Meia-noite

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Meia-noite chegou

E o sino da esquina badalou

Paris, Londres, Moscou

Prestam homenagem às igrejas do Recife

Vaidosas da mais elevada estirpe.


Ouço os pássaros da noite

Um bêbado em seu luto

Cães latindo com ferocidade

Demônios sussurrando o obscuro

Eis a prova que nunca dorme a cidade.


Protegem os edifícios as gárgulas altivas

Esculpidas em tempos imemoriais

Por artesãos sem nome ou rosto.

Protegem contra crianças sem lar e comida

Confundidas com marginais.


O escaldante Nordeste já esfria

Para a alma que sofria.

Privado do sono

Não me sinto tão insosso

Borbulhando de ideias em anarquia.


Meia-noite soa diferente.

Não é gótica como as três da manhã

Nem familiar como uma tarde em Itapuã.

Sinto uma necessidade urgente

De tentar resolver a fúria do mundo.


Meia-noite torna evidente

A força da minha mente

Perante fantasmas, demônios, gárgulas.

Que posso lutar contra meus anseios

Sem precisar crer em deleites de fábulas.

Minhas Noites de InsôniaOnde histórias criam vida. Descubra agora