Capítulo 28 - Linha Tênue

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- Pran, falta muito para você terminar? - Perguntou Pat, sua voz impaciente e entediada ressoando quase como um sussurro em meus ouvidos, fazendo meu corpo estremecer ao sentir sua respiração próxima, o que me tirou a concentração do meu dever.

- Não, não falta muito. - Respondi, lutando para manter a compostura e concentrar-me no trabalho da faculdade.

- Se você me deixasse ajudar, já teríamos terminado. O trabalho é em dupla, mas você insiste em fazer tudo sozinho. Logo vai estar tarde e você vai me expulsar do seu apartamento. - Ele se remexeu no sofá, visivelmente irritado.

- Se você continuar me distraindo, vou demorar ainda mais. - Declarei, tentando manter o foco.

- Você está demorando de propósito, só para me enrolar. Aposto que se eu tivesse deixado você fazer o trabalho com aquela garota, como o professor queria, você teria permitido que ela te ajudasse e já teriam terminado. - Ele disse, com uma expressão emburrada.

- Você está com ciúmes da Namtan? - Virei-me no chão, encarando-o com determinação.

Em outros tempos, eu gargalharia com todo o drama e ciúmes sem sentido que Napat sempre fazia quando mencionava a garota que teimava em se sentar ao meu lado na sala. 

Hoje, após o almoço, como não permiti que Pat se sentasse comigo devido às broncas dos professores e à atenção que ele havia atraído para nós de manhã, ela aproveitou a oportunidade e quase jogou os livros na mesa ao meu lado quando outra garota tentou ocupar o lugar.

Na verdade, eu não entendia por que ela insistia tanto em se sentar perto de mim. Nunca tínhamos trocado mais do que algumas palavras, e Napat sempre a intimidava com seu olhar quase assassino, o que faria qualquer outra pessoa correr na direção oposta. No entanto, ela parecia encarar toda a intimidação de Napat como um desafio pessoal e sorriu satisfeita quando percebeu que ninguém a expulsaria dali naquela tarde.

Napat até ameaçou levantar da mesa para tirá-la de lá, mas desistiu quando o fuzilei com os olhos, irritado porque ele não tinha me contado sobre o que passou metade do almoço conversando com a Film.

E minha irritação tinha se acumulado ao longo da tarde até agora. Este era o motivo pelo qual eu não ri quando ele demonstrou ciúmes por uma garota que eu jamais teria interesse.

Desde que voltamos da faculdade para o meu apartamento, eu fiquei aguardando ele se pronunciar, esperando que falasse sobre o que tinham conversado, enquanto enrolava no meu dever só para dar mais tempo para ele dizer algo. Mas Napat agia como se nada tivesse acontecido naquele dia, o que só aumentava minha irritação, frustração e insegurança.

- Você sabe até o nome dela? - Ele se sentou abruptamente no sofá, seus olhos faiscando de indignação.

- Eu perguntei o nome dela hoje. - Disse eu. - Com certeza, ela seria uma colega de trabalho mais silenciosa que você. - O provoquei, num tom irritado.

- Pran, você está tentando me irritar para que eu vá embora? - Pat franziu o cenho e cruzou os braços, claramente irritado. - Você está com medo de ficar sozinho aqui comigo, já que o P'Sailom não está em casa? É por isso que está me provocando e enrolando para terminar esse trabalho?

- O quê? - Exclamei, confuso.

- Você está com medo porque estamos sozinhos e pensa que eu vou aproveitar para dar em cima de você? É por isso que está tentando me irritar? Quer que eu vá embora? - Pat pareceu magoado ao perguntar.

- Napat, do que você está falando? - Perguntei, irritado, percebendo a confusão em seus olhos. - Eu não estou tentando te irritar, é você que está me irritando com seu silêncio. Estou esperando o dia todo para saber o que conversou com a Film, e você não diz nada. - Finalmente desabafei.

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