Cap. 03 - Do que são feitos os Príncipes?

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A fotógrafa me avisou que o meu ataque de pânico teve um bom resultado: as fotos que ela fez de mim interagindo com Sasuke ficaram poéticas e apaixonantes. Para divulgar um noivado, não haviam melhores opções, sobretudo porque depois de estarmos juntos, eu me mostrava feliz na água. Apesar de ser um salvamento, a impressão na imagem é de que eu aceitava o mar na forma do seu rei e o recebia com alegria, com regozijo, da mesma forma que as baleias sugeriam que eu fui acolhido do jeito que sou.

Um humano abraçado pelo mar.

O vídeo do meu salvamento parece... uma dança mágica. Não me reconheço. Mesmo desengonçado em comparação a Sasuke, que desliza na água e faz sua roupa se mexer ao seu redor com perfeição, é lindo. Um balé na água. Uma valsa graciosa e natural.

Aquela imagem, diz a fotógrafa, não é aquela que sinalizará que somos um casal, mas basta para provar que o nosso respeito é sincero e real, que a escolha dos deuses é certa.

-Algumas fotos em família ficaram mais... íntimas. - ela me mostrou as que tirou de nós três. Eu, Bia e Sasuke. Revelam a intimidade de um casal cujos afetos são correspondidos. Sasuke analisa as imagens. - Devo apagar, Majestade?

-Não. Eu as quero. Por favor. Estão adequadas para guardar. - pediu num tom baixo. A fotógrafa corou e assentiu. Eu entendo, minha cara, o sentimento. Sasuke tem horas que é... sei lá, alfa demais. Quando não é fofo ou uma besta vinda de um pesadelo, Sasuke é o sonho de todo ômega padrão. Como o irmão. Como o avô deles. É de família.

Tivemos um momento para trocarmos nossas roupas e nos prepararmos para as fotos oficiais. Sob aquela plataforma de água que ainda faz minhas pernas tremerem como se fossem de plástico, puseram um trono e alguns arranjos de flores aquáticas que pareciam flutuar no ar. Shisui informou que havia algo de grande urgência clamando pela atenção de Itachi, então o rei foi embora.

Entendi que era para nos dar privacidade.

Sasuke voltou com roupas diferentes, menos esvoaçantes e etéreas, mais imperiosas, como nas pinturas de sua mãe. 

De alguma forma, me lembra os imperadores gregos, porém com mais joias que se assemelhavam a correntes. Quando andava, os servos se curvavam e do chão, olhavam-no como se fosse um deus. Ele sussurrava uma melodia que desconheço, mas muito bonita e hipnótica, que fez centenas de peixes virem do fundo e nadarem seguindo os passos dele.

Emitem bioluminescência no ritmo que ele canta, como se repetissem suas palavras.

Ele parou diante de mim.

Usa um tecido azul marinho cravejado de cristais, que vai até o chão, dá voltas ao redor do seu corpo cobrindo-o e o escondendo, os cristais de alguma forma me lembram lágrimas de sal e seus ombros e pescoço foram adornados por um colar feito de dentes.

Dentes afiados e olhos de peixe feitos de vidro.

Engoli em seco quando ele chegou perto da nossa filha.

Em seus pulsos e em seus tornozelos, havia braceletes feitos de ossos arranjados para se parecerem com joias e sua pele exibia um tom mais vivido de cinza-azulado e madrepérola.

Eu visto algo parecido num tom de lilás com branco, porém tenho o véu sobre a minha cabeça e uma joia que fica sobre a minha testa, como um emaranhado de correntes conectadas e finas, Vanta me disse que é uma representação simbólica da coroa que um dia terei.

Sasuke sentou no trono após colocar sobre a cabeça algo feito com ramos de corais feitos de prata e dentes afiados no formato da coroa de louros dos imperadores, pegou minha filha no colo, acomodando-a com cuidado, e apontou para o seu lado esquerdo.

Sob a TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora