70 × we won everything!

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Faltava um dia para o último jogo

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Faltava um dia para o último jogo. Eu estava nervoso, ansioso e com medo. Medo de algo acontecer, medo de errar um passe importante e decepcionar todos. A minha lista de ameaças aumentava a cada dia, Luna recebia as mesmas ameaças, os meus pais e a minha irmã também.

Respirei fundo mais uma vez e chutei com força a bola, Rafael conseguiu defender. Só tinha nós dois no campo, estávamos treinando pênaltis, na verdade só ele treinava, a minha cabeça estava longe.

— Rodrigo. - Rafael chamou a minha atenção. — Já deu por hoje.

Sentei no gramado, bebendo um pouco de água e depois jogando um pouco no rosto, Rafael sentou do meu lado, em silêncio.

— Como você consegue? - perguntei, olhando para o goleiro.

— Consigo o que? - ele respondeu com outra pergunta.

— Conviver com as críticas e as ameaças. - respondi, agora olhando para os meus pés.

— Eu passei dezoito anos sendo reserva, eu posso contar quantas vezes eu fui titular ou tive que substituir. - o goleiro começou a me explicar. — Sabia que eu sou formado em duas faculdades e quase terminei a terceira? - neguei com a cabeça. — Eu pensei em desistir, quando o São Paulo entrou em contato com o meu ex-empresário, eu já havia decidido que iria parar de jogar.

— E por que não desistiu? - olhei para ele, que brincava com as luvas que havia tirado.

— Sabe aquela incerteza que você sentiu quando estava na base e não sabia se subiria, se seria vendido ou se desistiria? - respondi que sim. — Eu estava assim, principalmente porque é mais difícil goleiros serem vendidos para o exterior e a maioria se aposenta no clube que estão atuando.

— Por isso que você fez faculdade? - ele concordou. — Eu nunca parei para pensar o que eu queria fazer se eu não desse certo no futebol.

— Sabia que foi a Luna que me aconselhou a ir conversar com a psicóloga?

— Porque eu não estou surpreso. - dei uma risada.

A Luna sempre ajudou todo mundo, sempre colocava as pessoas em primeiro lugar e depois ela cuidava dela mesma.

Ficamos em silêncio por mais algum tempo, eu sentia que deveria esquecer tudo aqui, focar no último jogo e principalmente, no meu futuro filho. Eu ainda não acreditava que seria pai, toda vez que eu olhava aquela caixinha, eu sentia que a minha vida fazia sentido agora. Meus pais estavam tão felizes, minha mãe não parava de falar como ela estava feliz, porque sempre soube que eu e a Luna acabaríamos juntos.

— Mudando de assunto. - Rafael chamou a minha atenção. — Já escolheram os padrinhos?

— A minha irmã e o Pedro.

— Faz sentido. - ele falou. — Só quero ver quando você avisar os caras, já está rolando briga.

Eu neguei rindo, ontem Diego e Beraldo começaram a brigar sobre quem seria o padrinho. Rafinha teve que chutar uma bola nos dois para parar com a briga.

✔︎ | podcast × rodrigo nestorOnde histórias criam vida. Descubra agora