Abandonada no altar -Amanda Plath

capítulo 2

Uma semana atrás

Eu entro no elevador apressada enquanto seguro as pastas que vim buscar, quando aperto o botão do elevador e as portas começam a se fechar até que uma mão forte impede.

Um homem entra no elevador, pele clara, cabelo preto perfeitamente alinhado, maxilar marcado, 1,90, barba feita, olhos verdes. Ele não era comum, e nem mesmo todos esses anos me fariam esquecer sua aparência impecável. Ele me olha e me reconhece. Eu fecho a cara e continuo apertando o botão do meu andar. Eu aperto o botão 8 vezes, em transe. Como se estivesse hipnotizada com aquilo. Qual a probabilidade? Enquanto uma fita passa pela minha cabeça, meus pensamentos são interrompidos.

—Grace? —eu tinha me esquecido de como sua voz era.

Eu me recomponho e respondo.

—Pois não! —eu digo, enquanto espero que ele continue.

—Não está me reconhecendo? —ele diz franzindo o celho e me olhando nos olhos.

—Ah, sim, Luke. Como vai? —eu digo enquanto estendo a mão para um aperto. Ele me puxa para um abraço.

Eu fico estática enquanto espero que ele me solte, o mesmo perfume, 5 anos e o mesmo perfume.

—Você está tão bonita! Olha só pra você, como você mudou. Gostei do seu cabelo curto. Fica bem em você.

Quando namorávamos eu tinha o cabelo longo, depois que tudo aconteceu eu cortei ele, não queria ter a mesma imagem, queria força.

—Ah sim, faz um tempo. Eu gosto assim. Você não mudou nada.

—Não é verdade. Muitas coisas em mim mudaram. —ele diz enquanto passa a mão no cabelo.

—Claro. É, eu estou atrasada. Conversamos outra hora. Bom te ver —eu saio segurando o pacote.

—Claro, te vejo por aí.

***

—Bom dia, pessoal. Como vocês sabem. O novo CEO chega hoje, espero que usem o melhor sorriso para recebê-lo.—eu falo enquanto oriento o pessoal sobre como agir.

Luke entra na sala, coloca a pasta na mesa e diz:

—Bom dia. Meu nome é Luke Hoffmann e eu sou o novo CEO.

Meu queixo caí. Eu não sei dizer qual a sensação de ter uma pessoa o tempo todo na sua cola tentando te destruir, mas com certeza é bem parecido com isso. Ele não conseguiu me destruir a cinco anos e agora voltou para tentar novamente.

Eu limpo a garganta e então digo:

—Bem, pessoal. Como o Sr Hoffmann é novo, é bom que se apresente. Com licença.

Eu saio da sala deixando o senhor simpatia se apresentando. Eu entro na sala dos funcionários e bebo água, três copos, um atrás do outro. Meus olhos começam a marejar. Segura. Você é forte. Conto até dez. Coloco o meu melhor sorriso no rosto e volto para a sala de reunião.

Luke termina de se apresentar, passa as orientações e o dia de trabalho ocorre bem.

Eu estou quase saindo do prédio quando Luke agarra meu braço.

—Sr. Hoffmann? —eu digo olhando para sua mão no meu pulso, ele se toca e então tira a mão de mim.

—Desculpe, Grace.—ele diz ajeitando a postura.

—Senhorita Thomas, por favor. Agora que  será meu superior não acho adequado nos tratarmos pelos nomes.

—Certo, desculpe. Eu queria conversar sobre o passado. Esclarecer as coisas. Acho que te devo uma explicação. Está livre agora?

—Ah. O senhor não me deve nenhuma explicação. Já se passaram 5 anos, está tudo bem. Aquilo ficou no passado. Se possível eu gostaria que esquecesse tudo isso.

—Não creio que seja possível. Eu insisto, precisamos conversar. Não me sinto bem.

—Sr Hoffmann. Eu vou ser clara. Eu não tenho nada o que falar com o senhor. Daquela porta para dentro o senhor é meu chefe, da porta para fora não é nada. Se tem algum assunto para tratar comigo será relacionado ao trabalho.

Luke fica surpreso com a minha resposta, ele sorri e diz.

—Certo, tem razão. É bobagem minha. Passar bem, senhorita Thomas.

—Passar bem —eu falo enquanto me dirigo para o meu carro.

Chego até meu apartamento e me jogo no sofá, tiro um cochilo e no sonho revejo a cena do casamento. Eu no altar feito uma palhaça esperando aquele desgraçado. Pro inferno!

Acordo e vou até a geladeira, pego um vinho e tomo metade da garrafa até que decido ligar para Gerrard.

—Oi, Gerrard. Tá ocupado? —eu digo tentando parecer sóbria.

—Pra você? Nunca! —ele diz enquanto sorri do outro lado da linha.

—Legal, escuta só. Eu tô com metade de uma garrafa de vinho e ele já está começando a fazer efeito. Que tal passar aqui mais tarde?

—Ta brincando? Claro, Grace. Só não bebe mais. Me espera. Vou só passar no supermercado pra comprar umas coisas pro jantar. Quero cozinhar algo especial pra nós dois.

—Eu vou adorar. Vou só tomar um banho. Beijos.

—Beijos, Grace —a voz dele é lenta e sexy.

Gerrard bate na porta uma hora depois e eu atendo.

—Você demorou!—eu digo enquanto beijo ele e tiro a garrafa da sua mão.

***

No dia seguinte Gerrard me leva de carro até o escritório. Eu me despeço com um beijo e entro no prédio, no saguão eu vejo Luke que parece ter visto Gerrard me beijando. A cara dele está fechada. Ele me cumprimenta e eu finjo não ouvir.

Quando o expediente começa ele me chama até sua sala.

—Pois não, senhor Hoffmann. —eu digo enquanto me sento na cadeira da sala.

Cruzo as pernas e ele olha para elas e depois olha para mim. Ajeita a gravata e então diz.

—É, bom, eu chamei você aqui pra pedir desculpas por ontem. Isso não vai mais acontecer. Vi que a senhorita já está seguindo sua vida, então não tem porquê trazer coisas do passado.

—Obrigada, senhor Hoffmann.

—Mais uma coisa...

—Pode dizer—eu digo enquanto olho para ele.

—Queria que a senhorita me colocasse a par das coisas na empresa, sabe... Como era a segunda no comando deve saber de muitas coisas.

—O senhor nem imagina!

—Perdão. Algum problema?

—Não. —eu digo tentando deixar meu ódio de lado por terem dado um cargo que era meu pra um sabe tudo que não sabe nada. —vou colocar o senhor a par de tudo.

Eu digo e então começo a explicar as coisas, ele faz perguntas e eu respondo. Quando acabo e estou prestes a sair da sala ele diz.

—O homem lá embaixo era seu marido?—ele diz surpreso e parece ansioso por uma resposta.

Eu fico um minuto em silêncio e depois digo:

—Se o senhor precisar de mais uma informação sobre a empresa eu vou estar na minha sala. —digo fechando a porta da sua sala antes que ele possa dizer algo.