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Era uma tarde nublada quando precisei ajudar S/n em uma crise respiratória. Ela chorava copiosamente ao mesmo tempo em que tentava recuperar o fôlego.

Nessa tarde nublada, a urgência do momento tomou conta de mim completamente. Enquanto S/n lutava para respirar, seu choro desesperado misturava-se ao som abafado da chuva lá fora, criando um cenário que eu nunca esqueceria. Meu coração batia acelerado, não apenas pelo medo de perder minha melhor amiga e o amor da minha vida, mas também pela impotência que sentia naquele instante.

-- S/n, olhe para mim -- pedi com a voz mais calma que consegui reunir, segurando suas mãos tremulas. -- Vamos fazer os exercícios de respiração, lembra? Inspira... e expira. Eu estou aqui com você.

Ela tentou me seguir, mas o pânico de não conseguir ar suficiente fazia com que suas tentativas fossem descoordenadas e aflitas. Peguei o aparelho de oxigênio portátil que sempre ficava ao seu lado, agora um companheiro constante, e delicadamente posicionei a máscara sobre seu rosto. S/n resistiu num primeiro momento, o medo refletido em seus olhos.

-- Confia em mim, Sunshine -- murmurei, usando o apelido que sempre a fazia sorrir, na esperança de trazer algum conforto. -- Isso vai ajudar, eu prometo.

Gradualmente, ela começou a se acalmar, seguindo as instruções para respirar profundamente. Eu continuava a segurar sua mão, oferecendo silenciosamente meu apoio e toda a força que eu tinha. À medida que sua respiração se estabilizava, o choro foi diminuindo até se tornar apenas soluços esporádicos.

-- Eu estou com tanto medo, Ari -- ela confessou com a voz fraca, depois de um tempo em silêncio, olhando para mim com uma vulnerabilidade que partia meu coração.

-- Eu sei, eu também estou. Mas eu estou aqui com você, não importa o que aconteça. Você não está sozinha nessa -- assegurei, espremendo sua mão.

Nós ficamos ali, juntas, até que a tempestade lá fora e a tempestade dentro dela se acalmaram. Esse momento, tão frágil e tão poderoso, reforçou a promessa silenciosa que eu havia feito a mim mesma: estar ao lado de S/n, oferecendo meu amor e apoio, enfrentando juntas cada desafio, cada medo, cada sorriso e cada lágrima, até o fim.

S/n tinha sua cabeça deitada em meu ombro, sua respiração já estava mais calma. Eu fazia carinho em seus cabelos e com o braço livre, envolvia seu corpo, apertando-a contra mim.

-- You are my sunshine... My only sunshine -- começo a cantarolar baixinho, e sinto ela se apertar contra mim

Enquanto a melodia suave de "You Are My Sunshine" fluía de meus lábios, senti o peso do momento entre nós. A canção, tão simples e tão cheia de amor, parecia encapsular tudo o que sentíamos e tudo o que havíamos passado juntas. S/n apertou-se mais contra mim, buscando conforto em minha presença, e eu senti a responsabilidade e a bênção que era ser seu porto seguro.

Sua respiração, agora mais tranquila e ritmada, harmonizava-se com a música, como se cada suspiro seu acompanhasse cada nota que eu cantava. Era um lembrete de sua força, da fragilidade da vida e da beleza dos momentos que compartilhávamos, mesmo nos confrontando com a dura realidade de sua condição.

-- You make me happy when skies are grey... You'll never know, dear, how much I love you... Please, don't take my sunshine away  -- continuei, a letra da canção ecoando nossos sentimentos, nossos medos, e a luz que S/n trazia para minha vida, mesmo nos dias mais sombrios.

Não havia necessidade de palavras. Nossa conexão naquele momento falava mais alto do que qualquer frase poderia expressar. Era um pacto silencioso de apoio mútuo, de amor incondicional, e da promessa de enfrentarmos juntas o que quer que o futuro nos reservasse.

E enquanto o tempo parecia suspender-se ao nosso redor, eu sabia que essas memórias, esses sentimentos profundos e complexos que compartilhávamos, permaneceriam comigo para sempre. S/n era mais do que minha melhor amiga; ela era parte de quem eu era, um raio de sol que iluminava minha vida, mesmo nas horas mais escuras, ela era o amor da minha vida. E eu faria de tudo para garantir que ela soubesse disso, cada dia, a cada respiração, até o fim.

(...)

S/n parou de frequentar a escola, seu caso esta cada vez mais delicado e a esperança em seu olhar, aos poucos vai se apaga do. Meu coração doi sempre que ela chora me dizendo não estar pronta.

-- você me disse que sempre quis ir para Paris -- falo guiando ela até a sala de sua casa. Com cuidado tiro a venda de seu rosto. Eu havia decorado a sala por completo, criando aquele típico clima da cidade das luzes -- trouxe Paris ate você my sunshine

Ao retirar a venda dos olhos de S/n, a reação dela foi imediata: seus olhos se arregalaram, um misto de surpresa e emoção tomou conta de seu rosto. Por um momento, o brilho que parecia ter se apagado de seu olhar voltou a brilhar intensamente, iluminando a sala transformada. A decoração, meticulosamente escolhida para evocar a essência de Paris, desde os minúsculos detalhes até a reprodução da atmosfera romântica da cidade, trouxe um pedaço do sonho que ela tanto almejava vivenciar.

-- Você fez isso por mim? -- S/n perguntou, sua voz embargada pela emoção.

-- Sim, tudo isso é para você, para trazer um pouco do mundo até você, my sunshine -- respondi, segurando sua mão gentilmente. Queria que ela sentisse não apenas o amor que eu tinha por ela, mas também a vontade de fazer cada momento nosso contar, de tornar seus sonhos realidade, mesmo que de uma forma simbólica.

Ela olhou ao redor, absorvendo cada detalhe: a Torre Eiffel em miniatura, as toalhas de mesa xadrez que lembravam os cafés parisienses, a música ambiente suave que trazia as melodias das ruas da cidade luz. Um sorriso genuíno se formou em seus lábios, aquele sorriso que tinha o poder de iluminar qualquer escuridão.

-- Isso é incrível, Ariana. Eu... eu nem sei como agradecer -- ela disse, se virando para mim, os olhos brilhando com lágrimas de felicidade.

-- Você não precisa agradecer. Ver você feliz assim já é mais do que suficiente para mim -- afirmei, sentindo meu próprio coração se aquecer ao ver sua reação. Era um lembrete de que, apesar das circunstâncias, ainda podíamos criar momentos de alegria e beleza.

Passamos horas "em Paris", conversando, rindo e até mesmo planejando viagens imaginárias para outros lugares que S/n sonhava em visitar. Naquela noite, Paris não foi apenas um destino de viagem, mas um símbolo de esperança, amor e da promessa de que, não importa o que acontecesse, sempre encontraríamos maneiras de viver nossos sonhos, juntas.

A tristeza e a dor podem ter marcado nossos dias, mas naquela sala transformada, naquele pedaço de tempo suspenso, reafirmamos a força do nosso vínculo, a determinação de enfrentar juntas cada desafio. E, acima de tudo, celebramos a capacidade de sonhar, de acreditar, de amar, mesmo quando as sombras ameaçam nos envolver.

My Eternal Sunshine (Ariana/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora