Senti Sasuke se mexer para levantar, mas eu segurei sua mão.
Nós nos olhamos e havia um sorriso que não sei decifrar, seu rosto chegou perto do meu e nossas testas se encontraram de novo. Sua garganta vibrou, ele respirou fundo a minha presença e pude ver Shisui sussurrando no ouvido de Itachi, que estava com as mãos juntas ouvindo. Não parece o rei que manipula tudo e a todos ao seu redor. Acho que Itachi sabe que agora nenhuma capacidade sua lhe valerá para evitar qualquer coisa que Sasuke vá fazer - eu respirei fundo, mirei o meu noivo e sussurrei mais uma vez que eu estou bem, o que realmente importa é o seu retorno seguro ao lar.
Sasuke ficou de pé e foi até o irmão. Eu senti que todo mundo parou de respirar - exceto Bia, que achava mais interessante morder uma estrelinha de silicone. Eu parei de respirar. O meu noivo abraçou Shisui de maneira demorada e carinhosa, abraçou Tio Obito de tal jeito Sasuke que foi tirado do chão e provocou risos em ambos, então foi para Vovô Madara: fez uma reverência respeitosa, indo ao chão para lhe tocar os pés, ergueu-se e só aí o abraçou. Então os dois reis-irmãos se encaram e a tensão vibra o ar - até os killians sentem que a qualquer momento a realidade vai estalar e rachar. Sasuke abriu os braços e eu não consigo ver sua expressão porque está de costas para mim, mas pelo semblante de Shisui tem algo incômodo acontecendo. Itachi o abraçou e demoraram.
Pareciam conversar, não sei dizer porque os lábios do rei não se movem e ele parece um pouco pálido, mas todo mundo parece mais pálido hoje. Até eu, que costumo ficar um pouco mais de tempo caminhando na praia para receber mais vitamina D, estou mais pálido. Sasuke parece mais pálido. Os dois se soltam do abraço, o caçula afagou os braços do mais velho, fez sua reverência respeitosa para Sua Majestade Serena, então voltou para mim.
Ele sorria.
Ainda não sei o que pensar.
-Sasuke, eu gostaria que viesse comigo porque temos assuntos mais... - Itachi começou a falar. Meu noivo olhou para ele e eu não sei que expressão fez, mas foi o bastante para Tio Obito esfregar os cabelos ao abaixar o olhar e fez Vovô Madara juntar as mãos atrás do corpo. Sasuke virou para mim, piscou um olho e continuou caminhando na minha direção.
-Eu acabei de vir de uma batalha. Eu nem troquei de roupa ainda. Eu mal respirei o ar deste planeta. - sentou ao meu lado, cruzou as pernas e suspirou. - O que pode ser tão urgente? Uma festa de boas-vindas? Para celebrar todas as vidas que eu matei, cujas vozes ecoam em minha cabeça, onda após onda, até que se tornem sussurros e memórias? - eu o mirei, afetado pelo que ele disse.
Lembrei-me do planeta explodindo, das vozes antes do silêncio e do vazio.
Eu sei do que é que ele está falando.
Itachi engoliu em seco e balançou a cabeça, não sei se num sim ou num não.
-O que é tão urgente, Majestade, que precisa que eu abandone a minha família mais uma vez?
-Nós somos sua família. - Itachi falou querendo erguer a cabeça, mas sem forças. Soou ofensivo para Sasuke.
-Naruto e Ayla são o quê, Itachi? O quê? - a pergunta foi feita num tom ríspido e acusatório. A resposta não veio de ninguém, então Sasuke a deu: - São minha família também!
-Mas nós precisamos de você.
-Todo mundo nesta porra de sistema precisa de mim. Tudo é urgente. - ficou de pé e não elevou a voz. Sasuke está se controlando tanto que as veias em seus braços e em seu pescoço, por dentro da coleira que envia água para as suas brânquias, saltam como serpentes e tentáculos por baixo da pele. - Eu sei porque posso ouví-los, posso entendê-los, posso sentí-los, então eu sei, Itachi, que todos precisam de mim. - ele arqueou as sobrancelhas. - Eu sou a porra de um rei, Itachi!
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Sob a Tempestade
FanfictionContinuação da fanfiction Durante a Chuva Naruto é um ex-médico, cuja natureza ômega condenou a si e à sua família há 15 anos de sofrimento sob um regime tirânico que domina a Púnia. O Mandachuva deseja se manter no poder, mas sabe que precisa da ri...