Entre Mundos

Capítulo| 17 •

May Silverton

Precisei me sentar, pois me sentia tonta e minha pele parecia mais pálida do que o normal. Minha mão ainda estava sobre a barriga, e com a outra, roia as unhas em busca de algum conforto. Estava tensa.

— Qual foi a última vez que a minha menstruação desceu? — murmurei para mim mesma, como se fosse capaz de responder à isso com clareza.

A verdade era, eu não fazia a minha ideia. Desde que caí neste maldito planeta, ela nunca esteve realmente regulada. Os dias pareciam passar mais rapidamente e ela vinha quando queria, mas de qualquer forma, vinha.

— Ah, droga! — me levanto quase num impulso, piscando rapidamente enquanto andava pela tenda, ainda de Zerath.

Já fazia quase um mês que o exército de Klaystaros estava em Yalak, e algumas semanas que estivemos juntos naquele buraco fora do acampamento. Minha mente não conseguia se desligar das palavras que ele havia dito, "ninhada.” A palavra ecoava como uma sombra pairando, incapaz de ser ignorada. O olhar intenso dele ainda estava gravado na minha mente, cada detalhe vívido, desde o tom de posse na voz até a certeza inflexível de que eu era sua — e, agora, possivelmente, de que ele estava dentro de mim de mais formas do que eu jamais imaginei. Uma parte de mim achava isso absurdo, e uma pequena voz tentava racionalizar tudo, relembrando que não éramos da mesma espécie, que isso era biologicamente impossível... certo? Mas meu corpo parecia menos confiante, talvez porque, no fundo, eu sabia que nada era “impossível” aqui. Tantas coisas que antes pareciam inimagináveis, desde este lugar, estes seres, até mesmo ele. Zerath.

Ainda assim, algo a mais martelava em minha cabeça. Já fazia tempo que eu não via o sinal do meu corpo que, antes de tudo isso, significava que eu não estava... grávida. Poderia ser o estresse, as mudanças drásticas, a nova vida, mas quanto mais eu pensava nisso, mais um sentimento ansioso se acumulava no meu peito, somado ao peso da dúvida. E não era só o medo de uma gravidez. Era o medo do que significaria ser mãe de algo — ou melhor, de alguém — nesse mundo, com ele.

— Um bebê alienígena. — murmuro, fitando algum ponto da tenda, mas logo balanço a cabeça negativamente e pego alguns couros cortados, tentando me vestir da melhor forma possível.

Eu ficaria louca se permanecesse aqui dentro por mais tempo. Precisava de ar puro, respirar e pensar. Era tudo o que meu corpo clamava, embora lá fora estivesse mais frio a cada dia que passava.

Caminhava em passos decididos, ignorando os olhares curiosos de quem estava por perto e me viu sair da tenda de Zerath. Se escutaram algo na noite passada, provavelmnte devem estar se perguntando o que aconteceu. Minha mente vaga e minhas bochechas coram levemente. Fodi com um alienígena, o general deles e desejado por elas. O peso do pensamento me esmagava mais do que as palavras.

Passei pelas acompanhantes que cochichavam, claramente lançando olhares em minha direção. Estava diferente, isso era nítido. Alguns meses atrás, eu abaixaria a cabeça e correria para algum canto qualquer, focando no trabalho e em como todos eles me menosprezavam. Agora, abro caminho entre elas. Minha mente estava um turbilhão.

— *Medonha!*

— *Olhe por onde anda, escória.*

Não respondo. Meu olhar vaga por todos aqueles seres de variados tamanhos e características únicas. O mero pensamento de carregar um bebê com chifres e um rabo me faz tremer. Não.