Capítulo 3

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Depois de comer eu me separei de Hefesto, segui até o quarto e me lancei na cama.

— Quero voltar. Acorde. Isso já não é divertido — Murmurei abraçada ao travesseiro.

— Ainda faltam duas noites e três dias, querida criatura — Me sentei assim que ouvi a voz de Afrodite. Ela estava sentada na janela.

— Você me levará de volta, não é?

— Certamente, ou melhor, depende.

— Quê?

— Em um único dia você já espalhou tantos rumores sobre mim, que estou irritada agora mesmo. Não sei se te mato, ou te exponho para esse monstrengo.

— Que rumores?

Afrodite gargalhando pulou da janela e se deitou na cama.

— Que eu, a majestosa deusa do amor tive uma noite ardente com o horrendo filho de Hera, deixei ele me possuir inteira, e ainda tivemos um encontro romântico pelos corredores da mansão de Zeus e Hera. Pelos deuses, humana. Se abstenha de fazer coisas vulgares entre Hefesto enquanto está com meu rosto.

— Isso não se repetirá.

— Assim espero. Ah! Fiquei sabendo que ele construiu para mim uma cinta mágica. Você não...

— Não, eu não toquei em sua cinta, senhora deusa do amor — Afrodite sorriu de bom humor.

— Só mais três dias, e você voltará para casa, e eu anularei esse maldito casamento.

— Ele te ama — revelei

— E quem não?

— Ele é um homem maravilhoso — continuei

— Manco, bruto e intimidante, você quer dizer. Não me diga que se apaixonou por ele? Oh! Que triste, querida criatura. Você não é desse tempo, além do mais, o que acha que Hefesto fará se descobrir você? Ele é bem vingativo, ainda mais vingativo que eu.

— Eu não me apaixonei, como alguém se apaixona em um dia? Só em livro isso acontece.

— É raro, mas acontece — dito isso ela saiu do quarto.

Voltei a me deitar.

"eu não me apaixonei, eu não me apaixonarei..." repeti mentalmente antes de adormecer.

***

Senti um corpo duro ao meu redor, me virei, dando-me de cara com o peitoral de Hefesto, que dormia placidamente comigo em seus braços, seu corpo quente me fez querer voltar a dormir, porém, o feitiço de Afrodite se desfez. Diante da luz das velas eu pude ver o meu cabelo castanho, meus seios fartos, minha barriga rechonchuda, olhei para ele, assustada, temendo ser pega em flagrante, ele ainda dormia, e pela tranquilidade em que se encontrava, provavelmente não tinha notado a mudança. Tentei me desvencilhar de seus braços, mas foi inútil, puxei o lençol para me cobrir inteira.

Quando senti que estava completamente escondida o chamei, primeiro por seu nome, depois por querido, meu amor, ele se acordou no "meu amor".

— Apague as velas, por favor.

— Te incomoda?

— Sim, eu prefiro a escuridão — dessa vez ele as apagou em um estalar de dedos, suspirei de alívio e me desenrolei, os olhos dele brilharam na escuridão, pareciam me enxergar perfeitamente, embora estivéssemos no escuro.

— Quando você chegou?

— Pela tarde.

— Devia ter me acordado.

CINCO NOITES COM UM DEUS GREGOOnde histórias criam vida. Descubra agora