Capítulo 16: Você largou minha mão!

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LEIA AO SOM DE "ALL TOO WELL - 10 minutes version"

  Quando anoiteceu, peguei um Uber e fui direto para a mansão de Robert em Beverly Hills. Fazia uns dias que não passávamos um tempo juntos. Ambos estávamos muito ocupados.
  Naquela noite, seria uma boa oportunidade de colocar as coisas na mesa e falar a respeito de Suki. Tudo bem que nós dois não tínhamos assumido nada ainda, mas seria uma tremenda falta de respeito se ele tivesse se envolvido com ela. Eu precisava ser sábia para contornar essa situação.
Assim que cheguei em seu endereço, percebi um movimento estranho na casa, tinham mais carros estacionados na garagem e dava para ouvir um falatório bem alto vindo de dentro.
Hesitante, apertei a campainha uma vez. Ninguém atendeu. Depois pressionei mais uma vez durante mais tempo. Então, finalmente Robert abriu para mim.

— Oi. — Ele me pareceu meio desconfiado, mas eu não quis entrar nesse ponto.

— Oi, posso entrar?

— Claro, entra.

Adentrei a mansão dando passos lentos. Ouvi um baita barulho vindo da sala de jantar. Vozes de homens, vozes de mulher, sons de talheres batendo em pratos. Eu estava por fora do que estava acontecendo.

— Quem tá aqui? — Perguntei a ele com o cenho franzido. Visivelmente desconfortável.

— Uns amigos meus. — Robert passou a mão no cabelo.

— Amigos? Pensei que seríamos só nós dois hoje...

— Eles chegaram de surpresa. Sinto muito.

— Tudo bem.

— Você tá chateada?

— Não, claro que não. Vai até ser bom eu conhecer seus amigos, não é?

— É... — Seu tom não me repassou confiança, mas relevei assim mesmo.

Chegando na sala de estar, Robert deu uma leve pigarreada para que seus amigos percebessem que eu estava ali. Todos eles, junto com suas esposas e namoradas, aparentavam ser uns 10 ou 15 anos mais velhos que eu. Eu me sentia como uma criança interrompendo conversa de adulto.

— Gente, essa aqui é a Rebeca. — Ele me apresentou.

Alguns me responderam com "oi" e "e aí", outros fingiram que eu não estava ali.

— É sua namorada, Rob? — Um deles perguntou. Se eu não me engano, seu nome era Tom.

Eu o olhei cheio de expectativas, esperando ansiosamente pela sua resposta.

— Não, é uma amiga. — Robert respondeu com pressa.

Falar aquilo foi como me dar um tapa na cara. "Amiga"? Era assim que ele me definia para os outros? Enquanto eu havia feito uma música para ele, ele me tratava como "amiga" pelas costas?
  Enfim, eu não ia deixar que a minha chateação acabasse com o clima do jantar. Enquanto eles conversavam sobre suas conquistas de trabalho, suas rotinas e suas ideologias, eu permanecia calada em meu lugar.
Vez ou outra, lançava um sorriso forçado ou fingia concordar com algo, apenas para me sentir incluída. Mas na maior parte do tempo, ficava olhando para o chão ou ficava cutucando as unhas para fugir do tédio.

— A Suki veio falar comigo esses dias, Rob. — Uma das amigas falou.

— É? — Robert me olhou de canto de olho e bebeu metade da sua garrafa de Heineken.

— Sim, ela ficou perguntando de você toda hora. Acho que ela ainda não te esqueceu.

— Bom... ela precisa esquecer. Não quero mais saber de mulher interesseira na minha vida.

I chose you // Eu escolho vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora