Noites Brancas

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Me encontro na escuridão.

Caminho apenas com uma pequena luz

Em meio a esse sertão.

Embrenhado na mata

Desço a escada

Do inconsciente

Na noite calada.


Ah! Não sei o que é estrela

E o que é satélite! Nada que facilite

Meu encontro com o celeste.

Distante passa um carro

E as luzes da pousada

Me tiram da empreitada

E então paro.


Apesar de nublado, incerto

É o céu infinito. O mesmo do Recife.

O mesmo do mar aberto.

Que encolhe os insetos,

O futuro, o passado

O que teria sido.


Grilos, mosquitos, lagartixos

Todos os bichos ali estavam

Entre as gramíneas de que me afasto.

A impressão de ver uma onça,

Uma cobra roçando a mata

Me assusto, estou sozinho.

Onde está o celeste para acolher

Esta alma atormentada?


Mas um fato é concreto:

Te vi no escuro, é certo.

E todo o céu se fez em estrelas.

Estrelas pulsantes, planetas faiscantes.

Não há mais o azul das águas passadas,

Nem o agouro das noites brancas fracassadas.


Encontrei a paz.

Por todos os lados

Minha vida me ultrapassa,

Bela, original, não mais enfastiada.

Sinto ser capaz do impossível,

A ser meu melhor eu

Por quem me escolheu.


Que estes fios ondulados

Continuem nos unindo.

Que o coração, tinindo,

Pulse todo o céu

Da esmeralda de teus olhos.

E jamais existirá felicidade igual

Em todo esse mundaréu.


Sonharei, sim sonharei

Com esta noite sertaneja

Nosso encontro de almas

Sob o véu da madrugada.

Já lhe de dei meu boa noite,

Então agora me despeço de minha sorte.

Sim, sonharei. Agora sonharei em meu forte.

Minhas Noites de InsôniaOnde histórias criam vida. Descubra agora