Capítulo 15 - Kang

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Pov. Pat 


- Porra! Por que você se meteu na frente dele? - Kang gritava, ainda irritado.

Eu o olhava, também sentindo raiva. Sentia raiva pelo soco que doía no meu maxilar, raiva ao ver uma multidão de alunos ainda nos observando, raiva pelo Kang levantar a mão pro Pran, e raiva quando ele viu o chupão ridículo que a Film tinha deixado no meu pescoço. Sentia raiva por tê-lo deixado partir com outro.

E ao mesmo tempo, sentia um alívio avassalador. Alívio por ter chegado a tempo de protegê-lo antes que o soco de Kang o atingisse. Mesmo com a dor latejando em meu maxilar, não me arrependia. Não permitiria que ninguém o machucasse, especialmente quando eu estava por perto para protegê-lo.

Meu coração pulsou com aquela determinação. Uma batida forte, descompassada e lenta. Quando foi exatamente o momento em que senti que deveria protegê-lo? Nós sempre brigávamos antes, mas desde que ele voltou, deixamos as palavras de ofensa de lado e não partimos mais para a agressão. Não sentia vontade de agredi-lo. Era como se tivesse perdido o interesse em nossas brigas, que antes daquela maldita festa, sempre me empolgavam.

Talvez pelo fato de tê-lo visto dormir em meus braços. Ele estava tão fraco e vulnerável enquanto dormia, totalmente exposto e nu depois de termos feito amor pela primeira vez. Ele dormia profundamente, enquanto eu sentia o calor do seu corpo exposto me aquecer, e aquela visão ficou gravada em minha mente. Eu estava embriagado naquela noite, mas me lembro de ter ficado por um bom tempo o admirando. Até que a música do andar de baixo parou e a casa ficou em completo silêncio. Eu não conseguia dormir, mesmo estando cansado, e aquela insônia era apenas o efeito da minha euforia, porque simplesmente não conseguia acreditar que o que tínhamos feito tinha sido real.

Ele tinha sido meu naquela noite. E eu vi um Covinhas que nunca pensei que veria. As máscaras tinham caído, e naquela noite eu consegui admirá-lo em sua mais íntima essência, aquela que ele nunca tinha mostrado para ninguém.

Meu peito palpitava inquieto, enquanto minha mente se arrependia pelo tempo que eu havia perdido. Nós tínhamos desperdiçado muito tempo brigando sem motivo, e enquanto eu acariciava seu corpo enquanto ele ainda dormia, eu me perguntava como seria diferente se tivéssemos nos permitido esses momentos de intimidade antes. Talvez não teríamos vivido tantos desentendimentos, ou talvez nossa ligação fosse ainda mais forte. Mas com ele ali, vulnerável em meus braços, eu sabia que precisava protegê-lo de tudo o que poderia machucá-lo. Era como se naquele momento, eu tivesse descoberto uma nova determinação, uma nova missão: cuidar dele, mesmo que isso significasse lutar contra mim mesmo.

- Você conhece aquele desgraçado, Pat? - Sua voz soava carregada de ódio e frustração.

Kang estava visivelmente alterado. Seus olhos faiscavam de raiva enquanto aguardava minha resposta.

- Ele já foi embora, Kang. Se acalme. - Eu gritei em repreensão, minha voz firme e determinada.

- Foi embora por sua causa. - Ele apontou um dedo acusador para mim, sua expressão contorcida pelo rancor. - Você se meteu na porra da briga...

- Não culpe os outros por sua própria violência, Kang. - Minhas palavras cortaram o ar com firmeza, minha determinação inabalável. - Você viu como você deixou o P'Sailom? Qualquer pessoa com um mínimo de justiça teria enfiado a mão na sua cara também.

- Ele que me provocou! - Ele gritou, seu rosto corado de ira. - Ele que veio me acusando, dizendo que eu tinha quebrado a moto daquele filho da puta! Eu não o conhecia, então por que eu faria isso?

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