Por quanto tempo mais eu poderia continuar assim? Por quanto tempo mais eu poderia ignorar a verdade que ecoava dentro de mim? Eu conseguia esconder minhas emoções habilmente, mas até quando? Ninguém realmente sabia, ou pelo menos eu achava que não sabia, exceto talvez pelo olhar penetrante dele, que parecia enxergar através de mim.

Com esse pensamento assombrando minha mente, respirei fundo, molhando minhas mãos e meu rosto pela última vez antes de reunir coragem para sair daquele banheiro. O sol da tarde envolvia o céu com seu brilho caloroso, e uma brisa suave acariciava meu rosto. Era hora de enfrentar o que quer que estivesse a minha espera do lado de fora.

Com um nó apertado na garganta, dei um passo hesitante em direção a porta. Cada passo parecia uma batalha interna entre a vontade de enfrentar a realidade e o desejo de continuar escondido naquela falsa sensação de segurança. Eu sabia que não podia mais adiar o inevitável, que precisava confrontar a verdade que há tanto tempo tentava ignorar.

À medida que saía do banheiro, a luz do sol inundava o pátio, destacando as sombras ao meu redor. Era como se a luz não apenas revelasse o ambiente ao meu redor, mas também os cantos mais obscuros da minha própria mente.

Respirei fundo mais uma vez, tentando reunir toda a coragem que tinha dentro de mim. Não seria fácil, eu sabia disso. Mas continuar fugindo da verdade só prolongaria meu sofrimento. Era hora de encarar meus medos de frente e aceitar quem eu realmente era.

Fui direto para o estacionamento porque não conseguiria encará-lo durante as aulas. A simples ideia de estar na mesma sala que ele, depois do que aconteceu, era o suficiente para fazer meu estômago revirar de ansiedade. Além disso, já havia perdido mais de uma aula naquela tarde, o que só aumentava minha sensação de desorientação e desespero.

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