Capítulo 13 - Pov. Pran - Parte 2

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- Sailom, vamos logo! Vamos nos atrasar! 

Enquanto tentava controlar minha impaciência, verificava constantemente o relógio no pulso. Odiava atrasos. Embora não estivesse realmente com vontade de ir para a faculdade, sabia que era a melhor escolha. Sabia que teria que vê-lo na aula hoje e, provavelmente, nos cruzaríamos pelos corredores. Não me sentia pronto para isso.

A ideia de encontrá-lo depois de tudo o que aconteceu mexia comigo. Queria evitar qualquer contato, mas ao mesmo tempo, uma parte de mim desejava vê-lo, mesmo que agora, eu só pudesse olhar para ele de longe. Tinha sido minha escolha, eu tinha optado por isso, tinha o afastado, quando na verdade, nunca estivemos próximos o suficiente para que esse afastamento fosse algo significativo.

Se ele seguisse suas últimas palavras direcionadas para mim, eu seria ignorado por ele. Agora, só me restaria seu desprezo. Não é como se, ao longo dos anos, eu tivesse tido qualquer outra coisa dele além de brigas, apostas, desprezo e raiva. Mas seria a primeira vez que eu viveria sem suas implicâncias. Durante o ano que estive longe, senti falta delas, mas agora teria que viver sem elas para sempre.

- Estou pronto. - Sailom falou após sair do banheiro. - Desculpa a demora, mas era um problema urgente que tinha que resolver. - Ele disse sem um pingo de vergonha, enquanto acariciava sua barriga. - A comida de ontem não me fez bem. - Revirei os olhos e joguei sua mochila nos seus braços e tentei conter o riso.

- Vamos!

Caminhei rapidamente pelo corredor vazio do prédio, o eco dos meus passos ressoando nas paredes. Cheguei ao elevador e apertei o botão, ansioso para chegar ao meu destino. Enquanto esperava, senti uma onda de impaciência crescer dentro de mim. O calor do corredor parecia se intensificar, e eu podia sentir a pressão aumentar a cada segundo que o elevador demorava a chegar.

- Por que você está tão nervoso? - Sailom perguntou.

- Eu perdi aula ontem, não quero perder hoje de novo. Sem falar que eu odeio me atrasar. - Falei.

Eu sentia uma pontada de irritação por Sailom estar demorando tanto para se aprontar para irmos a faculdade. Mas, ao chegar no estacionamento, percebi que minha irritação com ele era insignificante comparada à raiva que senti ao ver minha moto nova jogada no chão. Instantaneamente, meu coração acelerou, e uma onda de desespero e ira me atingiu. Era como se todo o meu dia, que ainda estava começando, tivesse desmoronado em um instante.

- Mas que porra é isso! - Sailom exclamou, sua voz carregada de indignação. - Destruir minha moto, até entendo, mas o que você tem a ver com isso? Eu vou acabar com aquele filho da puta desgraçado! - Ele parecia à beira da explosão, seus olhos faiscavam de raiva.

Enquanto ele soltava palavrões e se agitava ao meu lado, eu lutava para acalmar minhas mãos trêmulas e clarear minha mente. O barulho de ontem... Aquela coisa que me tirou do sono, agora martelava na minha cabeça sem parar. Lágrimas de estresse encheram meus olhos, e meu coração batia mais rápido conforme a verdade começava a se formar na minha cabeça confusa. Era a minha moto, sem dúvida. A luz fraca, o ronco do motor... tudo fazia sentido agora. Uma sensação de impotência me dominou, misturada com raiva e tristeza. Naquela noite escura, minha mente estava turva pelo sono, e eu não tinha provas concretas para confirmar nada. Mas algo lá no fundo de mim, algo instintivo e visceral, sabia a verdade. Meu coração doía enquanto a quase certeza me fazia sentir meu mundo desabar.

Me agachei para levantar a moto e avaliar o estrago que ela tinha sofrido. O espelho retrovisor do lado esquerdo estava quebrado, a manopla estava arranhada e ela apresentava vários amassados e arranhões em sua lateral. Se meu pai visse minha moto agora, ele ficaria extremamente decepcionado ao perceber que em menos de uma semana, eu já a havia danificado. Respirei fundo, me sentindo péssimo.

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