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Quando o efeito da bebida passa eu vejo a merda que fiz. A merda gigantesca que fiz. O que diabos eu estava pensando quando aceitei o pedido de Gerrard? Aquele desgraçado é o culpado. Ele veio aqui e bagunçou a minha cabeça, ele faz isso comigo. Me faz ser essa pessoa que odeio. Sem sentimentos, sedenta por sexo e atenção. Tudo o que conheço é isso.
Em pensar que uns anos atrás eu não poderia imaginar que viveria esse tipo de vida.Charles Bukowski disse uma vez:
“As relações humanas são estranhas. Quer dizer, você passa um tempo com uma pessoa, comendo, dormindo, vivendo e amando, conversando com ela, indo aos lugares - e, um dia, tudo acaba”
É assim que sinto. Passei 8 anos da minha vida com uma pessoa que amava, que achava que seria meu marido e pai dos meus filhos.
Mas um dia ele me deixou no altar e isso acabou. Eu tive que aprender a viver sozinha depois de passar 8 anos fazendo isso com alguém. Luke era o independente da relação. Ele me pegava pela mão como os pais pegam as crianças. Eu não tinha que me preocupar com quase nada pois ele estava ali comigo, pra facilitar a minha vida. Pra me carregar no colo quando ficasse muito difícil caminhar. E um dia simplesmente tudo acabou.Vocês sabem o que é confiar cegamente em alguém e depois descobrir que tudo foi uma mentira? Imagina como deve ter ficado a minha cabeça!
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Terapeuta, 4 anos atrás.
-Voce precisa superar isso, Grace.
-Eu sei, Ana. Mas eu sinto tanta raiva dele. Tanta raiva. Eu sinto ódio -digo enquanto aperto a poltrona estofada do consultório com as mãos.
-Não é hora de procurar ele? Pra saber porque ele fez isso? Talvez assim ficasse mais fácil superar.
-Não quero nunca mais olhar pra ele, Ana. Quero que ele morra. Morra.
-Como você se vê daqui um tempo, Grace? Com todo esse ódio no coração?
-Não me vejo.
-Não tem mais expectativas?
-Não penso mais sobre isso. Antes eu planejava tudo. Agora eu vivo um dia de cada vez.
-Isso não é de todo ruim.
-Eu sei.
-Já tentou sair com outras pessoas? Conhecer outros rapazes.
-Só sexo casual.
-E como se sente fazendo sexo casual com estranhos, Grace?
-Me sinto bem na hora. Mas vazia depois. Me sinto vazia o tempo todo. Menos nesse momento. Quer dizer, quando consigo progredir no trabalho também me sinto bem. Fora esse tempo me sinto anestesiada.
-Anestesiada? -Ana coloca os óculos na ponta do nariz.
-É, a maior parte do tempo me sinto dopada.
-Por causa dos antidepressivos?
-Talvez. As vezes eu tomo mais que o necessário.
-Grace, já falamos sobre isso. Você pode acabar tendo uma overdose.
-Não são tantos assim. Quando estou anestesiada me sinto melhor, não penso em nada. Eu como, durmo, trabalho. Isso tudo com a mente vazia. Limpa.
-E quando o efeito passa?
-Quando o efeito passa eu bebo.
-Você é jovem demais pra essas coisas, Grace. Não pode continuar assim ou não vai durar muito tempo.
-Não sei se isso é ruim.
-Grace, não podemos progredir assim. Os pensamentos suicidas já tinham ficado pra traz. Por isso diminuímos o número de consultas e a supervisão.
-Só tô brincando.-eu digo enquanto mecho no cabelo.
-Vamos fazer uma mentalização. Quero que feche os olhos.
Eu obedeço.
-Agora quero que você imagine que eu sou Luke, quero que imagine que ele está aqui na sua frente. O que você diria pra ele?
Eu respiro fundo enquanto tomo tempo para pensar, a raiva toma conta de mim e explodo.
-Odeio você.
—E o que mais? —ela pergunta
—Odeio o que você fez comigo. A pessoa que você me transformou. Por que você fez isso? Por que? 8 anos! Você não acha que eu merecia mais? Por que eu não fui o suficiente?
Começo a chorar descontrolamente e Ana interrompe a sessão.
-Acabamos por hoje, Grace.
***
No dia seguinte eu dou entrada no meu pedido de férias.
Estou sentada na minha sala brincando com uma caneta quando Luke irrompe na sala.-Está fugindo por causa de ontem?
Eu evito responder mas ele é insistente.
-Adiei as minhas férias por muito tempo. Agora que estou namorando juntei o útil ao agradável. Não se dê tanta importância senhor, Hoffmann. -eu sorrio enquanto olho fixamente para ele.
Ele cerra a mandíbula e fecha o punho.
-Não precisa ir, Grace. Já disse que não vou atrapalhar seu namoro.
-Como eu disse, não se dê tanta importância. Eu iria de qualquer jeito.
-Tudo bem. Boas férias então.
-Ah, eu terei. -não deixo de gargalhar enquanto Luke sai batendo a porta e todos do escritório ficam perplexos.
***
-Gerrard? Que acha de viajarmos juntos? Tem um lugar lindo que quero conhecer. -digo enquanto aliso seu peito.
-Estou com umas férias vencidas, amor. Qual o lugar?
-Havaí.
-Havaí? -ele sorri enquanto me puxa para um beijo -Não sabia que gostava de praia.
-Claro que eu gosto. Gosto sim.
-Então eu vou adorar ser seu acompanhante.
-Certo. Agora vem cá. -eu o beijo enquanto desabotuo a sua causa.
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Abandonada no altar -Amanda Plath
RomanceGrace foi abandonada no altar, ela se tornou uma mulher forte e fez de tudo para esquecer o passado. Mas as coisas não terminadas acabam voltando com o tempo, e da pior forma possível. Luke, seu ex noivo, volta para sua vida após 5 anos, agora como...