Capítulo 21 - No sofá - Parte 2

154 21 151
                                    

Engoli em seco quando percebi que ele esperava minha resposta. Seus olhos negros me fitavam com um brilho esperançoso que me deixava desconcertado. Eu não sabia como responder, e ainda menos o que dizer, pois parecia que as palavras haviam desaparecido completamente de minha mente.

Eu sentia minha garganta seca, minhas mãos suavam e meu coração batia de forma tão descompassada que eu perdia o ar a cada respiração.

O toque... Seu toque em meu joelho enviava tantos sentimentos para o meu corpo que me deixavam paralisado, imóvel. Eu sentia a quentura de seus dedos novamente, lembrando-me o quanto eu o tinha desejado. O quanto eu ansiava por sentir aquela sensação novamente e o quanto isso me perturbava.

Tinha ansiado por aquele toque por mais de um ano e agora, que realmente podia senti-lo, não sabia como reagir.

O silêncio tomava a sala, e meus pensamentos gritavam que ele estava ali, que estávamos juntos e sozinhos, me entorpecendo de alguma forma quase insuportável.

Ele permanecia em silêncio, aguardando minha resposta, seus olhos penetrantes tão fixos nos meus que eu sentia meu rosto corar levemente, desejando fervorosamente desaparecer.

Eu lutava para reunir coragem suficiente para formular uma resposta coerente. Cada segundo de hesitação pesava sobre mim, enquanto seus olhos negros continuavam a sondar minha alma em busca de uma reação. Era como se estivéssemos presos em um mundo à parte, onde apenas nossas respirações e os batimentos descompassados dos nossos corações ecoavam naquele ambiente carregado de tensão.

Minha mente estava em turbilhão, incapaz de processar qualquer pensamento coerente. O silêncio ao nosso redor parecia crescer, preenchendo o espaço entre nós com uma pressão quase tangível. Cada batida do meu coração ressoava como um tambor, ecoando no vazio da sala. Me sentia como se estivesse em um filme, onde o mundo ao meu redor desacelerara e tudo dependia da minha próxima palavra. No entanto, eu permanecia paralisado, incapaz de formular qualquer som além do rugido ensurdecedor do silêncio.

- Você não vai me responder? - Pat perguntou, quebrando mais uma vez o silêncio. Sua expressão evidenciava uma ponta de decepção diante da minha hesitação.

- Eu não... eu...

- Pran... - Ele me chamou, sua voz saindo arrastada e baixa. - Eu sei que você também quer, o que está te impedindo?

-Eu só... Não tenho certeza se isso dará certo, Pat. - Falei finalmente. - E ainda há a questão da sua...

- É por causa do meu relacionamento com a Film que você está hesitando? - Ele me olhou confuso.

Senti uma pontada de raiva, pois aquela pergunta era muito óbvia. É claro que o fato de ele ter uma namorada era um impedimento. E eu não estava disposto a ser a segunda opção ou um caso de alguém. Se não fosse para tê-lo por completo, preferia não ter nada e continuar a viver minha vida, escondendo todos esses sentimentos até que, eventualmente, desaparecessem. Porque em algum momento, eles desapareceriam, certo? Eu me questionava.

Não sabia dizer exatamente quando percebi que o que sentia por Napat era diferente, nem quando a raiva e o ódio que alimentava por ele se dissiparam. Apenas tinha a certeza absoluta de que todos esses sentimentos tinham surgido dentro de mim muito antes do dia da festa. Tentei, após tudo isso, esquecê-lo de todas as formas possíveis, e em todas elas fracassei miseravelmente. Agora, descobrir que talvez ele também pudesse sentir o mesmo por mim me deixava completamente sem reação, pois jamais imaginei que o que tivemos pudesse ter sido recíproco.

- Pran? - Pat me chamou novamente, fazendo-me encará-lo. - Lembra quando estávamos no banheiro mais cedo, e eu disse que tinha algo para te contar?

- Sim. - Respondi, relembrando a breve conversa que tivemos, interrompida pelo Korn.

Corações RebeldesOnde histórias criam vida. Descubra agora