Capítulo 27: Pagando os pecados

35 7 3
                                    

Ir ao estúdio gravar minhas músicas, que antigamente era tão prazeroso, estava sendo um pesadelo nas últimas semanas. O falatório sobre a gravidez de Suki não parava pelos corredores. Sempre que eu saía da sala de Jack, me deparava com alguém falando sobre a gestação dela.
Suki, obviamente, estava amando toda aquela atenção. Ela adorava quando passavam a mão na sua barriga e perguntavam sobre o bebê. O mais irritante era que ela sempre fazia questão que eu estivesse por perto para ouvir.

— Você já tá com quantos meses? — Uma pessoa, que eu não me dei o trabalho de reconhecer, perguntou a ela.

Eu estava comprando um energético na máquina de bebidas. Eu não tinha dormido nada nos últimos dias. Minhas olheiras estavam tão pretas e fundas que eu parecia um panda.

— Já tô entrando na oitava semana. — Suki respondeu cheia de orgulho. Rolei os olhos com força quando ouvi.

— E como você tá se sentindo?

— Ai, os enjoos são terríveis, tem dias que eu não quero nem sair da cama. Mas pelo menos o Rob tá cuidando de mim.

— Então vocês voltaram pra valer? — A pessoa questionou.

— Voltamos sim.

Meu estômago embrulhou tanto ao ouvir aquilo que eu não consegui me aguentar. Precisei sair correndo até o banheiro para vomitar.
Quando cheguei, me prostrei no vaso sanitário e coloquei tudo para fora. Como eu não estava me alimentando direito, não vomitei um volume muito grande, mas mesmo assim a sensação foi terrível. Parecia que minhas entranhas estavam se rasgando.
Eu tinha certeza de que não estava doente, muito menos grávida. Meu ato de vomitar foi 100% devido ao nojo e ao estresse que aquela mulher estava me causando. Ela queria me infernizar a todo custo.

— Rebeca? — Alguém me chamou do lado de fora.

— Já vou. — Respondi com muito esforço.

Levantei do chão, dei descarga na privada, lavei a boca e saí do banheiro. Era Taylor que me esperava do lado de fora. Nós estávamos nos encontrando com tanta frequência que eu nem me surpreendia mais com a sua presença.

— Você tá legal? Tá meio pálida. — A cantora colocou a mão na minha testa. — Você tá gelada.

— Eu tô bem. — Respirei fundo.

— Eu não sou psicóloga, mas... você está tudo, menos bem.

— Só é muita coisa na cabeça.

— Sei que é difícil passar por um término, ainda mais da forma que você tá passando. Mas você não pode se deixar abalar.

— Eu não aguento mais ficar nesse estúdio. Não aguento vê-la se gabando por estar grávida dele. É insuportável.

— Imagino que seja horrível. — Taylor alisou meu ombro.

— Nem sei se quero continuar com essa carreira musical. Não consigo me concentrar pra gravar a última música do álbum. Não consigo ter força pra cantar. Acho que essa vida nunca foi pra mim.

— Você não pode desistir!

— Taylor, eu não aguento mais. Tá sendo tudo tão difícil...

I chose you // Eu escolho vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora