Já fazia quase uma semana desde que tudo aconteceu, mas parecia que o tempo não passava. Era como se eu estivesse vivendo aquele mesmo momento de dor todos os dias.
Eu não conseguia dormir, pois assim que fechava os olhos, começava a ter pesadelos com a perda do meu bebê e com a overdose Robert, que, a propósito, ainda não tinha saído do hospital.
Além de tudo isso, eu ainda tinha que me preocupar com o processo de Suki. Meu advogado me ligava dia após dia para me trazer atualizações da situação.
Eu estava estressada com tudo o que estava acontecendo na minha vida. Muito estressada. Mas eu decidi usar aquele estresse para finalizar verdadeiramente o meu álbum. Jack e eu já tínhamos concluído as produções, mas agora com a perda do meu filho... eu precisava escrever uma última música em sua homenagem. E assim fiz.
Nas minhas noites em claro, deixei meus sentimentos mais profundos me guiarem para escrever a canção. Eu sabia que essa música era extremamente triste e muitos fãs iriam achá-la pesada demais. Mas eu não tinha o intuito de agradar ninguém.— Oi, Jack. — Liguei para o meu produtor enquanto eu dirigia até o hospital para visitar Robert.
— Oi, amiga, tudo bem?
— Sim, tudo bem. — Menti. — Eu... tive uma inspiração nesses últimos dias e acabei escrevendo uma música.
— Mas seu álbum já tá finalizado. Inclusive, já tá quase pronto pro lançamento.
— Sei disso. Mas eu queria de verdade adicionar essa última faixa. É... importante pra mim. — Falei com o choro entalado na garganta. — É uma homenagem pra uma pessoa.
Ninguém sabia sobre o aborto, a não ser eu. E eu não pretendia contar de forma explícita para ninguém.
— Não sei se uma homenagem iria combinar com esse álbum. Quase todas as suas músicas falam sobre vingança, raiva e frustração.
— Por favor, Jack. Você sabe que eu não pediria se não fosse realmente importante.
Meu produtor ficou em silêncio por alguns segundos.
— Tá bom, me manda a letra ainda hoje e eu vou produzir o som.
— Não, não quero que você produza o som dessa. Eu já fiz um arranjo de piano pra essa música. Quero que use ele.
— Tudo bem, se prefere assim...
— Obrigada, Jack. Vou lhe mandar a música antes do anoitecer.
— Vou ficar no aguardo.
Assim que desliguei o telefone, outra pessoa me ligou. Só que, dessa vez, era o meu advogado. Ele me ligava dia após dia para me atualizar sobre a situação do processo que entrei contra Suki.
— Eu tenho ótimas notícias pra você. — Ele falou do outro lado da linha.
— O que?
— Conversei com a sua amiga Ana ontem e ela me liberou algumas gravações da câmera do pub dela.
— E daí?
— E daí que eu consegui encontrar as filmagens do dia em que a Suki foi procurar o Robert no pub. Os dois saíram juntos de lá no carro dela e seu namorado estava claramente bêbado, enquanto a Suki estava sóbria. Supostamente, esse foi o dia em que ela o drogou.
— Mas isso não é prova concreta. Ela não deve ter sido tão burra a ponto de drogá-lo em um lugar público.
— Sim, ela é esperta. Mas eu tenho um amigo policial. — O advogado disse com um tom de esperança. — Pedi pra que ele fizesse uma visitinha pra senhorita Waterhouse. Ele me garantiu que conseguiria as filmagens da mansão dela desse mesmo dia. Só pra confirmar se ela o dopou dentro de casa.
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I chose you // Eu escolho você
Hayran KurguRebeca é uma jovem brasileira de 22 anos que se muda para Los Angeles com um único objetivo de fazer intercâmbio. Já Robert, é um ator famoso de 37 anos bastante frustrado com sua vida amorosa. Os dois vivem realidades completamente diferentes, ma...