capítulo 9

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Quando eu me canso do joguinho de Luke saio da sala. Ele corre atrás de mim.

—Não pode fingir que nada aconteceu, Grace. Você ainda me ama.

—Amar? Quem disse? Você mesmo disse que eu era sedenta por sexo. E eu estava bêbada e com tesão, só isso. Se tivesse qualquer um ali aconteceria o mesmo.

—Você não é assim. Nunca foi. Não se sujeitaria a isso com um estranho, fez porque era comigo.

—Quem disse? O que você sabe sobre mim? A Grace que você conheceu está morta há muito tempo.

Luke me olha nos olhos por um instante, os olhos agora parecem tristes, como se ele se sentisse arrependido de tudo o que me fez e me tornou. Ele abre a boca e diz.

—Se você ao menos me ouvisse, Grace. Ao menos quisesse saber dos meus motivos pra fazer o que fiz... —ele passa a mão pelos cabelos sedosos e me prensa na parede contra seu corpo. Pega uma mecha do meu cabelo e depois acaricia a minha bochecha.

—Se você quisesse ainda poderíamos... —ele diz.

—Poderíamos o que? Nos casar? Você é o último homem com quem me casaria, idiota.

—Você só está com raiva de mim por tudo que aconteceu. Mas sei que ainda tem sentimentos, se a gente pudesse se perdoar tudo poderia voltar a ser como era.

Eu explodo em fúria, dou um empurrão nele e o tiro de perto de mim enquanto digo gritando.

—Perdoar você? Perdoar você por fazer da minha vida um inferno? Por me fazer beber até cair, ficar com qualquer cara e ter um buraco aqui dentro do peito? Perdoar você por me tornar essa pessoa horrível que trai o namorado com um fodido como você?

Luke parece surpreso com o que eu digo.

Ele parece se dar conta do que fez comigo. Da pessoa que me tornou. Aquela Grace está morta e ele quem a matou.

Ele me olha com os olhos marejados, uma lágrima escorre do seu rosto. Então ele diz.

—Acho que nunca pedi isso antes, Grace. Mas você pode me perdoar? Não precisa voltar comigo. Não precisa falar comigo. Só me perdoar por favor. Por favor me perdoa por fazer isso com você.

Eu paro por um minuto e olho nos seus olhos. A postura derrotada dele. Então me viro para ir embora.

—Não me procura mais, Luke. Faz isso por mim. Não arruina a minha vida de novo.

Vou embora e escuto ele soluçando. Como se estivesse se desmanchando em lágrimas.

Meu peito dói, a boca amarga. Minhas mãos ficam geladas e trêmulas. Eu procuro uma das salas para ficar sozinha. Quando vejo um garçom passando no corredor eu pego a garrafa de vinho da sua mão. Me tranco na sala, abro a garrafa, sento no chão e bebo. Bebo tudo o que consigo. O vinho misturado com as lágrimas, a dor é tanta que chega a ser física também. Quando finalmente chego a última gota a sala parece completamente escura. Como se tivessem apagado a luz. Eu não vejo nada a minha volta, adormeço no chão por não sei quando horas até que uma voz familiar me acorda.

***

Estou no hospital, coma alcoólico foi o diagnóstico. Ainda estou na cama de hospital . Eu dormi por 5 dias seguidos. Vejo o rosto de Gerrard me olhando preocupado, ele segura a minha mão então passa a mão pelos meus cabelos.

—Grace? Consegue se lembrar de mim?—ele diz esperançoso.

—Sim, Gerrard. —eu digo.

—Que bom, o médico disse que você podia ter confusão mental por causa de tanto álcool. Você também bateu a cabeça quando caiu.

Eu levo a mão a testa e então noto um pequeno curativo.

—Foi grave?—eu digo preocupada.

—Um pouco, você teve uma concussão quando bateu a cabeça. O álcool te deixou em coma, podia ter acontecido algo sério, Grace.

—Eu sei, eu sei.

—Vai me dizer o que aconteceu? O que te fez beber daquele jeito?

—Não sei. Eu não consigo lembrar. Eu só devo ter perdido o controle.

—Certo. —ele diz, sei que ele quer me dar uma bronca mas dado o meu estado desistiu.

Enquanto Gerrard continua falando eu penso: e se eu não tivesse acordado ? Por um momento eu gostei da ideia. Ficar em coma todo aquele tempo não me deixou pensar em nada ou ter raiva de mim. A ideia de não gostar da vida me assustava. Eu tinha medo de desistir.

A voz de Gerrard parecia cada vez mais abafada até que eu finalmente adormeço de novo.

Eu só ouço o médico disser.

—Ela precisa descansar. Dê um pouco de tempo.

***

Quando acordo novamente vejo as flores no quarto, peço para a enfermeira pegá-las e então vou lendo o cartão de cada arranjo.

“Sinto muito, Grace. Espero que fique bem logo. A ideia de perder você de novo, dessa vez pra sempre, quase me enlouqueceu.”
Ass:L

“Ainda está dormindo? Eu queria muito ser seu príncipe e poder ir aí te acordar com um beijo. ”
Ass:L

“Espero que Gerrard não veja o cartão anterior, mas não me importo se ele decidir quebrar a minha cara por amar você"
Ass:L

“O escritório é muito sem graça sem você. Tudo lá parece cinza. Como quando você viajou com aquele cara. Sem mágoas, você está doente."
Ass:L

“Ainda amo você, Grace."
Ass:L

“Sei que disse que não te visitaria mas não aguentei, me certifiquei de ir uma hora em que Gerrard não estivesse. Você fica tão linda dormindo"
Ass:L

Abandonada no altar -Amanda PlathOnde histórias criam vida. Descubra agora