Capítulo longo para quem sentiu falta
Passei duas semanas trancado em meu quarto, eu não queria contato com mais ninguém, apenas ver o mar e esquecer.
Só recebia a visita dos meus pais, dos meus avós, da Dra. Pepper e das serviçais.
Não pude dormir, porque todas as vezes que eu fechava os meus olhos, o barulho do barco, o barulho dos homens, o barulho dos abusos me consumiam e me perturbavam.
Eu só consegui cochilar quando ia até a praia e sentia a água tocando os meus pés, ou quando eu deitava dentro da banheira com um pouco de água e com Bia sobre mim.
Eu não queria a companhia de mais ninguém. Qualquer outra pessoa, especificamente as de cabelo escuro ou preto, me recordavam Sasuke e sua ausência. Eu não quero isso. Passava uma parte do dia conversando com Kurama e Fuho por mensagem, ouvindo carinho por áudio, e na outra parte eu ficava mergulhado num misto de letargia e choro. Eu nem sentia o tempo ao meu redor. Comer me dava enjoo e angústia.
-Que tal uma sopa de frango, querido? Eu que fiz. - mamãe está comigo hoje. - Pedi ao rei par preparar algo para você. E sei que a minha sopa sempre te faz bem.
Concordei em tentar.
Notei que Tetis me olhava com muita expectativa, e eu sei o motivo: ela e Vanta repassam informações minhas para os Uchihas e o médico, afinal, eles têm respeitado o meu desejo de não recebê-los aqui.
A primeira colherada quente desceu e chegou ao meu estômago. Esperei um pouco. É o que chamam de comida de conforto, um carinho no estômago, aquele abraço que ninguém teve tempo de dar. Tomei outra colherada e sorri porque não enjoei.
-Obrigado, mãe.
-Oh, meu filhinho. Eu vou cuidar de você. Fique tranquilo. - assenti e fui tomando a sopa bem devagar. Está deliciosa.
-Desculpa causar tantos problemas. Eu só queria... - minha voz embargou. - Só queria passear, ter um dia... normal de novo. - apertei meus lábios para não chorar. O telefone de mamãe tocou e eu vi que é Kurama. Ela me abraçou com um braço e atendeu com o outro.
-Não tem que se desculpar por uma coisa que não foi sua culpa. Kurama. Poderia dizer ao seu irmão que não é culpa dele? - virou o celular para mim. Sorri ao ver o seu irmão mais velho. Sente falta de estar com ele, mas ainda é perigoso para os seus irmãos voltarem. Shisui lhe disse que só poderão voltar depois que Naruto casar e for coroado. Então toda a sua família estará sob sua proteção e seus irmãos poderão sair da ilegalidade.
-Oh, Naruto. Lembra que a gente sempre conversou sobre isso no Subúrbio 8. Mesmo que andemos na linha e seguirmos todas as regras do governo e do Mandachuva, nada nos mantém a salvo da violência da Força Alpha. Nada. Nem o dinheiro nos salvou. - ele parece muito bem fisicamente falando. Sem dúvida ganhou peso e mais saúde, também está mais bronzeado. O sol do México tem feito muito bem a ele, acho que a todos que conseguiram escapar.
Quem me dera desfrutar desse mesmo sol.
O sol daqui queima e machuca.
-Pois é, meu filho. Você está em tratamento e estava no seu direito de sair um pouco para espairecer a cabeça, descansar. - minha mãe continuou. - Aqueles homens não tinham o direito de lhe fazer algum mal. Aliás, não são homens. São demônios do círculo mais baixo do inferno.
Observei o prato em meu colo e depois observei o berço onde Bia brinca com suas pelúcias e seus mordedores, completamente à vontade deitada.
Ela não sabe sentar ainda.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sob a Tempestade
FanfictionContinuação da fanfiction Durante a Chuva Naruto é um ex-médico, cuja natureza ômega condenou a si e à sua família há 15 anos de sofrimento sob um regime tirânico que domina a Púnia. O Mandachuva deseja se manter no poder, mas sabe que precisa da ri...