Capítulo 31: Fugir da realidade

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  Estávamos em Agosto. Suki tinha completado sua 16ª semana de gestação e nosso filho continuava crescendo perfeito e saudável. Ainda não havíamos decidido nomes para ele. Na verdade, nos últimos meses eu não conseguia decidir nada.
  Eu estava ficando cada vez mais deprimido com o passar do tempo. Desde que Rebeca e eu nos falamos pela última vez, eu me sentia diferente. Saber que eu nunca mais a teria de volta mexia com a minha cabeça. Saber que agora a minha vida estava resumida à Suki e ao bebê me faziam entrar em desespero. Sentia que a felicidade tinha me abandonado.
  Depois de muitos anos, eu tinha voltado a fumar, e também estava bebendo todos os dias. Eu havia me tornado um alcoólico viciado em nicotina novamente. E eu não me orgulhava disso. Mas a bebida e o cigarro eram meus únicos amigos atualmente, somente eles me faziam sentir alguma emoção.

  — Tô exausta... meus pés parece que vão explodir. — Suki murmurou quando chegamos em casa depois da sua consulta mensal no obstetra.

  Ela já estava quase entrando no quinto mês. Suki agora se cansava com muita facilidade e seus pés pareciam dois balões de tão inchados.

  — Só quero deitar na cama e dormir. — Ela disse tirando os sapatos e os jogando para longe.

  — Você vai precisar de mim? — Perguntei.

  — Não, por que?

  — Tom me chamou pra dar uma volta. — Respondi um pouco aflito. Suki quase nunca me deixava sair de casa.

  — Ok. — Ela deu de ombros.

  — "Ok"? — Fiquei sem acreditar. — Posso ir sem problemas?

  — Pode, ué. Vai ser bom eu ter um tempo só pra mim.

  — Tá, não volto muito tarde.

  — Demore o quanto quiser. Eu não me importo.

  — Tá bom. Até mais tarde. — Lhe dei um beijo
na cabeça. Eu evitava ao máximo beijar sua boca.

  — Até mais tarde.

  Nós dois também não costumávamos dizer "eu te amo" quando nos despedíamos. Não como antigamente.
  Tom e eu marcamos de nos encontrar no pub que Ana era dona. Então pedi ao meu motorista para me levar até lá. Não quis ir dirigindo porque os encontros com Tom sempre eram imprevisíveis. Na maioria das vezes, prometíamos que iríamos beber casualmente, mas no fim sempre acabávamos porres.
  Quando cheguei ao pub, não encontrei meu amigo. Talvez ele ainda estivesse chegando. Para não ficar entediado, decidi pedir um uísque para dar início à noite.

  — Robert? — Ouvi a voz de Ana ao meu lado. — Fazia tempo que eu não te via.

  — Oi. — Cumprimentei a melhor amiga da minha ex.

  — Você tá... diferente.

  Eu sabia que a expressão "diferente" era sinônimo de "feio" para ela. Eu não estava na minha melhor fase. Deixei o cabelo crescer, a barba estava mal feita e eu estava um pouco acima do peso.

 Deixei o cabelo crescer, a barba estava mal feita e eu estava um pouco acima do peso

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I chose you // Eu escolho vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora