Capítulo 25 - Competindo

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- Anda logo, Napat! - Falei o apressando, enquanto olhava nervosamente em volta, consciente do risco iminente.

- Calma! Eu só estou verificando se não tem nada danificado. - Ele respondeu, sua voz calma contrastando com a tensão no ar, e voltou a verificar as motos enfileiradas, concentrando-se intensamente.

- Pega só a sua moto. Você pode muito bem fazer isso em outro lugar. Aqui é muito arriscado! - Insisti, tentando controlar a ansiedade que crescia em mim.

- Eu tenho que verificar se meu freio está funcionando, Covinhas! E se depois da briga eles voltaram aqui e mexeram na minha moto, na moto do Kang ou na moto do P'Sailom? - Pat explicou, sua voz carregada de preocupação enquanto se dedicava meticulosamente à inspeção das motos.

Ele se abaixava e averiguava cada uma delas com um cuidado cauteloso, examinando os cabos, sistemas elétricos e pneus de cada uma. Sua atenção minuciosa prolongava o processo, e cada minuto que passava eu me sentia mais agoniado. 

Estávamos exatamente em frente ao bar onde Wai trabalhava, e o horário de abertura se aproximava. A rua ainda estava relativamente tranquila, mas a tensão no ar era palpável, como se o ambiente estivesse à espera de uma tempestade iminente.

Os ponteiros do relógio pareciam avançar em ritmo acelerado, enquanto Pat continuava sua inspeção minuciosa nas motos. Um frio percorria minha espinha, alimentando o medo crescente de que Wai pudesse aparecer a qualquer momento. Se ele nos visse juntos mais uma vez naquele dia, seria o fim. Eu não teria mais chances para tentar encontrar uma desculpa e teria que enfrentar a verdade.

Por outro lado, eu entendia perfeitamente a preocupação de Pat, especialmente porque não fazíamos ideia do que aqueles caras poderiam ser capazes de fazer. 

Eu testemunhei toda a briga, e eles não demonstraram nenhum sinal de piedade ou remorso ao atacar. A forma como espancaram e agrediram Kang, sem demonstrar qualquer compaixão, deixou-me apreensivo. Os hematomas no rosto de Pat eram apenas uma reafirmação de sua preocupação, uma marca visível do perigo real que enfrentaram.

Eles não hesitariam em o atacar novamente se tivessem a chance, e isso tornava cada momento ao ar livre uma fonte de ansiedade crescente. A sensação de vulnerabilidade aumentava a cada segundo, como se estivéssemos expostos em um palco, aguardando algum desfecho incerto.

- Napat, se o Wai nos ver juntos de novo, estaremos fodidos! - Exclamei, preocupado. - O bar vai abrir daqui a pouco, e ele pode aparecer a qualquer momento.

- Já estou terminando! - Ele avisou, aborrecido. - Depois da confusão de ontem é provável que o bar nem abra hoje.

- Eu não quero ficar aqui para descobrir se ele vai abrir ou não. - Falei, cruzando os braços e apoiando-me na minha moto. - Na verdade, nem sei por que estou esperando por você, já que vou voltar sozinho.

- Você não vai voltar sozinho! - Pat se levantou, lançando-me um olhar determinado.

- Eu só te dei uma carona até aqui, Pat! - Falei, franzindo o cenho, demonstrando claramente minha irritação.

- Eu estava pensando que andaríamos de moto juntos depois.

- Andar de moto? Você esqueceu que amanhã nós temos aula? 

- Ainda está cedo, Covinhas. - Ele falou, observando o céu que lentamente se tingia de azul e laranja. - Por que não quer andar de moto? Está com medo de perder um racha para mim? - Seu sorriso era carregado de confiança.

- Está me desafiando, Napat? - Apoiei o braço em minha moto, arqueando uma sobrancelha com um misto de desafio e provocação.

- Não sei... - Ele deu de ombros, como se estivesse fingindo desentendimento, e caminhou em minha direção com aquele maldito sorriso torto nos lábios. - Da última vez que competimos, acabamos ficando juntos no meu quarto. Se eu puder testar minha sorte mais uma vez... então, sim, estou te desafiando, Covinhas. - Seu sorriso transbordava confiança, enquanto mordia os lábios, provocando uma agitação de borboletas em meu estômago.

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