-- você leva a vida a sério de mais. -- S/n comenta se balançando em um balanço de pneu. Estamos no lago próximo de minha casa
-- como posso nao levar? Só se vive uma única vez. Tenho que decidir o que quero fazer logo -- Falo e ela ri
-- só morremos uma única vez. Vivemos todos os dias, até agora você viveu exatos dezessete anos. Vá com calma, não precisa ser tão acelerada com o seu futuro, até porque não sabemos o que ele nos reserva. Você pode acabar falencendo hoje mesmo, e nem se quer viveu direito, enquanto eu posso ter mais um mes, ou um ano, talvez mais trinta anos, eu não sei, e não me desespero nem um pouco com isso. Prefiro viver varias e várias vezes, pois sei que quando morrer, so vai acontecer uma vez -- As palavras de S/n ecoavam na suavidade do ar à nossa volta, misturando-se com o som suave das ondas que beijavam a margem do lago. Seu rosto estava tranquilo, seus olhos fixos no horizonte distante, onde o céu encontrava a água em um abraço eterno. A simplicidade e a profundidade de sua perspectiva me fizeram pausar, contemplando a imensidão de sua sabedoria encapsulada em uma frase tão serena.
-- Você tem razão -- concedi, deixando escapar um suspiro enquanto me sentava ao lado dela na grama. A brisa que soprava trazia um frescor reconfortante, convidando-me a refletir mais profundamente sobre suas palavras. -- Eu acho que às vezes fico tão obcecada com a ideia de fazer 'a escolha certa' para o meu futuro, que acabo esquecendo de realmente viver o presente.-- S/n sorriu, um sorriso que parecia abraçar toda a tranquilidade do mundo.
-- Ari, a vida é feita de momentos. Pequenos, grandes, alegres, tristes... Eles se juntam para contar a nossa história. Não adianta planejar cada passo se esquecemos de dançar ao longo do caminho.
Ela tinha um dom de ver a vida através de uma lente tão única, uma capacidade de apreciar cada momento como se fosse tanto o primeiro quanto o último. Nossa conversa no lago naquele dia se tornou um daqueles momentos que eu guardaria para sempre, um lembrete gentil de que a vida é um mosaico de experiências, e que a beleza está em viver cada uma delas plenamente, sem pressa para chegar ao próximo destino.
-- Prometo tentar me lembrar disso -- disse eu, olhando para ela com gratidão. -- E prometo tentar viver mais no presente, não só por mim, mas por nós duas.
S/n acenou com a cabeça, ainda balançando-se suavemente no balanço de pneu.
-- E eu vou te lembrar disso, sempre que você esquecer.
Nós duas rimos, o som se misturando com o ambiente calmo do lago. Naquele momento, cercada pela natureza e pela sabedoria tranquila de S/n, eu senti uma paz que há muito não experimentava. Eu estava aprendendo, pouco a pouco, a viver várias vezes, assim como ela havia dito, a apreciar cada dia como uma nova oportunidade, um novo capítulo em nossa infindável aventura juntas.
-- eu tenho apenas noventa por cento do pulmão direito -- ela fala baixo, e eu lhe encaro -- na bateria de exames o médico disse para mamãe que não tenho muito tempo quanto pensavam que tinha... Eles pensam que não escutei, mas eu ouvi tudo
A revelação de S/n atingiu-me como uma onda gelada, deixando-me sem fôlego, como se o próprio ar tivesse sido sugado dos meus pulmões. Por um instante, o mundo pareceu parar, o som do lago e o sussurro das folhas ao vento desapareceram sob o peso do silêncio que se seguiu à sua confissão.
-- S/n... -- Minha voz falhou ao tentar formular qualquer palavra de conforto, qualquer promessa que pudesse aliviar a dureza daquela realidade. Aproximei-me dela, buscando oferecer um apoio físico na falta de palavras que pudessem expressar a torrente de emoções que me inundava.
Ela olhou para mim, seus olhos carregando uma mistura complexa de resiliência, medo e aceitação. Era a primeira vez que eu a via tão vulnerável, e isso partiu meu coração em fragmentos ainda menores.
-- Eu... Eu não sei o que dizer, S/n. Eu só... Quero que você saiba que eu estou aqui. Para qualquer coisa. Sempre. -- Ela ofereceu um sorriso triste, aquele tipo de sorriso que carrega mais dor do que alegria, mas que tenta desesperadamente encontrar alguma luz no meio da escuridão.
-- Eu sei, Ari. E isso significa tudo para mim. Mas, eu não quero que gastemos o tempo que nos resta juntas sendo tristes ou preocupadas. Eu quero fazer mais memórias felizes, sabe? Quero rir, quero sentir o sol no meu rosto, quero viver... enquanto posso.
As palavras dela, embora carregadas de uma tristeza inegável, também estavam repletas de uma coragem que eu admirava profundamente. S/n estava enfrentando o inimaginável com uma força que muitos não conseguiriam encontrar. Ela escolheu viver plenamente, apesar de tudo, e isso reacendeu algo dentro de mim, um desejo ardente de ajudá-la a realizar cada um desses desejos, não importa o quão pequeno ou grandioso pudesse ser.
-- Então é isso que vamos fazer -- declarei, sentindo uma determinação renovada tomar conta de mim. -- Vamos criar tantas memórias felizes que, quando você fechar os olhos, tudo o que verá serão momentos de alegria e amor. Vamos viver, S/n. Viver cada dia como se fosse o mais especial, porque, para mim, cada dia ao seu lado já é.
Ela assentiu, as lágrimas que ameaçavam cair sendo rapidamente substituídas por um brilho de determinação.
-- Vamos fazer isso, Ari. Vamos viver.-- E, com isso, nos levantamos do lago, de mãos dadas, prontas para enfrentar juntas o que quer que o futuro nos reservasse, com a promessa de transformar cada momento em uma celebração da vida, da amizade e do amor incondicional que compartilhávamos.
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My Eternal Sunshine (Ariana/You)
Fanfiction"Eu te amo..." As palavras escaparam em um sussurro, carregadas de todo o peso e leveza que o amor pode ter. Nossas testas se tocaram, um gesto íntimo que selava a verdade daquele momento. "Por favor, não faz isso." A voz dela era frágil, um fio de...