Capítulo 18: O julgamento (Parte I)

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Era 8:00 da manhã quando cheguei ao fórum. Suki já estava lá com o seu advogado. Ela me olhou da cabeça aos pés por cima daquele seu narizinho empinado.

  — Tá bem? — Fred, meu advogado, me perguntou sussurrando.

  — Tô.

  — Não deixa ela te desestabilizar. Esse é o único objetivo dela hoje.

  — Eu sei disso.

  — Nós vamos vencer. Não se preocupe.

  De repente, na cadeira do juíz, sentou-se uma mulher de óculos que aparentava ter mais ou menos uns 35 anos. Ela era negra de cabelos lisos em um corte chanel. Seus lábios eram grossos e estavam pintados com um lindo batom vermelho. Suas expressões e seu modo de andar condiziam com uma mulher poderosa.

  — Essa é a juíza Michele Colson. — O advogado me falou. — Todo mundo tem medo dela.

  — Pensei que seria um juíz homem.

  — Eu também pensei.

  Não sei porquê, mas eu me senti segura com a presença daquela juíza. Por mais que o advogado dissesse que ela era o pesadelo de todos, eu gostei dela logo de primeira.

  — Bom dia a todos. — Ela se levantou, ajeitando a sua toga preta. — Sou a juíza Michele Colson e estarei acompanhando na data de hoje o processo da senhorita Rebeca contra a senhorita Alice Suki Waterhouse.

  — Será que essa era a única juíza disponível pra cuidar do processo? — Escutei Suki cochichar com o seu advogado. Claramente insatisfeita.

  Foi perceptível que a juíza arqueou a sobrancelha assim que ouviu Suki falar.

  — Senhorita Waterhouse, você só pode falar quando eu ordenar. Fui clara? — A juíza disse.

  — Sim, senhora.

  — Pra você, é "vossa excelência". — Ela ajeitou os óculos. — Para dar início, eu gostaria de ouvir as testemunhas.

  Eu não conhecia quase nenhuma das testemunhas que Suki escolhera. Quer dizer, eu conhecia algumas só de vista, eu já tinha visto elas no estúdio. Eram amigas de Suki.
  As testemunhas dela foram as primeiras a falar. Cada uma falava mais mentira que a outra. Eu estava torcendo para que a juíza não acreditasse em nenhuma daquelas calúnias ao meu respeito.

  — Suki nunca quis fazer mal a ninguém, eu a conheço a anos e sei que ela não é esse tipo de pessoa. Ela sempre quis ser amigável, gentil e humilde com todos em sua volta. — A terceira testemunha falou. — Já a Rebeca sempre foi hostil, todo mundo via isso no estúdio. Ela já chegou a agredir a Suki uma vez.

— Isso é mentira! Eu nunca fiz isso! — Eu disse desesperadamente ao meu advogado.

— E existe alguma prova dessa suposta agressão? — A juíza perguntou.

— Sim, meritíssima, existe. — O advogado de Suki se levantou. — Temos uma filmagem.

— Eu gostaria de analisar esse vídeo.

Sem delongas, uma pequena equipe colocou a tal filmagem para passar em uma televisão antiga que tinha no canto da sala.
O vídeo era proveniente das câmeras do estúdio e mostrava cenas que aconteceram por volta de um ano atrás. Foi o dia da minha festa de comemoração, quando eu ganhei um milhão de ouvintes do meu single.

I chose you // Eu escolho vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora